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Entrevista com Ramon Reis | Projeto Desintoxica SP
Com determinação por mês, Ramon Reis auxilia mais de cem pacientes sem teto Credito: Divulgação |
Por: Tâmara Oliveira Santana
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Com apenas 27 anos o acupunturista Ramon Reis, tem chamado atenção com a medicina tradicional chinesa, acupuntura, e trata dependentes químicos em situação de rua na cidade de São Paulo.
Com semblante sereno, mas agitado por natureza, Ramon nos cedeu gentilmente seu corrido tempo, antes de ir para um “mini break” repor as energias.
O vivaz acupunturista nos conta o motivo da criação do Desintoxica SP, os planos para o futuro, a preocupação com os profissionais da área da saúde que não se cuidam e outros temas.
PSS- Como de repente surgiu a ideia? Você tinha ou tem algum parente/ amigo dependente químico que tenha te impressionado e o levado a criar o Desintoxica SP?
RR- Trabalhei em hospitais psiquiátricos durante cinco anos e constantemente recebia indicações de médicos para tratar dependentes de crack e cocaína. Muitas vezes vi colegas médicos persistirem no tratamento com remédios fortíssimos. Um dia questionei um desses médicos, e dai ele falou que se eu quisesse mostrar serviço com a acupuntura que fosse trabalhar na Cracolândia (região no centro de São Paulo onde se há uma grande concentração de dependentes químicos). Desse dia em diante ficou na minha mente a vontade de levar a acupuntura para as ruas da capital de São Paulo.
PSS- Qual sua formação?
RR- Sou acupunturista formado em três diferentes instituições.
PSS- Como foi colocar o projeto Desintoxica SP em pratica?
RR- Pois é, não é só apenas ter a ideia, a boa vontade, eu tinha que ter um espaço para começar a tratar os pacientes, procurei a Casa de Oração no bairro da Luz que oferece apoio e diversas atividades para a população de rua. Desde o início a Casa de Oração acreditou no projeto Desintoxica SP, estamos lá até hoje.
PSS- Logo quando abriu o ambulatório os pacientes aderiram ao conceito da acupuntura naturalmente ou você teve que ter todo um processo em captar pessoas para as sessões?
RR- Sim, demorou um tempo para que as pessoas entendessem o que era acupuntura e sua eficácia, elas foram chegando aos poucos.
PSS- Quantas sessões são necessárias para começar a surtir o efeito das “agulhas”/acupuntura no caso de dependência química ?
RR- Em média 15 sessões, em dois meses temos um bom resultado.
PSS- Há dois anos você desenvolve sozinho o “Desintoxica SP”, algum apoio financeiro da prefeitura de São Paulo e/ou instituições privadas?
RR- Comecei com a “cara e a coragem” sozinho mesmo, sem nenhum apoio financeiro nem público ou privado. Depois da insistência de algumas pessoas que conhecem o projeto, lancei a campanha no catarse para arrecadar dinheiro para insumos de saúde.
PSS- Qual o horário de funcionamento do “Desintoxica SP”? Para o paciente ser atendido é só chegar no horário de atendimento ou ele passa por uma triagem para ver o grau de necessidade?
RR- Há uma triagem, os casos mais graves, claro tem prioridade. Atendemos todas as terças–feiras das 8h às 12h.
PSS- E a mãe do acupunturista Ramon está orgulhosa do filho?
RR- Está sim. Ela me chama de “peito de aço” (risos).
PSS- “Peito de aço”?
RR- Porque encaro os desafios da vida sem medo algum, com discernimento.
PSS- O Ramon “mãos de agulhas que curam”, está no momento se preparando para dar uma “espairada”, o local onde o Ramon vai descansar é no Brasil ou exterior?
RR- No meio do mato, do verde, escutando o canto dos pássaros. Muitos profissionais da área de saúde estão tão preocupados em cuidarem do próximo que muitas vezes esquecem de cuidar de si mesmos, a pausa é necessária para repor as energias.
PPS- Obrigada!
RR- Gratidão.
Para quem se interessou no Projeto Desintoxica SP e quer colaborar com a campanha das agulhas: https://www.catarse.me/desintoxicasp
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Comentários
Nobre colega Tâmara,
ResponderEliminarUm belo exemplo a ser seguido. Parabéns Ramos Reis por essa iniciativa. Parabéns Tâmara pela divulgação.
Uma pena que a música “O Careta” por problemas judiciais foi excluída da discografia de Roberto Carlos e não mais é executada, pois é um hino ao combate ao uso de drogas.
“Droga quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas
Droga
Por tudo, por nada e porque
Nadar nessa praia pra que?
A vida oferece outras coisas” (O Careta – 1987)
Um forte abraço
C.Marley obrigada pelas palavras!
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