A Amazônia volta a ser notícia; e o motivo é vergonhoso

DO TEXTO:

Por: Magno Botelho*

A Amazônia voltou a ser notícia no Brasil e no exterior. E mais uma vez, o motivo é vergonhoso: o desmatamento, que havia diminuído, voltou a crescer.

Sim, a Amazônia já sofreu com ritmos maiores de destruição. Tivemos um recorde em 1995, com quase 30.000 km2 de floresta destruída. Outro pico vergonhoso foi atingido em 2004, com área desmatada superando os 25.000 km2. Mas o ritmo vinha desacelerando fortemente, de modo que em 2012 a área desmatada ficou abaixo dos 5.000 km2.

Mas o desmatamento, que vinha em tendência de queda e ultimamente de estabilização, voltou a crescer. E quando o desmatamento ocorre, inevitavelmente as queimadas se seguem. Por que essa associação?

Nesse cenário, as queimadas fazem parte da logística do desmatamento: as árvores de maior valor comercial são retiradas e as demais são removidas com o famigerado “correntão”.

Após isso, o fogo é ateado e o capim toma conta, transformando a antiga floresta num pasto para pecuária extensiva de baixa produtividade. Isso no melhor dos cenários, pois muitas vezes a área fica relegada ao abandono.

Os impactos principais têm importância global e regional. Global, porque a floresta amazônica é um enorme reservatório de carbono. Ou seja, cada vez que desmatamos, enviamos enormes quantidades de dióxido de carbono para a atmosfera. E o dióxido de carbono é um gás de efeito estufa. Assim, contribuímos ainda mais para acelerar o aquecimento global.

Em nível regional, sabemos que a floresta amazônica evapotranspira boa parte da água que se desloca na forma de vapor e se precipita na forma de chuvas na região Sudeste.

Para cada árvore cortada, diminuímos a força de um dos principais motores hidrológicos que impulsionam as chuvas da região mais densamente habitada do país. E os impactos dessa diminuição são óbvios.

Desta forma, fica evidente o enorme valor que a região tem enquanto a floresta estiver preservada. Precisamos com urgência reverter essa tendência de destruição e conservar o nosso maior patrimônio natural.

Não deviam ser os europeus os maiores interessados na preservação da Amazônia. Nós brasileiros que deveríamos assumir essa posição.

*Magno Botelho Castelo Branco é Biólogo, doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos, professor de Meio Ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Conselheiro da OSCIP Iniciativa Verde e do CADES-SP (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento).

Sobre o Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie está entre as 100 melhores instituições de ensino da América Latina, segunda a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação.

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