Cristiana Águas. Uma entrevista sobre a vida e o fado

DO TEXTO:

Diz-nos que não tem projetos ou sonhos e que sempre foi assim. Só depois das coisas acontecerem é que se dá conta dos feitos que realiza. Cristiana Águas diz que a música sempre esteve presente na sua vida e que o Fado surge no seu caminho por volta dos 11 anos de idade. Neste seu primeiro disco, o elenco é enorme e de luxo. Com masterização de Mário Barreiros e produção de Pierre Aderne, o primeiro trabalho discográfico de Cristiana Águas conta com convidados como Dadi, Diego Vasallo, Léo Minax, Mú Carvalho, Ricardo Silveira, Jorge Hélder, Jurim Moreira, Paulo Mendonça, Gustavo Roriz, Nilson Dourado, Luís Guerreiro, Pedro Esteves, Luiz Caracol, Philippe Baden Powell, Mário Pacheco, Carlos Leitão, António Quintino, Lula Ribeiro, Pedro Moutinho, Cuca Roseta e Ney Matogrosso.

XpressingMusic (XM) – Cristiana, muito obrigado por nos dedicar um pouco do seu tempo. Quando se apercebeu de que a sua vida iria passar por uma carreira musical? A música e o fado, particularmente, sempre estiveram presentes na sua vida?
Cristiana Águas (CA) – Desde que me lembro de ser gente que a música esteve sempre presente. Não houve um único dia da minha vida que a música não estivesse presente. Já nasceu comigo, e ainda bem, pois acredito que se assim não fosse, seria menos feliz. E ainda não ciente disso, já cantarolava por casa em miniconcertos para a família. O fado aconteceu aos 11 anos de idade, num encontro entre aulas de canto e história de fado, e desde então que vivo abraçada ao fado.


XM – O aparecimento de Pierre Aderne foi algo importante para a Cristiana Águas? 
CA – Sem dúvida! A ideia do disco foi concebida pelo Pierre, que me desafiou a gravá-lo atravessando o atlântico, num cruzamento de fado com uma nova sonoridade e sem qualquer tipo de barreiras e preconceitos, pois o fado estaria sempre lá, presente no ADN de quem o cantava.

XM – Como caracteriza este seu disco?
CA – É um disco de uma fadista em nome próprio, com uma nova abordagem à alma de quem o canta. É um disco descritivo, de imagens. É também uma homenagem à minha terra natal e ao rio Sado. Diz muito de mim, e até me surpreendi ao conhecer esta Cristiana, Cristiana Águas. Como um renascer das Águas do rio Sado. Transporta-nos para um sonho não menos real. Fala da ingravidez do mundo, no seu presente e num futuro melhor, e o curioso e acaso do destino é que o disco foi gravado num estado meu de gravidez. Foi quase como ter gêmeos (risos).

XM – Representar Amália foi uma grande responsabilidade... Concorda?
CA – Foi incrível ver-me no papel da voz de Amália Rodrigues, uma grande responsabilidade, acrescida não só por se tratar da artista que encantou o mundo e levou o fado mais além, numa época difícil dos anos 60 e 70 onde não havia abertura, e que trouxe para o fado grande compositores como Alexandre O'Neill, Alain Oulman..., mas também por ser a minha grande e primeira referência no fado.

XM – Por falar nisso, quais as suas principais referências musicais?
CA – As minhas referências musicais são: Maximiano de Souza, Amália Rodrigues, António Variações, Gal costa, Vinicius, Tom Jobim...


XM – Pode agora dizer-nos quem foram os companheiros da Cristiana nesta caminhada inerente ao álbum?
CA – É um disco que contou com músicos, compositores de excelência, como Dadi, Diego Vasallo, Léo Minax, Mú Carvalho, Ricardo Silveira, Jorge Hélder, Jurim Moreira, Paulo Mendonça, Gustavo Roriz, Nilson Dourado, Luís Guerreiro, Pedro Esteves, Luiz Caracol, Philippe Baden Powell, Mário Pacheco, Carlos Leitão, António Quintino, Lula Ribeiro e Pierre Aderne. Com a participação especial em duetos com Pedro Moutinho, Cuca Roseta e Ney Matogrosso. O disco foi gravado entre Lisboa (Atlantic Blue Studios) e o Rio de Janeiro (Boogie Woogie Studios). A masterização foi do Mário Barreiros. O trabalho foi produzido por Pierre Aderne. As fotos de Alfredo Matos e de Sérgio Pagano... Com a parceria e apoio do Museu do Fado, TSF e Micaela Oliveira.

XM – Considera que o Fado vive atualmente um momento de ouro?
CA – Penso que sim. Depois que o fado foi considerado património imaterial da humanidade, talvez a maioria dos portugueses tenham vindo a olhar para ele (fado) com mais seriedade e respeito; pois lá fora já assim era visto. Depois, vivemos numa época em que não se tem tanto receio de arriscar, onde se cantam músicas acompanhadas à guitarra portuguesa, músicas essas que não são considerados fados tradicionais. Mas afinal o que é isso? O fado está na alma, na voz, na intensidade de sentimento e na entrega ao poema que se canta.

XM – Quais as próximas datas e locais a serem brindados com o seu espetáculo?
CA – Tenho várias datas agendadas para este novo ano que serão anunciadas em breve, nomeadamente na minha página oficial do Facebook - Cristiana Águas.

XM – O que espera de 2015?
CA – Para 2015 espero que haja saúde para ser feliz ao lado de minha família e uma boa continuação de espetáculos sempre com grandes surpresas do destino.

XM – Muito obrigado por este tempo que nos dedicou. Tem novos projetos para um futuro próximo que possa partilhar com os nossos leitores?
CA – Eu não tenho projetos ou sonhos. A sério! Sempre foi assim!! Só depois de os realizar é que me dou conta do acontecido. Quero continuar a fazer o meu percurso sem paralelismo num olhar com seriedade de empenho, fazendo sempre boa música.



 

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