O Baú do Carlos Alves (14)

DO TEXTO:



Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@bol.com.br

As estatísticas dizem que mais de dois mil portugueses estão presos no estrangeiro. Quantos desses desgraçados serão açorianos é o que ainda se não sabe. Mas era bom que o Ministério dos Negócios Estrangeiros nos dissesse se há algum que necessite dos nossos cuidados. “Somos um Povo que quer ser respeitado”, gritou-se então, e, para isso, é preciso que em primeiro lugar nos

 
demos ao respeito. Somos, como os portugueses de antanho, aventureiros dos sete mares, corre-nos nas veias o sangue dos Dias, dos Cabrais e dos Gamas e muitos de nós só sentem prazer e realização pessoal com as viagens por terra e mar. Em suma, gostamos de nos meter em sarilhos. Daí que é fácil calcular que, dos presos em terra estranha, estejam alguns dos nossos. Inocentes ou culpados, tanto faz, pois que são do nosso sangue, e compete-nos olhar por todos os que, sendo nossos, de nós precisem. Se não contarem conosco não podem contar com mais ninguém. Por aqui vem outra questão que foi levantada por alguém há trinta anos. Trata-se das relações diretas com o estrangeiro, no nosso interesse exclusivo. Quando Natalino de Viveiros era Secretário, houve uma tímida tentativa de controlar o comércio externo e, durante alguns meses, a coisa funcionou até que os “intermediários” do costume se intrometeram e lá fomos proibidos de governar esse nosso importante fator de desenvolvimento, pela odiosa tutela centralista. Importações diretas é coisa impensável (para eles), pois, como os bens têm de circular livremente no País, Lisboa perdia o controlo e, portanto, não. Resultado, uma boa parte da riqueza que poderíamos gerar deixou de o ser. Assim, a autonomia, tal como está, é mais colete do que alavanca do progresso. Outra questão é a Base e ainda outra a Diáspora. Nada nem ninguém se deve poder intrometer entre nós e tais assuntos. Senão, a autonomia não passa duma farsa.

NOTA FINAL – Até hoje, nunca consegui apurar se existem alguns açorianos emigrados presos no Brasil. Evidentemente que, perante um assunto tão complexo, não poderei colocara s mãos no fogo. Nem o fato de ter sido nado e criado na região me leva a enveredar por esse caminho.

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