O Baú do Carlos Alves (35)

DO TEXTO:



Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@bol.com.br

PUBLICADO NO JORNAL A UNIÃO EM 16 DE MAIO DE 2010

1-A Copa do Mundo, que se disputa na África do Sul, com início a 11 de Junho próximo, já começa a gerar polémicas em vários países, isto na sequência das respectivas convocatórias, sempre delicadas para quem tem a espinhosa missão de escolher 23 jogadores para o “elenco” e mais 7 que ficam de reserva para avançar no caso de acontecerem imprevistos que impossibilitem a continuidade de algum (ou alguns) desses 23 que foram eleitos pelo seleccionador. Nesse sentido, não se pense que foi apenas Carlos Queiroz que foi criticado em função das suas escolhas, algumas delas discutíveis, mas temos que respeitar e todos nós vestirmos a “camisola das quinas”, torcendo por uma classificação condigna. É que, na verdade, nos tempos de hoje já não somos o país da “bola quadrada”.

Pegando ainda nesta questiúncula, e falando do país onde me encontro, que é também um dos adversários de Portugal na primeira fase da competição, os pomos de discórdia surgiram logo após ser conhecida a lista divulgada pela CBF em Conferência de Imprensa, na qual Dunga veio justificar as suas opções, praticamente o grupo que com ele tem estado nestes quase quatro anos. Porém, quando Dunga, a dada altura, afirmou que a selecção deve ser composta pelo actual momento dos jogadores, acabou por não seguir essa linha, sobretudo no que concerne a três jogadores que eram apoiados pela opinião pública, inclusive grande parte da imprensa da especialidade. São eles, Paulo Henrique Ganso, Naymar e Ronaldinho Gaúcho, trio que atravessa um excelente momento. Isto para não falarmos da entrada de Doni e a exclusão de Victor, actualmente o melhor goleiro do Brasil. Portanto, se Dunga (que até agiu bem ao barrar o flamenguista Adriano pelo seu comportamento fora do campo) não lograr o almejado título para o Brasil, a sua cabeça vai rolar. A imprensa brasileira irá, por certo, ser implacável com Dunga, quiçá pela sua teimosia em relação aos jogadores que referimos, dois deles (Ganso e Ronaldinho) que, entretanto, fazem parte dos sete reservas. Ouvi um comentarista da Bandeirantes, José Ferreira Neto, ex-jogador do Corinthians, a classificar Dunga de treinador medíocre.

Acresce que, neste paralelo Queiroz-Dunga, o brasileiro tem uma virtude que o técnico português não ostenta: não agride jornalistas. Como se sabe, Queirós só gosta dos jornalistas quando eles falam bem. Quando lhe tocam na ferida, “Aqui Del’Rei” – serve de paradigma o que se passou entre ele e o comentarista da SIC, Jorge Baptista.

Mas de tudo isto, o que eu mais desejo é que Portugal vença o Brasil para não ter que ouvir estes “brasucas”. Sei o que sofri quando perdemos por 6-2 em Brasília. Foi um jogo amistoso, mas a pesada derrota é que originou uma prolongada gozação por parte dos brasileiros.

2 – O Brasil tem bons actores de teatro. Indiscutivelmente. Portugal tem grandes actores de teatro e de revista. Um aspecto indesmentível. Por ser um país grandioso, o Brasil tem um maior campo de captação de valores. Isso, inclusive, também acontece no futebol, como é sabido.

Por aqui, já assisti a algumas peças de teatro, a última das quais em que foi principal protagonista o actor da Globo, Osmar Prado, figura muito conhecida dos écrans. Casa cheia, mas muita gente saiu decepcionada. Na verdade, tenho que confessar que sinto saudades do teatro que se faz em Portugal, inclusive, e salvo as devidas proporções entre profissionais e amadores, do próprio Alpendre. Ter apenas bons actores, não significa ter-se um bom teatro, esta a ilação que se tira do teatro brasileiro. Falta o melhor, ou seja, uma peça com princípio, meio e fim. Ao cabo, com a verdadeira essência teatral.

Claro que, em relação às novelas, não vou constituir paralelismo entre Portugal e Brasil, apesar de, em Portugal, já existir muita qualidade. E alguns actores portugueses já deixaram a sua performance aqui no Brasil, sinal de que já não vendemos “gato por lebre”.

3 – Também este ano, à semelhança do que acontecerá em Portugal, vamos ter eleições presidenciais. Por ter completado o seu segundo mandato consecutivo, Luís Inácio Lula da Silva não é candidato, mas, com a virtude de dar a cara, apoiará a candidata do seu partido, a ex-ministra da Casa Civil, Dilma, que, à boa maneira dos políticos, já está a prometer mundos e fundos. O problema é que depois vêm as enxurradas e muita gente fica a dormir ao relento sem apoios de espécie alguma. Isso aconteceu recentemente, se bem que a maior responsabilidade recai nos Prefeitos e nos Governadores de Estado. Ao invés, o outro candidato da oposição ao partido de Lula, o ex-governador de São Paulo, José Serra, tem sido mais comedido, mais coerente no rumo que pretende tomar se for eleito presidente da república.
De Portugal, tenho acompanhado pelos jornais e pelas observações de alguns colegas no “facebook”. Olhando para os concorrentes ao próximo sufrágio, e sem que, com isso, pretenda fazer propaganda eleitoral (longe disso) em prol do mesmo, ainda acredito em Manuel Alegre. Que seja alegre e discreto na condução da sua campanha. E que, por outro lado, ninguém fique encavado comigo. Se tivermos mais cavaquismo, é sinal de que o povo é quem mais ordena. Em consciência? Isso já é outra questiúncula para, num futuro, ser dissecada.

- Carlos Alberto Alves

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