Gigantismo: especialista apresenta 5 curiosidades sobre a doença

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Neurocirurgião explica a patologia que causa o distúrbio de crescimento 

São Paulo, setembro de 2019 – O gigantismo é uma doença rara que pode ter início no nascimento, ou surgir já na idade adulta, entre 30 e 50 anos, passando a se chamar acromegalia. Mas ambas as condições se caracterizam por uma produção exacerbada do hormônio do crescimento (GH), fazendo com que o corpo cresça, em partes ou órgãos.

“A doença atinge uma minoria, e as pessoas que sofrem dessa patologia podem alcançar até 2,75m de altura. O gigantismo pode ser diagnosticado por exames de sangue que analisam a quantidade de hormônios e tomografia para verificar se há um tumor, o que gera a alteração hormonal”, explica o Dr. Mariano Ebram Fiore, neurocirurgião e membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). 

Conheça 5 fatos sobre a doença

Ela é causada por uma alteração na hipófise e na maioria dos casos, por um tumor benigno.

É neste local do cérebro onde o hormônio do crescimento é fabricado, por isso a base do tratamento será reduzi-lo por meio cirúrgico, de radiação ou medicamentos, dependendo do caso.

Na maioria dos casos, cerca de 98%, esse aumento do GH é provocado por um tumor na hipófise não canceroso (benigno). Por isso, fique atento aos outros sintomas que podem surgir como dores de cabeça, problemas de visão ou diminuição do desejo sexual. 

“Alguns tumores raros no pâncreas e pulmões também podem produzir hormônios que estimulam a hipófise e quantidades excessivas do hormônio do crescimento, por isso a indicação é sempre investigar com o médico”, explica o especialista.

Na neurocirurgia, é possível fazer a retirada do tumor como uma das formas de tratamento.

Quando os tumores medem menos de 1 cm, o índice de cura chega até a 90%. Mas, com o aumento, esse fator cai para menos de 50%. Por isso, um dos tratamentos mais indicados para a doença é a cirurgia, e se mesmo após o procedimento os níveis hormonais não voltarem ao normal, será necessário manter um tratamento complementar com medicamentos. Além disso, uma lesão irreversível no tecido hipofisiário pode exigir uma reposição hormonal durante toda a vida.

O Dr. Mariano afirma ainda que a radioterapia também pode ser uma boa opção quando ele não pode ser removido cirurgicamente ou quando a cirurgia e o tratamento clínico não apresentam resultados.

Os órgãos costumam ser maiores do que o normal.

O coração, fígado, rins, baço e pâncreas são os órgãos que podem ser maiores do que o normal e isso pode resultar em complicações para a saúde. Além disso, as doenças cardíacas e hipertensão acometem cerca de 1/3 dos indivíduos portadores do gigantismo e eles tem o dobro de risco de morte em decorrência disso.

“Alguns fatores do cotidiano podem indicar que você é portador da doença como ter mãos, pés e lábios maiores que o normal ou traços grosseiros no rosto, sentir formigamento nas mãos e pés, excesso de glicose no sangue, dor e inchaço nas articulações, cansaço excessivo e mau-humor exagerado”, comenta o Dr. Mariano Ebram Fiore.

As crianças desenvolvem uma grande estatura e os adultos deformidade nos ossos.

Além disso, mudanças na aparência física como alargamento da região frontal e da testa, queixo (prognatismo), espaço entre os dentes (má oclusão dentária) e possível perda dos mesmos, aumento do tórax, nariz e genitais, sugerem o problema. O médico diz que isso acontece por causa do espessamento da pele, que pode se tornar oleosa e propensa à acne e também pode ocorrer uma sudorese abundante. “Alterações respiratórias, cardiovasculares, gastrintestinais, metabólico-endócrinas, músculo-esqueléticas, neurológicas e oftálmicas também podem acometer os enfermos” explica o neurocirurgião.

A doença tem um prognóstico ruim.

Pessoas com gigantismo ou acromegalia têm um risco aumentado para câncer, alteração da tolerância à glicose e, consequentemente, ao diabetes. Nos homens pode ocorrer disfunção erétil e nas mulheres irregularidades menstruais ou amenorreia. Mas, no geral, um fator em comum é observado: “as taxas de mortalidade são altas em pessoas não tratadas, devido às complicações que podem surgir”, conclui.

Dr. Mariano Ebram Fiore é neurocirurgião, Membro Titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), com Fellowship em Cirurgia Craniana Minimamente Invasiva pela Ohio State University e fellowship em Neurocirurgia pelo Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, atua em alguns dos principais hospitais de São Paulo, como o Hospital Sírio Libanês, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hospital Oswaldo Cruz, Hospital São Luiz Rede D'or e também em São José dos Campos e Taubaté.

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