Músicos celebram e comentam os 50 anos da Jovem Guarda

DO TEXTO:

Rock suave. Letras românticas e descontraídas. Público de jovens e adolescentes. Esses eram os principais ingredientes do programa da TV Record que estreou em 22 de agosto de 1965 chamado Jovem Guarda.

 De uma simples atração televisiva comandada por nada mais nada menos que Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo Carlos, nasceu um movimento musical e cultural que até os dias de hoje ecoa influências no país e no mundo. 

E foi no último sábado que a "turma do iê-iê-iê" completou 50 anos de história. Para celebrar essa época, músicos da banda Seu Vinil fazem show hoje, às 17 horas, no B-23 (Shopping Bolevard).

 Festa e saudosismo

A banda Seu Vinil foi criada com a intenção de resgatar sucessos nacionais e internacionais dos anos 40 aos 80, e agora homenageia a Jovem Guarda. O grupo é formado pelos músicos Arthur de Aguiar (vocal e guitarra), Antônio Palma (vocal e teclado), José Carlos Coelho (vocal e contrabaixo) e Luís Gomes (bateria).

 No repertório, músicas que marcaram a época através de gravações de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Cely Campelo, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Renato & Seus Blue Caps, The Golden Boys, The Fevers, Leno & Lilian e outros.

 A ideia de fazer tal homenagem, como conta o vocalista e guitarrista Arthur de Aguiar, é suprir a carência de Salvador com relação a essa época. "Muitas pessoas sentem saudade das músicas, choram, cantam e dançam com a gente. E também tem muita garotada que escuta música da Jovem Guarda e não sabe.

 O ex-guitarrista da banda Raulzito e Os Panteras, Carlos Eládio, que se apresenta hoje, às 22 horas, no Red River Café, conta sobre a sua relação com o período da Jovem Guarda, que foi o mesmo de vários outros movimentos musicais no país. "Na verdade, nós não vivemos a Jovem Guarda, o que vivemos foi muito mais em virtude da convivência com os artistas da época do que de fato dentro do movimento", conta Eládio.

 Com músicas em inglês, Eládio fala que, apesar da influência da "turma do iê-iê-iê", o sentimento de mudança já estava presente junto com Raul Seixas: "Eu sempre achei que a Jovem Guarda foi algo complementar em nosso trabalho com Os Panteras, pois já vínhamos de um processo de mudança, tanto musical quanto social. Mas é claro que a JG mexeu com todos nós", diz.

 Um Iê-iê-iê realista

Apesar de aclamada pela juventude, a JG foi bastante criticada por músicos e intelectuais da época, quando estavam acontecendo diversos eventos sociopolíticos no país. Enquanto isto, a turma do iê-iê-iê cantava músicas dançantes e românticas.

 Segundo Carlos Eládio, uma frase de Raul Seixas resume bem a relação que eles tinham com a JG e os produtores da época: "Eles queriam que a gente fizesse um iê-iê-iê romântico, mas eu queria fazer um iê-iê-iê realista". E Eládio completa: "Não que o romantismo não fosse relevante, mas nós vivíamos uma realidade diferente em Salvador, não conseguíamos tocar em vários lugares e sentíamos essa exclusão, tanto que Raul disse isso em muitas de suas letras.

 Por conta do sucesso da Jovem Guarda, muitos artistas acabaram ficando sem espaços e oportunidades para tocar. Como conta o cantor d'Os Panteras, "o lado negativo era a falta de compreensão dos produtores, que não olhavam outros artistas.

 Jovialidade viva

 Uma das características e heranças da Jovem Guarda foi a grande presença do público jovem, como conta o músico Arthur: "O espírito da jovialidade da Jovem Guarda se mantém até hoje. As pessoas, que foram jovens, passaram para seus filhos e netos. Ela não caiu e nem vai cair", afirma.

 Em junho de 1968 o programa de TV saiu do ar e, na época, Roberto Carlos fez a seguinte declaração: "A Jovem Guarda não acabou só porque um programa com o seu nome saiu do ar. Isto não quer dizer que o movimento acabou. Jovem Guarda quer dizer renovação, porque é sinônimo de juventude… É como uma corrida de revezamento: um vai passando o bastão para o outro, só que esta corrida não tem fim, porque a juventude é eterna". E assim está sendo, como prova a Seu Vinil.

 Então, podem chegar de Lambreta, Fusca, Cadillac, óculos de gatinho, calça jeans, bota, vestido de bolinha, etc, pois a Jovem Guarda está viva.


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