No auge do Jovem Guarda, Erasmo Carlos e outros cantores do programa eram frequentemente convidados para cantar em festas grã-finas em São Paulo. E, invariavelmente, todos eles saíam de lá frustrados por se sentirem vítimas de preconceito. Era só chegar, dizer boa noite e já punham um violão na mão da gente. Mas, na hora que um de nós se interessava pela filha da dona da casa, já não servia mais porque não tínhamos sobrenome, não tínhamos estudo, não tínhamos maneiras finas. Na mesa eu não sabia qual era o talher usado para comer peixe, e uma porção de coisas assim", afirma Erasmo, que, na época, mais radical do que os outros, gostava mesmo era de comer de colher em prato fundo. E o Tremendão foi ficando indignado com este "ponha-se no seu lugar", detestando representar como artista a versão moderna do bobo da corte. "Fiquei com um trauma tão grande que logo parei de cantar nesse tipo de festa", afirma.
Indagado por que colecionar uma série de automóveis que ele nem tinha tempo de usar, Roberto Carlos respondeu na época: "Eu apenas procuro recompensar as coisas que não tive durante a minha infância de menino pobre em Cachoeiro do Itapemirim".
Ele, Roberto Carlos, se preocupava com a realização de um campeonato de tiro ao pombo no Paraná. O artista ficou profundamente irritado ao saber que na época aproximadamente 27 mil aves foram abatidas em nome do esporte brasileiro. "Por favor, não deixem mais aves morrerem. Minha intenção não é apenas protestar, se pudesse teria impedido a morte dessas aves do Paraná. Como infelizmente não tenho poder para isso só me resta pedir às pessoas e às sociedades protetoras de animais que se unam para impedir que coisas desse tipo voltem a ocorrer. Não permitam que inocentes bichos sirvam de alvo para desportistas insensíveis. Convençam essa gente a trocar as medalhas e os troféus pelo amor à natureza."
Andando pela calçada numa rua lateral do lado direito de quem sobe para o hotel Hilton, já quase escurecendo, Mauro Motta e Evandro Ribeiro viram um homem parado sozinho à beira da calçada olhando para o céu. "Era um homem com uma expressão de muita dor e tristeza. Eu não identifiquei imediatamente quem era, mas aquela máscara de dor me chamou tanto a atenção que eu parei a dois metros de distância e fiquei olhando para ele. O homem estava impávido, sozinho, com o olhar perdido no céu e com uma expressão de muita angústia", lembra Mauro Motta. O homem que tanto o impressionou - e que Evandro Ribeiro identificaria para ele - era o exilado brasileiro Leonel Brizola, àquela altura há quase quinze anos longe do Brasil. "Aquilo me marcou tão profundamente que eu vibrei quando Brizola voltou do exílio e se elegeu governador do Rio de Janeiro, em 1982. Tudo por causa desse momento de tristeza e solidão que presenciei em Nova York", afirma Mauro Motta.
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Roberto Carlos em Ritmo de Abetura - Jovem GuardaComentários
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