Artista paulistano usa técnica pouco conhecida no Brasil

DO TEXTO:
Com 21 anos de carreira, Olimpio Franco usa uma técnica pouco conhecida no Brasil, a Assemblage (foto: Matheus Urenha / A Cidade)

Com 21 anos de carreira, Olimpio Franco usa técnica a Assemblage, que usa objetos inusitados como tijolo, carvão, vidro e plástico

ACidadeON/Ribeirao

Surgida no século XX com o francês Jean Dubuffet, a técnica Assemblage, ou Assemblagem, se define pelas colagens com objetos e materiais tridimensionais, rompendo o limite da pintura e criando uma junção dela com a escultura.  

Pouco conhecida no Brasil e muito admirada na Europa, Ribeirão Preto tem como representante da técnica o artista paulistano, radicado na cidade, Olimpio Franco, que há 21 anos concilia com o trabalho de administrador de imóveis o fazer artístico. Ele a define a Assemblage como futurística, conceitual e vanguardista.  

Visando a destruição, o caos do mundo e o fim dos tempos, as obras de Olimpio são compostas por objetos inusitados, como tijolos, vidros, correntes, arames farpados, pregos, entre outros. A técnica o interessou desde o começo por ter correspondido com sua personalidade que sempre foi, segundo ele, "de luto com o mundo".  

Interessado pela cor preta, que representa o mundo e pelos acontecimentos dos tempos, Olimpio viu nesta arte a oportunidade de se expressar.  

"[...] Eu quero passar essa imagem de destruição, mas não é porque eu passo essa imagem que eu goste da destruição. Eu passo essa imagem para acordar o ser humano. Em todo lugar estamos vivendo uma época difícil e, infelizmente, meio bélica", explica o artista. 

Conquistando espaço  

O interesse pelas artes veio aos 21 anos, quando passou em três vestibulares: a Faculdade de Belas Artes de São Paulo, onde cursou o primeiro e o segundo semestre em 1997, a FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), onde passou no mesmo ano, mas não cursou, e a Faculdade Paulista de Artes, no ano de 2002, onde cursou o primeiro semestre.  

Mesmo sem nenhuma formação nas instituições, o tempo passado foi suficiente para que ele não abandonasse os estudos pelas artes, e assim se formou pela Academia Brasileira de Artes no curso de Artes Plásticas, em 1999, onde recebeu nota máxima.  

As experiências vieram com a vivência do dia a dia em tentar ganhar espaço no meio artístico. Olimpio começou expondo em lojas de molduras para obras de arte. Dessa forma passou a expor em diversos lugares, chegando a realizar 30 exposições em 15 dias. Participando de livros, anuários, catálogos e folders relacionados às artes plásticas e visuais, foi adquirindo experiência e reconhecimento.  

"Isso para mim é uma satisfação muito grande, eu cresci muito rápido e isso reflete nas obras. Elas não só vão melhorando na parte técnica, como vão tendo uma boa saída no mercado [de exposições]", comenta. (Bruna Zanatto, com supervisão de Angelo Davanço) Produção  

Com 400 obras realizadas que envolvem participações em salões, exposições coletivas, individuais, nacionais e internacionais, o artista participou de mais de 200 exposições, sendo 11 internacionais, passando por países como Espanha, Portugal, Alemanha, França, Chile, Uruguai, Líbano e Emirados Árabes Unidos.  As seis medalhas e premiações internacionais complementam o currículo, além da premiação de primeiro lugar na 5ª Bienal de Roma, em 2004. Mesmo com as dificuldades e a falta de valorização da arte no país, que segundo Olimpio provém de um comportamento cultural, ele ainda acredita que é possível mantê-la viva e conseguir resultados através da fidelidade naquilo que se acredita.  "Como diria nosso velho Ayrton Senna, tem que ter determinação, fé em Deus e muito trabalho. Acreditar em si próprio e colocar a mão na massa, não ter medo do futuro", conclui. 


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