'Horizonte JK’, projeto em São Paulo: todas as 346 unidades vendidas
Thiago Herdy - O Globo
SÃO
PAULO - O cantor Roberto Carlos quer fazer fortuna com seus prédios azuis. Dois
anos depois de lançar o primeiro empreendimento imobiliário que leva sua
assinatura em São Paulo, o luxuoso home and office de 40 andares “Horizonte JK”,
no Itaim Bibi, o rei já tem na fila cinco novos empreendimentos — quatro deles
em terras paulistas e um em Aracaju.
No
mercado imobiliário, Roberto vive um momento lindo. Estão vendidas todas as 346
unidades do primeiro empreendimento da “Emoções Incorporadora”, que mantém em
sociedade com o amigo Ubirajara Guimarães, seu empresário Dody Sirena e o irmão
de Dody, Jaime Sirena. Liquidou tudo a R$ 18 mil o metro quadrado, confirmando
Valor Geral de Venda (VGV) de quase R$ 300 milhões.
—
O Roberto sempre falou que, se não fosse cantor, queria ser caminhoneiro ou
arquiteto — conta Jaime Sirena, que jura contar com a presença do cantor nas
reuniões mais importantes de discussão dos projetos arquitetônicos da firma
(outros profissionais que participaram dos projetos não confirmam a assiduidade
do rei).
Sirena
viaja o Brasil prospectando negócios e deixando a sociedade local em polvorosa
com a possibilidade de abrigar um empreendimento com a assinatura do cantor mais
popular do país. Foi assim recentemente em Natal e Salvador.
—
No início, parecia um devaneio, uma ideia passageira. Mas o Roberto foi
insistindo até o primeiro projeto sair — explica o empresário, que no fim deste
mês lança em Aracaju o “Horizonte Jardins”, que reúne num único edifício 136
apartamentos de hotel e 364 salas comerciais.
Além
do “Horizonte” — projeto voltado para as classes A e B — a Emoções finaliza
detalhes de uma segunda linha, focada em salas comerciais para a classe C, que
se chamará “Coletânea”. Uma casa também está sendo construída em Tamboré, na
Grande São Paulo.
Em
comum, todos os prédios trazem o predomínio da cor azul, tanto do lado de dentro
quanto do lado de fora. Está nos vidros e paredes da fachada. Em detalhes do
hall, sofás, almofadas, azulejos e quadros na parede. Nas imagens de propaganda
dos projetos, o GLOBO identificou tons de azul-marinho, azul-turquesa,
azul-piscina, azul-violeta, azul-cobalto e azul-royal.
—
O projeto tem que ter unidade, o que está dentro não pode ser divorciado do que
está fora. Mas tem que tomar cuidado para não ficar cansativo — admite o
arquiteto Jonas Birger, responsável pelo projeto de Aracaju.
Itamar
Berezin, arquiteto do “Horizonte JK” resume o dilema:
—
A proposta inicial do JK era fachada de vidro prateado, que reflete o céu e fica
bonito em dias de sol. Mas como ia fazer com a fachada cinza em dia nublado?
Inviável.
Pode
tirar o 13º andar?
Nos
negócios, não faltam as manias do músico mais supersticioso do Brasil. Tons de
marrom, roxo, lilás e preto são vetados nos empreendimentos, admite Jaime
Sirena. Evento de lançamento no mês de agosto é proibido. No dia 13, então, nem
se fala. Vai chamar a imprensa e mercado para conhecer um novo projeto? Que seja
em noite de lua cheia ou lua nova.
—
O Roberto já está até fazendo show no dia 13 — tenta contemporizar Sirena,
admitindo, logo em seguida, que o número é, de fato, um problema:
—
Tentamos tirar o 13º andar do Horizonte JK, mas a prefeitura não achou viável. É
um absurdo, porque nos Estados Unidos existem vários prédios sem o 13º andar —
reclama.
Perguntada
sobre os motivos legais que impedem a supressão do 13º andar em um projeto
residencial, a Secretaria Municipal de Habitação disse não ter localizado o
insólito pedido em seus arquivos. “Nossa legislação não impede que o interessado
construa um andar sem uso e sem acesso, porém exige que a área do andar seja
computada no cálculo do coeficiente de aproveitamento”, explicou, em nota.
Lançamento
com direito a karaokê
Quando
o prédio ficar pronto, Roberto pretende usá-lo de apoio nas visitas à cidade. Em
vez de um duplex, unidade mais luxuosa, preferiu quebrar paredes e unir duas
unidades compradas no 22º andar.
—
Ele não gosta de ambientes divididos, prefere plano — explica Sirena.
—
Quando visitou o apartamento decorado, deu para observar que ele ia e voltava
pelo mesmo caminho, prezava por uma boa área de circulação. Não gosta de
zigue-zague — confidencia Berezin.
Há
12 dias, 250 corretores de Aracaju foram convidados para conhecer o lançamento
da cidade nordestina. O eterno maestro dos shows de Roberto, Eduardo Lages,
apareceu de surpresa e comandou do piano um karaokê. Teve “Detalhes”, “Nas
curvas da estrada de Santos” e, claro, “Emoções”.
—
Os corretores eram desses cantores das horas vagas. Sucesso total — comemora
Sirena.
Antes
de levantar o primeiro edifício, a ideia original da Emoções Incorporadora era
construir condomínios de casas nas principais cidades do Brasil. As ruas teriam
nomes de músicas de Roberto; não faltaria um coreto. O projeto não vingou por
falta de terreno adequado. Mas Sirena avisa: o rei ainda não desistiu.
http://extra.globo.com
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