O Inimitável 1968

DO TEXTO:


Por Danilo Bezerra

Atendendo a pedido, iremos analisar hoje o LP do Rei Roberto Carlos de 1968, O Inimitável. Esse LP foi muito aguardado na época, devido o sucesso que seu antecessor tinha feito, o Em ritmo de Aventura. Lançado em dezembro de 1968 este disco já mostrava um Roberto Carlos mais afetivo, que já usava acordes mais elaborados mas que não deixava de lado as batidas fortes, fruto da Jovem Guarda. Este Long Play contia doze faixas e daria a seus fãs um dos maiores sucessos que até hoje é presente no repertórios dos shows do Rei no Brasil e Exterior.


Antes de falarmos sobre este álbum, no mesmo ano que ele foi lançado,1968, ocorreu um fato muito marcante na carreira do nosso Rei Roberto Carlos. Na Itália ele vencia o conceituado Festival de San Remo com a canção Canzone Per te (Sérgio Endrigo), "mas do que uma taça, uma confiança em mim mesmo", disse Roberto Carlos. Esse prêmio projetou nosso Rei internacionalmente e fez com que ele entrasse para a história da música brasileira por ser o primeiro brasileiro a conquistar esse prêmio.

Uma das primeiras faixas o Rei no seu repertório de 68 já vinha com um lamento decorrente da falta um amor, "se a vida inteira você esperou um grande amor/ e de triste até chorou/ sem esperanças de encontrar alguém/ fique sabendo que eu também andei sozinho/ e sem ninguém pra mim..." (E não vou mais deixar você tão só) mas os desamores do Rei não ficaria m apenas nessa bela canção, longo na faixa seguinte ele trazia um amor mais maduro e direto com Ninguém vai tirar você de mim e  com Nem mesmo você ele trazia uma declaração de amor mais simples (mas sempre com uma mensagem linda).

O amor ingênuo também teria espaço nesse LP, "tudo o que é seu meu bem/ também pertence a mim...", na canção É meu, é meu, é meu que remetia as canções da Jovem Guarda. Mas o Rei assume que sofre pela falta de seu amor e recolhe seu orgulho na canção Quase fui lhe procurar e trás  o abandono, a tristeza, decepção em O tempo vai apagar, música que trás uma batida serena e olhar maduro.
Na contramão dessas canções vinha Se você. Com arranjos mais pesados e que remetiam a ao funk o Rei afirmava "Se você pensar que vai fazer de mim/
o que faz com todo mundo que te ama/ acho bom saber que pra ficar comigo vai ter que mudar/ daqui pra frente/ tudo vai ser diferente/ você tem que aprender a ser gente/ seu orgulho não vale nada, nada" e mostrava-se com uma forte presença de espírito nesses versos. Na mesma linha mas com uma mensagem mais voltada para o amor, Eu te amo, te amo, te amo seria um dos sucessos mais tocados na época, virando até um termo usado frequentemente na época, e tinham inovações na safra de músicas brasileiras, um efeito especial em seu refrão,"eu te amo, eu te amo, eu te amo", a telefonia. 

Com um timbre mais forte, batida lenta, mostrando-se que "É tão difícil olhar o mundo e ver/ o que ainda existe/ pois sem você meu mundo é diferente/ minha alegria é triste" ele cantava a saudade dos momentos de felicidade junto a sua amada em As Canções que você fez pra mim. Uma curiosidade desta canção que ela foi quando o Rei e o Tremendão, Erasmo Carlos, souberam que seu percussionista Dedé havia terminado seu namoro com a Martinha, cantora da Jovem Guarda, e que cada vez que ouvia as canções dela ele ficavam mais triste.

"Se você demora mais um pouco/ eu fico louco esperando por você...", quem diria que o Rei do romantismo seria um ciumento! Na canção Ciúmes de você ele demonstra seu amor ciumento e justifica "meu ciúme de você" por amar demais. Meio que despercebida na discografia do Rei por alguns fãs mas com um tom mais pesado (se não a mais marcante nesse sentido do LP) Não há dinheiro que pague trazia de uma forma mais acentuada uma "direta" do Rei para a sua pretendente.

Fechando esse álbum vinha à canção Madrasta que foi feita para que Roberto Carlos participasse do Festival da Música Popular Brasileira daquele ano. Note que o título dessa canção remete a situação inversa do Rei na época, ele era "padrasto" de Ana Paula, filha do primeiro casamento de sua primeira esposa Cleonice Rossi, a Nice. Um álbum sem dúvidas inimitável por nenhum outro cantor, afinal Rei é Rei! 

Qual será nosso próximo disco comentado? Qual o ano quer relembrar? Deixe seu comentário que em breve ele estará aqui no Portal Splish Splash. Até o próximo!

Eu te amo, te amo, te amo - Roberto Carlos
Acústico MTV



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2 Comentários

Comentários

  1. Todas as fases do Roberto foram bem vindas, porque todas produziram saborosos frutos. Mas eu tenho um gostinho particular por esta, e pelo Roberto em Ritmo de Aventura.
    Sou uma adoradora de musica triste (mas com muito romantismo à mistura), por isso não há nada de melhor para mim que, ao apanhar-me sozinha, correr a pôr uma canção dele e soltar as lágrimas que me lavam generosamente a alma! E, como fico leve após uma audição completa deste CD!!
    Esta matéria, informa e relembra de uma forma clara, a história desta fase criativa do Rei.
    Está óptima Danilo. Quero ler a próxima.

    Lita (Natália Pires)

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  2. Muito Bem! Danilo!

    Excelente matéria, que nos remete à nossa adolescência( eu tinha meus 14 anos) e cheio de romantismo na cabeça.

    Nesta época, eu assistia ao programa Jovem Guarda, (http://www.portalsplishsplash.com/2010/03/tributo-roberto-carlos-bottary-belo.html), numa televisão, ainda em preto e branco, de umas 12 polegadas, e, para mim tudo era uma enorme festa.

    Aos sábados ouvia os Beatles na Rádio Mundial, num pequeno rádio semp, no programa Big Boy.

    Assim que vamos lendo a matéria, seu conteúdo nos remete a pensamentos nos fazendo entrar em transes de saudades e até mesmo engasgarmos de alegria, não obstante lembrarmo-nos também de fases escuras de pensamentos e medos de uma guerra nuclear, que vinha no ar, quando da Guerra Fria que ora acontecia entre as duas maiores potências da época: USA e URSS.

    No Brasil a Ditadura Militar imperava e expatriava políticos e artistas, como alguns cantores, por exemplo, Caetano Veloso.

    Menos o Roberto, pois este sabia fazer de uma forma bem sutil, suas contestaçoes acerca do que estava acontecendo no país, nas entrelinhas do seu romantismo.

    Eu, lia: "As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Diniz e lia as obras de Júlio Verne: Viagem ao Redor da Lua; 20.000 Léguas Submarinas e outros clássicos deste autor.

    Ao mesmo tempo, aprendia a cantar as músicas do Rei, dos Beatles e soltava a voz no banheiro, eheheh!!!!

    Meu caro amigo Potiguar, o Roberto foi para mim, marcante por demais em minha vida; assim poder-se-ia dizer sim: "Ele é o cara!"

    Abçs!E qualquer que seja sua matéria, sempre será bem vinda!

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