Façam o favor de ser felizes

DO TEXTO:
Façam favor de ser felizes



Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@bol.com.br

Diz o povo que “o sol quando nasce é para todos”. Observando a trapalhada que vai por esse mundo fora, ninguém acredita. Inundações, furacões e muita desgraça a destruir a vida a muita gente. Isto também acontece por cá. Por lá, em Portugal, tivemos um Verão “farrusco”: ora chovia, ora fazia sol. Mesmo assim, muita gente arriscou e entrou de férias até aos primeiros dias de Setembro. Quando eu era pequenino, o Agosto era um mês em que se podia confiar. Agora não. Não há nenhum em que se possa confiar. O ano passado, em fins de Maio e princípios de Junho, segundo informação que chegou até minha pessoa, o meu amigo Aníbal foi com a mulher passar quinze dias a Armação de Pêra, no Algarve. Desses quinze, só no primeiro teve sol. Depois, foram catorze dias a chover. Tiveram que alugar um carro, para não estarem catorze dias dentro do quarto. Foram quatro vezes a Faro, três vezes a Olhão, quatro vezes à Quarteira, duas vezes a Tavira, três vezes a Portimão, duas vezes a Lagos, uma vez a Loulé e duas vezes a Vila Real de Santo António. Segundo parece, o sol voltou a brilhar quando vieram embora. Naquele jardim à beira-mar plantado que está encostadinho à Espanha, o calor apertou depois da saída do casal. Tiveram mesmo azar...

Entretanto, vou lendo e ouvindo as notícias que os jornais, a rádio, a Internet e a televisão me trazem. Algumas dão que pensar, como esta, por exemplo: “Um juiz do Tribunal de Cascais deixou à solta o homem, de 47 anos, que foi apanhado, em flagrante, a incendiar a companheira depois de a regar com álcool etílico. O agressor foi surpreendido em casa pelos agentes da PSP do Estoril, ainda com a garrafa de líquido combustível na mão, impávido, sem prestar auxílio à mulher”. E o homem está à solta? Não percebo.

“O Tribunal da Povoa de Varzim pôs em liberdade um homem de 38 anos que, durante três anos, abusou sexualmente de dois menores, de 11 e 13 anos, filhos da sua companheira”. Li mais esta notícia e voltei a não perceber. Então o homem está em liberdade? Mas há mais: “Há 21 anos que conduz ilegalmente, foi apanhada sem carta 37 vezes e já esteve presa três anos. Com 48 anos, em apenas dois dias, Catarinafoi apanhada pela GNR duas vezes, na posse de haxixe e na segunda por conduzir sem carta, pela 37ª vez. Dentro de dois a três meses, será julgada, segundo a polícia. Até lá, Catarina pode continuar a conduzir, mas ilegalmente.” Diz ela: “se for preciso, pego no carro e vou até França”. Continuo a não perceber. Valha-me Santa Engrácia. A seguir à notícia, vinham alguns comentários de leitores. Este, de uma leitora, diz assim: “Não tem carta… não tem seguro, já foi apanhada 37 vezes, cumpriu prisão, mas, no entanto, nunca teve um acidente. Será que alguém deve oferecer a carta a esta senhora? Merecer, até que merecia! Afinal tantos com carta que conduzem tão mal… e andam por aí, legais é certo”. A dita é capaz de ter razão…

Talvez que diminuam as asneiras e barbaridades que por aí se vêem quando aparecer o carro sem motorista. Não estou a delirar, estou apenas a citar uma notícia que veio de Londres e diz assim: “Um veículo elétrico que não precisa de condutor acaba de se tornar uma realidade. O novo meio de transporte foi apresentado, em Londres, e a poucos meses de começar a ser utilizado no aeroporto de Heathrow para transportar passageiros. O carro pode transportar dois, quatro ou seis passageiros e atinge 40 quilómetros por hora. Ora aí está o carro ideal para os automobilistas que, teimosamente, vão com o telemóvel encostado à orelha enquanto vão a conduzir, ou para aqueles que vão mais atentos à jovem que vai ao lado do que ao trânsito…

Não é só no Brasil que estas coisas acontecem...

A RODAPÉ - “É uma chatice deixar a vida para trás. A morte não me assusta. Tenho é pena. Muita pena de morrer. Viver é uma coisa muito boa”. Foi Raul Solnado quem o disse numa entrevista. Era um grande, um grande ator. Só um grande ator conseguiria fazer-me rir durante largos anos e fazer-me chorar no dia da despedida. Desejo que não seja esquecido e que todos nós façamos o possível por seguir o seu conselho: “Façam favor de ser felizes”. 

Raul Solnado - História da minha vida


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