Todos aqueles que partem

DO TEXTO:


Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@hotmail.com


Artur de Schopenhauer, célebre filósofo alemão compreendia a vida humana como um processo de desilusão o que, de certo modo, é comprovado pela experiência, embora a esperança seja sempre a última coisa a morrer. Nem todos os homens nascem puros e bons como defendia Rousseau com a sua teoria do bom selvagem. Enquanto este mundo for habitado por certo tipo de gente não passará da cepa torta.

O que ainda nos vai valendo é a triste consolação de que o mundo é como uma estalagem onde os hóspedes vão chegando e partindo constantemente sem que nenhum lá permaneça para sempre.

Tudo aquilo que nos pode ser tirado não é nosso resultando daí que na vida o homem não tem nada porque com o tempo perde tudo até a própria vida. O mundo é um palco onde os atores na verdade são sempre os mesmos, a peça é sempre a mesma, uma tragicomédia ou uma divina comédia, um lugar de perdição e de salvação.

Os familiares partem, os amigos partem, com o tempo todos se vão. O que fica é a saudade imensa do imenso amor e a solidão a que estamos todos condenados à nascença O homem é um ser condenado à vida sem direito a recurso, é um condenado à morte sem apelo nem agravo, um condenado à liberdade condicional num mundo que é como uma colónia penal. A vida é breve e plena e chega para a vida.

A amizade é o sol da vida enchendo-a de alegria. Breve é toda a alegria, longa é a noite, breve é o dia. Como diz o antigo vate.

Dizer que simpatizo muito com o povo alemão, estaria a mentir. É um povo demasiado frio, conforme constatei “in-loco” nas três vezes que me desloquei à Baviera em serviço de reportagem. Mas, por outro lado, tenho que confessar que admiro os alemães pela sua disciplina e pela sua capacidade organizativa. E essa mesma disciplina começa pela base, visto que, nesse sentido, tive o condão de assistir a uma aula ministrada por um amigo meu, português, que se encontra na Alemanha há já alguns anos, após se ter formado na Universidade do Kansas, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos. Na referida aula, durante os 55 minutos da explanação do professor, imperava o silêncio e os olhares fixos no “tacher”. Manda a verdade dizer que fiquei impressionadíssimo. Se outros países seguissem este grande exemplo, seria ótimo, nomeadamente Portugal e Brasil, com os quais estou mais identificado. Recordo que, em tempos idos, em Lisboa, quando fui convidado por um amigo professor para ir à sua escola falar sobre jornalismo – como se prepara um jornal, a missão dos jornalistas, etc., etc. -, parte dos alunos brincava, falavam alto, enfim, o ensino que temos tão diferente do que se passa na Alemanha.

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