1967 – Eduardo Nascimento empolga Angola

DO TEXTO:



Por: Carlos Alberto Alves
jornalistaalves@hotmail.com
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Já escrevi, após a minha vinda para o Brasil, muita coisa sobre a guerra colonial de Angola. Coisas que, até 25 de Abril de 1974, não podiam vir à estampa. Se o fizesse, desde logo a PIDE entrava em minha perseguição. Mas nem era necessário a PIDE, porque a CENSURA, ao serviço do ditador António Oliveira Salazar, passava o lápis azul por cima. Era o trabalho de alinhavar o escrito e, também, o trabalho do estafeta do jornal em colocar o dito artigo num dos elementos dessa mesma CENSURA. Nada que não pudesse ser, visto que a distância entre a redacção e o(s) dito(s) cujo(s) era curta.

Mas, hoje de Angola, volvidos que estão quase 44 anos, recordar a figura de Eduardo Nascimento que, vindo ao Festival da Canção da RTP de 1967, logrou o primeiro lugar com 120 pontos, com a canção O VENTO MUDOU, canção essa que, consequentemente, representou Portugal no Festival da Eurovisão desse mesmo ano. Em termos de representação portuguesa, a melhor canção de sempre do Festival. Daí que, como se deve compreender, face a um cometimento nada previsível, Eduardo Nascimento empolgou Angola, a “nossa” Angola que hoje, e dizemos felizmente, é administrada pelos próprios angolanos após a tão almejada independência.

Quando Eduardo Nascimento pisou o palco da fama do Festival da Eurovisão de 1967, eu já me encontrava em Lisboa vindo de Angola, na sequência do termo da minha comissão de serviço naquela Província (hoje ex) Ultramarina. Lembro-me perfeitamente, como fosse hoje (há quem diga que eu tenho um “cérebro de elefante”) o local onde assisti ao Festival, ali num café bem pertinho do Rossio, café esse onde paravam muitos naturais dos Açores. Há que dizer que vibrei com a actuação de Eduardo Nascimento, figura destacada no burgo de Luanda. E mais fiquei emocionado quando, passadas algumas horas da euforia que envolveu Eduardo Nascimento, ter visto a sua mãe na televisão chorando de alegria pelo êxito do seu filho.

E como é importante ter o Splish Splash para recordarmos esse tempo em que, na verdade, entre nós portugueses o Festival da Eurovision era vivido com muito mais entusiasmo. Será que estou errado?



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2 Comentários

Comentários

  1. OLà Carlos Albero!é bem, como tu dizes antigamente ninguem queria passar sem ver o festival da Eurovision!hoje inflismente jà quase nimguem se importa desse acontecimento.Olha, e com o teu poste fiquei a saber agora que Portugal foi representado no ano 1967 por um Angolano naquele tempo¨Portugues claro! e bem representado, porque cheguei a ouvir e ver muito pior.Gostei do teu poste porque quando se aprende algo é sempre intersante de inrequecer o nosso conhecimento e nossa cultura claro!abraços

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  2. Olá, Carlos Alberto!
    Nessa altura tinha eu 12 anos e lembro-me muito bem do Eduardo Nascimento e da canção "O vento mudou" que foi um êxito. Tenho até a impressão que ainda a sei de cor.
    Como disseste e o Manel também, hoje já ninguém passa cartão ao Festival da Canção (que por acaso vai dar na RTP esta semana, salvo erro), mas antes era o delírio. Todo mundo parava para estar em frente à tv. Portugal levou à Eurovisão grandes interpretes e grandes músicas mas exceptuando dois ou três músicas que ficaram bem classificadas, o resto ficávamos sempre nos últimos lugares. Dizia-se, na altura, que era por causa da ditadura que tínhamos em Portugal - que os outros países democráticos não pontuavam as nossas participações por causa disso. Mas a ditadura já foi com o carago desde 1974 e passados que foram 37 anos acontece o mesmo ou pior.
    Por exemplo, e só para citar algumas, a "Desfolhada" da Simone, a "Menina" da Tonicha, considero-as ainda hoje músicas boas demais (poemas e músicas) para concursos festivaleiros.
    Qualquer dia vou colocar aqui essas duas pérolas da música portuguesa.

    Grande abraço

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