O fadista Miguel Xavier apresenta álbum homónimo no dia 26 de Novembro no Teatro Villaret em Lisboa

DO TEXTO: fadista Miguel Xavier

CONVITE

Miguel Xavier apresenta o seu álbum homónimo no dia 26 de Novembro às 21h30 no Teatro Villaret.

A acompanhá-lo estarão Miguel Amaral na guitarra portuguesa, André Teixeira na viola de fado e Filipe Teixeira no contrabaixo.

O Fado. Tão quotidianamente urbano. Simples. Popular. Mas misteriosamente encantatório. Assim o trazemos. Fiel ao seu nascimento. Mesmo quando alguma erudição teima em se intrometer na escrita. Das palavras ou das notas.

Ele que vai nascendo, aqui e ali, sem se saber porquê. Na voz daqueles que, como uma característica genética, libertam as palavras mágicas do feitiço que se instala quando a luz fica mais ténue e o canto se entranha na pele de cada um que o ouve.

Miguel Xavier não nasceu em Lisboa. Nunca ninguém o ensinou a cantar. Simplesmente canta como se, para alem do Fado, mais nenhuma música existisse. Como se todas as músicas fossem só esta. É. Será sempre, cante o que cantar. Foi sempre. Fadista. Desde a primeira vez que cantou. Talvez desde que nasceu.

Hoje trazemos o repertório do seu primeiro disco que aqui se estreia. Trazemos o movimento e os sons da urbe. Trazemos o sonho. A noite. O amanhecer. O sofrimento. A cura.

Trazemos o Fado. Que não se explica. E nos leva ao mundo dos sentidos. Respira-se como quem vive. Ouve-se como quem sente.

É de uma importância extrema que um fadista consiga transmitir a autenticidade do fado, a sua linguagem e ambiente musical quando canta os fados tradicionais, os clássicos e mesmo as novas composições. Hoje, infelizmente, isso é cada vez mais raro.
Por isso aproveitem. E ouçam-no. O Miguel Xavier tem essa característica única, apesar de ainda tão novo.
Camané

Miguel Xavier licença para cantar
Dizem-me que, de muito pequenino, se esticava na cama ao lado da avó, um transístor sintonizado para uma rádio fado, pousado entre os dois. O Miguel Xavier aprendia, literalmente, todos os fados.
Quando o Miguel Amaral me levou a ouvi-lo, ele teria 19 anos. Fiquei tão siderado como quando ouvi o Camané então mais ou menos da mesma idade. Haverá quem “nasça para o fado” ou quem por lá viva, apanhando-lhe jeitos e tiques, mas o que reacende a identificação de uma voz que só pode e só deve ser do Fado é aquela flexibilidade melódica e aquele pouco de ar que mal se sente no som, mas que marca a diferença entre os melismas do Fado, seus estilos e variações, e os do Cante Flamenco, por exemplo. Muito boas vozes não conseguem nunca produzir a diferença que este som tem.
Miguel Xavier canta quase hirto, hierático, concentrado, sem gestos nem jeitos nem sinais de legitimação marialva, bairrista ou fadisteira. É apenas um músico integral. Nem fusões, nem infusões, nem vícios. Canta maravilhosamente e está só, por dentro daquilo que canta. Basta comparar o trecho de Alexandre O’Neill / Filipe Teixeira (produzido na melhor tradição daquele fado que Amália literou e revolucionou) com o clássico “Velhinho Fado Menor” (com versos da discreta Maria Manuel Cid) para confirmar o seu profundo conhecimento e autenticidade. São coisas que fazem do Fado a sina de alguns. São esses os poucos que cantem o que cantem, cantam sempre de algum modo Fado, ou que quando cantam Fado o exponenciam e elevam.
À volta de Miguel Xavier está uma espécie de “família” mais ou menos local que, sob a liderança de Miguel Amaral, se desdobra em escritores de fados de primeira água: Mário Laginha, Luís Figueiredo, Filipe Teixeira, André Teixeira e Marco Oliveira por exemplo. É isso que ajuda a fazer do disco de MX um dos mais belos discos de Fado dos últimos tempos.
A criança, nas suas sestas com a avó, nunca sonhou ter uma missão. Cresceu apenas para aquele lugar suave e ético que é a Arte.
Ricardo Pais

Miguel Xavier - Amor e Saudade

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