O falar mal (da Varanda da Escrita)

DO TEXTO:

Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@hotmail.com
Portal Splish Splash


Voltei, de novo, a mudar de genérico (Varanda da Escrita), o que acontece pela quarta vez. Mas creio que não será a última, porque ainda faltam três anos para completar as minhas “Bodas de Ouro” jornalísticas. Até lá, se Deus me der saúde, ainda vamos ter mais algumas alterações nesse sentido. É a minha


velha mania de “transformar” as coisas. Hoje, com esta varanda, pintadinha de novo e sem ferrugem, vou falar dos portugueses que nunca estão bem... É verdade que a situação económica não está boa em Portugal, mas devemos nos recordar que não é só no nosso cantinho, mas sim em toda a Europa e Mundo… De fato, os portugueses têm a tradição de ser o povo mais negativo dos europeus, mas, se pensarmos sempre que não estamos bem, nunca avançaremos para a frente. A verdade é que a falta de moralismo da maioria dos portugueses afeta o evoluir do país e o nosso próprio desenvolvimento sócio – económico, pois nunca nada está bem. Fico preocupado ao encontrar-me no estrangeiro e vejo compatriotas meus a falarem mal do seu país, mas não é apenas uma opinião pessoal, pois estrangeiros que conheci, que vivem no nosso país, estranham a falta de orgulho em si e no que é seu, próprio dos portugueses. A verdade seja dita, nunca fomos um país altamente tecnológico e capaz de enfrentar todos os desafios decorrentes da globalização, mas, por outro lado, a verdade é que Portugal está a desenvolver-se e as mudanças entre gerações são enormes e surpreende-me o fato de os portugueses não admitirem isso! Posso dar um exemplo: a maioria dos portugueses que saíram de Portugal e voltaram passados alguns anos revelam-se surpreendidos pelo desenvolvimento verificado, pelo nível de vida atingido pelos seus amigos e familiares, mas, os que residem por lá, apenas falam mal, tal como falavam mal há cerca de 30 anos atrás. Penso que, apenas, podemos olhar para a frente e para os progressos que temos verificado no nosso país. Estamos cada vez mais desenvolvidos em todos os aspectos: sociais, económicos, culturais e até dá-se os primeiros passos para ambiciosas perspectivas de inovação na área da investigação e conhecimento, mas, ao mesmo tempo, tenho que considerar que, em termos de mentalidades, não estamos muito evoluídos, pois, apenas se pensa isto está tudo mal. Devemos ter união nacional e pensar que devemos trocar ideias e opiniões sobre o nosso desenvolvimento de uma maneira saudável e não baseado apenas na crítica e no mal dizer. Eu próprio, nascido em 1943, bem como todos da minha geração, verificamos, ao longo dos anos, o contínuo progresso do nosso país e devemos olhar para isso e pensar que alguns sacrifícios que são pedidos agora são para o bem comum e para apoiar os mais desfavorecidos. Não podemos nos esquecer do que éramos, mas, também, não podemos viver no passado, temos que viver para o futuro. Enquanto em muitas nações muitos indivíduos pensam o que posso fazer pela minha nação, em Portugal pensa-se o que é que não fazem por mim? Esta tradição do “nu falar do mal vestido” está profundamente enraizada na nossa cultura e que cabe agora às novas gerações acabar com esta maneira de pensar a vida, arregaçar as mangas, trabalhar para um cada vez melhor futuro para nós próprios e para os seus filhos. A ideia para esta matéria foi uma constatação feita pelo Dr. Mário Soares, que afirmou mesmo isso, ou seja, que os portugueses são cativados pelo negativismo. Ele culpa a comunicação social, e com alguma razão, mas, também, tem muito a ver com a cultura de mal dizer dos portugueses. Em vez de mal dizer vamos argumentar com ideias positivas e colaborar para melhores resultados a nível do nosso progresso e desenvolvimento e parar apenas de criticar.

NOTA FINAL – Será que o Dr. Mário Soares ainda pensa da mesma forma, após a derrota do Partido Socialista nas recentes eleições? Esta mudança deu para perceber, sem margem para dúvidas, que a crise econômica que estalou no nosso país teve muito a ver com o péssimo desempenho do então primeiro-ministro, engenheiro José Sócrates que, descaradamente, ainda se recandidatou. É o mesmo que dizer que foi pior a emenda do que o soneto.
Agora, com alguma esperança de melhoria, é importante que Coelho, sucessor de Sócrates, haja com passos de lebre, porque o tempo urge.

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