O Beija da Flor: Uma Historia Não Necessariamente de Amor

DO TEXTO:




Por: Ana Elizabete Barbosa


E por todos os dias que seguiam como rotina, eu no meio, no meu meio caminho tu. Nessa linda tarde que o mar, apenas ele presenciou, assim sem esperar pelo sorriso que nunca a ninguém ofertou, revelou-se ali o reencontro, de tu o beija e do eu flor. Encantados foram os minutos que em meus desvarios projetava sua voz, até que me despertou a mesma suave canção, como se fadas cantassem, como se lua brilhasse ao meio dia ou mais, nada, nem mesmo a hora, ela, nem mesmo ela me importava. Chamava-me bela, naquele momento eu flor amarela, desejava o beijo do beija tão flor, do lindo colibri que me fez sentir, delírios de amor. Procurava o eu louco sempre por um jardim que fosse tão singelo, que fosse muito belo e que também fosse sincero, louco igual a mim. Que quisesse ser feliz, sem ao menos se preocupar, nem com o pensamento alheio, nem com o testemunho do mar, que importa ou não, se quiserem olhar, queria eu amor, tu de qualquer idade, que não tivesse nem mesmo um dó de maldade, que soubesse me compreender, hoje quero eu mais nada, simplismente ninguém, quero só mesmo alguém, que talvez, mas só talvez não seja você. E desde esse momento achei que ser flor era o que faria bonito o meu jardim, cultivei relvas, cativei borboletas, conquistei o beija flor, então veio o inverno e as lagartas se chegaram, comeram parte das minhas folhas, derrubaram minhas pétalas, e quase mataram minha planta, os casulos se prenderam a mim, derrubando as defesas estava eu assim tão debilitada, mas estava feliz. Pois o beija alimentava eu flor com seu amor de aprendiz. Enquanto durou o frio e a chuva as borboletas esperavam ansiosas pela abertura dos casulos, mas ele o beija-flor com sede de néctar, esse não soube esperar, não suportou a dor da metamorfose, foi-se o beija-flor. Quando abertos, os casulos, novas borboletas nasceram. E mesmo sem as asas do beija-flor a fulô voa a largos ventos, e assim alcança-o em seus pensamentos.

Mesmo que sopre esse vento assim pra distante a leste de mim, quem decide se segue atrás sou eu ou não sou você. Minhas pétalas já se renovaram e tu onde estavas que não viu? Oh, gira sol, pra colorir eu flor, pra colorir teus raios com a minha cor, pra iluminar o caminho da volta do pequeno beija-flor. Que agora passando pelo mundo real, em qualquer ponto de exclamação, para dizer que te sinto até mesmo quando não quero te desenho, mesmo sem querer e quando digo que não quero mais ainda te amo e fica difícil viver, até quando não é isso exatamente o que quero eu dizer. E quando me esquecer de eu poeta sem verso, terei você pra me lembrar, que ao escrever eu sofria, mas se os versos me faltaram é porque não sei mais chorar. É preciso alçar vôo, sem mesmo olhar o tempo, não dá pra ficar escolhendo o caminho, ele o vento sempre vai soprar o inverso. E desde quando precisa fazer sentido, se fizesse sentido não era amor, era plano.  E quando não puder mais me dizer que eu flor, sou importante pra você, cale-se você só precisa voar, não vai deixar de me contar segredos, porque não nesse plano, mas sempre te encontro, em minhas viagens de enganos, e enquanto souber rimar, vou eu nessa vida continuar dizendo e afirmando que mesmo sendo eu flor sem beija, não desisto dos meus planos. Um dia Colibri, quando eu flor não for mais pétala, nem mesmo tiver raiz, enfeitando jarro mesmo de barro em qualquer lugar por aí, sentirás meu perfume, mesmo sem querer, saberá que João de Barro, me pôs em qualquer jarro, por não saber me amar.

Porém o que não sabia o João é que ainda há esperanças, porque enquanto há fôlego há música e enquanto há música há amor, e amor não se acaba apenas dorme, ninado pela canção. E quanto os mistérios inavegáveis do meu coração esses insistiam em te ver, a alma me preparava para desistir, as pétalas já cansadas não admitiam seu vôo e tão somente reclamavam a sua volta, eu intimamente compreendia que você jamais voltaria, mas que podia eu perfume acompanhar o seu vôo. Que importa se você nunca vai ler o que eu lhe escrevo, nem todas as cartas de amor foram partilhadas a tempo de fazê-lo (o amor) sobreviver, um dia essas cartas serão lidas por alguém alheio a elas e talvez digam:

- Que bobos que foram.

Porém enquanto eu puder ser boba serei, enquanto tiver eu amor esse eu lhe darei, enquanto tudo fizer sentido, mesmo que  não seja, eu lhe direi esse amor, e mesmo quando pensarem que meu sorriso é de verdade prefiro eu que assim pense toda humanidade, afinal de que adiantaria saberem toda a verdade, essa dor dói apenas em mim e mesmo que eu flor não tenha esse dom de amor, pra me contar histórias na varanda, ainda me sobram às larvas que enfeitam a minha planta, se elas me sugam, talvez, se dói, me lembram  que estou viva, pois eu, fulô, da cidade distante de Puxinanã, não com os olhos te vejo, mas com os mesmos te desejo, com toda energia de amor, nessa fotossíntese que aproveito da luz dos olhos teus, da lembrança da última palavra, da palavra adeus. Bem sei eu que essa dor, tão banal, quase me foi fatal, me deixou tão Ana, tão livre, rão  presa, tão fel, nada me foi que essa palavra mais cruel. Mesmo assim me restou teu sorriso, tão singelo, tão cheio de cor, que a lembrança se nega a apagar, se nega a esquecer, se nega a dizer que bem sei eu Colibri, que mesmo que voe você, pra outro jardim, jamais ouvirá com tanto amor, o teu Ângelo singelo nome, teu lindo nome meu pequeno Beija-Flor.

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3 Comentários

Comentários

  1. muita emoção pra mim ser lembrada nesse blog de maravilhas, não tenho palavras para externar tamanha emoção,
    gratidão amigo Armindo Guimarães pela sensibilidade e carinho sou muito feliz em ter amigos assim especiais. super feliz. beijos e carinhos

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  2. Emocionada! Parabéns linda flor, uma nova flor do meu jardim...:0)

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