“Não queria fazer cover da Jovem Guarda”, diz Dudu Braga, filho de Roberto Carlos

DO TEXTO:

Bruno Félix

Músico falou ao POPULAR sobre lançamento de primeiro disco do projeto que resgata fase roqueira do Rei do Iê-iê-iê 

Como foi o processo de seleção das canções?
Eu queria fazer um projeto virgem mesmo. O pessoal da banda não conhecia profundamente nada de Roberto Carlos. Convidei o Alex Capella, que é meu amigo há mais de 20 anos, e com quem eu formei uma banda cover de clássicos do rock. Fiz uma playlist de 40 músicas, escolhi 25 faixas e passei a seleção para os músicos para que eles escutassem e tocassem aquilo que eles gostassem para ficar com cara do metal. Foi uma escolha bastante democrática.

O maior desafio foi escolher a faixa que o Roberto cantaria?
Eu achei que seria difícil, mas não foi, já que teria uma divisão de vocal na música e a gente queria uma atitude de rock’n’roll na faixa. O paizão tocou três vezes com nossa banda, sempre canja. Perguntei para ele qual letra ele lembrava e ele falou Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo, só que quando fomos fazer a seleção ela ficou de fora. Mostrei para ele Se Você Pensa e ele adorou e aprovou na hora porque ela tem uma pegada roqueira, mesmo com um recado agressivo.

Como foi gravar com o Roberto Carlos?
Gravei de fralda porque eu sei do profissionalismo dele e do nível de exigência que ele tem com as músicas e com quem trabalha musicalmente com ele. Existia uma questão pessoal de eu não querer tirar proveito de ser filho dele para ele estar no projeto. Foi recompensador ver que ele gostou de trabalhar com o filho e do resultado, tanto que ele não mexeu em absolutamente nada. A nossa proposta era bateria, baixo e guitarra e tivemos a aprovação dele.

Qual foi o grande desafio na produção, já que as músicas do Roberto na voz dele estão muito no inconsciente de todos?
A ideia era o metal mesmo, tanto que convidamos o Andreas Kisser do Sepultura para o projeto. Não queria fazer cover da Jovem Guarda. A gente trouxe as faixas para um universo mais atual, que é a sonoridade que curtimos. Agora uma coisa que respeitamos e sei que meu pai gosta é a linha melódica da música. Não é uma crítica, mas tem pessoas que fazem versões e mudam completamente a melodia. A gente colocou peso, mas a parte do canto se manteve.

Participam do projeto, além de seu pai, os cantores Toni Garrido, Digão, Rogério Flausino e o guitarrista Andreas Kisser. Como foi o processo de seleção dos convidados?
O Toni participou do programa do Serginho Groisman há dois anos e cantou com a gente a faixa As Curvas da Estrada de Santos e naquele dia falamos que ele participaria do nosso DVD. O Digão é aquela coisa do Raimundos e eu tenho uma influência muito grande do punk rock. Ele deu exatamente essa leitura para Esse Cara Sou Eu. O Rogério tem essa pegada black/soul/funk do Jota Quest. O Andreas dispensa comentários, toca demais e trouxe uma potência muito grande.

Como nasceu a banda RC na Veia?
A banda surgiu das minhas palestras. Eu encerrava o bate-papo tocando É Preciso Saber Viver e numa oportunidade convidei o Alex Capella para tocar comigo e ele falou para a gente fazer sete faixas. O resultado foi tão bom que decidimos fazer um show inteiro. Pouco tempo depois, convidamos meu pai para participar e o projeto foi ganhando corpo e tamanho. Foi algo que aconteceu naturalmente, não tínhamos pretensão nenhuma de gravar disco e DVD.

Como surgiu sua paixão pela bateria?
Toco bateria desde os 7 anos de idade. Foi uma paixão que surgiu acompanhando o Dedé, baterista que toca na banda do meu pai de quem sou muito fã. Eu ficava nos shows do Roberto Carlos no fundo e ficava doido com o talento dele. Fiz algumas aulas depois, meus pais se separaram e fui morar em um apartamento e não dava mais para tocar por conta do espaço e do barulho. Mais tarde voltei, perdi minha visão aos 23 anos e nunca mais abandonei o instrumento.

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