XI Congresso da UMEAL (União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos) sob o tema “Macau 2017: Medicina e Criatividade” - de 1 a 4 de novembro em Macau - China

DO TEXTO:

“É preciso haver uma mente criativa para haver inovação [científica]”

O XI Congresso da UMEAL – União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos tem início esta semana no território e integra no programa exposições e palestras. Sob o tema “Macau 2017: Medicina e Criatividade”, o propósito é esclarecer o público sobre a relação que existe entre a Medicina, a Arte e a criatividade.


Joana Figueira


Nem sempre a ligação entre a Medicina e a Arte é feita de forma imediata, mas a verdade é que a pluralidade criativa dos homens e das mulheres da Ciência tem invadido as mesas de debate, sendo cada vez mais discutida uma relação que se pode assumir de complementaridade. O XI Congresso da UMEAL – União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos – este ano designado “Macau 2017: Medicina e Criatividade”, propõe-se discutir a importância da criatividade na actividade médico-científica, bem como mostrar as capacidades literárias e artísticas de um grupo profissional que procura na Arte uma forma alternativa de realização pessoal.

A iniciativa arranca amanhã e o programa da UMEAL, entidade que congrega médicos que falam a língua portuguesa –  de associações médicas de países como Portugal, o Brasil e Moçambique – abarca três exposições e palestras de profissionais do sector da saúde. Juntam-se  aos médicos dois criativos de Macau, o artista Alexandre Marreiros e o cartoonista Rodrigo de Matos, que vão falar sobre “o hospital como fonte de inspiração artística” e o processo criativo, respectivamente, revelou Shee Va, médico e presidente da comissão organizadora, ao PONTO FINAL.

A Fundação Rui Cunha recebe amanhã a inauguração da primeira das diversas actividades agendadas, a mostra “A Arte na Relação Médico-Doente”, pelas 17h30. Aqui, incluem-se trabalhos de Macau, Portugal e Brasil, mas para além das obras dos médicos feito artistas importa sublinhar a relação médico-doente com a representação da Associação de Autismo de Macau (AAM) na mesma exposição, que decorre até Domingo.

Pintura e cartazes sobre a doença servirão de apelo à sociedade para uma melhor compreensão e convivência com o mundo dos autistas: “Os doentes estarão representados nesta mostra de arte, pois para estes a arte não só é fundamental para a edificação do seu bem-estar mas também para a sua integração familiar e social”, explica a Fundação Rui Cunha no seu portal electrónico.

No Albergue SCM estarão representados médicos e enfermeiros locais com pintura chinesa, caligrafia, fotografia e a porcelana de Arlinda Frota. A cerimónia de inauguração de “uma mostra variada, reflexo da diversidade de pensares e modo de estar das várias comunidades existentes em Macau” está marcada para as 18h30 também de amanhã. A exposição prolonga-se até ao dia 11 de Novembro e a organização é da Associação dos Médicos de Língua Portuguesa de Macau (AMLPM).

O Teatro Dom Pedro V vai acolher uma outra exposição, cuja abertura foi empurrada para Quinta-feira. Shee Va esclareceu que “é sobre trajes de ópera em material reciclado, isto para divulgar a ópera e para chamar a atenção para o desperdício de material que existe em Macau”. A mostra fica igualmente patente ao público até ao dia 11 do próximo mês.

Os detalhes do programa, em particular os das palestras, serão divulgados na totalidade amanhã, na Fundação Rui Cunha.

A UMEAL foi fundada em 1992 e integra a Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos – SOPEAM, a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores SOBRAMES e Associação Moçambicana de Escritores e Artistas Médicos – AMEAM.



A MEDICINA É CIÊNCIA E A CRIATIVIDADE É ARTE?

“O que é que tem a Ciência a ver com a Arte? Existe muita coisa em comum porque é necessário haver criatividade para haver inovação”, explicou Shee Va ao PONTO FINAL. De acordo com o médico, sabe-se que a criatividade relaciona-se com mecanismos de funcionamento do cérebro e as ligações entre o córtex, considerado responsável por grande parte das manifestações humanas, e os dois hemisférios, direito e esquerdo: um ligado à lógica, racionalidade ou sequências e o outro com características mais criativas e emocionais.

“Fala-se muito, hoje, no pensamento diversificado porque o pensamento diversificado é que vai arranjar soluções para problemas concretos. Essas soluções poderão não ser as esperadas, mas as soluções não esperadas são muitas das vezes as mais satisfatórias. E é nessa mente criativa que vai residir essa resolução de soluções; e também na inovação, porque é através da inovação que se consegue o progresso das ciências”, referiu Shee Va, também ele ligado ao universo da escrita.

O médico – nascido em Moçambique e filho de pais chineses –, destacou que existem actualmente muitas escolas de medicina que “têm uma cadeira de humanismo que faz com que as pessoas tomem mais em consideração a inspecção e a análise”: Nomeadamente as visitas aos museus servem para isso: para as pessoas analisarem os quadros e, a partir daí, analisarem os doentes. Cada doente é um doente. [É necessário] tratar individualmente a doença”, explica o clínica.

Esta acepção transporta-nos a uma outra área da Medicina: a Medicina Narrativa e a sua pertinência na prática clínica. Rita Charon impulsionou este ramo e criou, em 2008, na Universidade de Columbia, um mestrado de Medicina Narrativa por considerar que “quando tratamos dos nossos doentes, reforçamos a nossa prática através de técnicas que nos permitem saber o que fazer com as histórias que eles nos contam”, disse em entrevista ao jornal português Público.

Em termos práticos, Shee Va explicou que, desta forma, “consegue-se criar médicos mais humanos, isto é, que tentam solucionar o problema especificamente do doente porque uma diabetes naquele doente é diferente da de um outro doente que tenha também uma diabetes, isto é, é um tratamento mais personalizado”.

O médico estabelece ainda uma outra ligação entre a Medicina e a Arte, que é a utilização da última no tratamento dos doentes: “Através da Arte pode-se comunicar e a comunicação pode ser feita através da pintura, da dança, da música… Tem benefícios para os doentes e representa outras formas de tratamento que não o medicamento”, disse, apontando que é esta relação de complementaridade que se torna benéfica.

In
pontofinalmacau.wordpress.com
--------------------------------------------
 
Vídeo promocional da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SOBRAMES produzido especialmente para o XI Congresso UMEAL - União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos, realizado de 1 a 4 de novembro em Macau - China.


SOBRAMES Gestão 2017-2018
 
 

POSTS RELACIONADOS:
Enviar um comentário

Comentários