São tantas emoções

DO TEXTO:
São Paulo vive noite histórica com shows de Roberto Carlos, Paul McCartney, e , que compartilham coincidências na carreira como tragédias na juventude, grandes parceiros e paixões fulminantes
Imagine uma casa de apostas fazendo a seguinte pergunta: "Qual a chance de Paul McCartney, Lou Reed e Roberto Carlos se apresentarem no mesmo dia, na mesma cidade?”. Nenhuma, certo? Errado. Por uma incrível coincidência, esses três ícones da música mundial se apresentam hoje à noite em São Paulo. McCartney faz o primeiro de dois shows no estádio do Morumbi, dentro de sua Up and Coming Tour 2010. Lou Reed toca pela segunda noite no Sesc Pinheiros num show barulhento e experimental inspirado em seu álbum "Metal Machine Music", de 1975. Já Roberto Carlos se apresenta no Anhembi no show batizado de "Roberto Carlos Só para Elas" e, como o nome diz, é exclusivamente dedicado ao público feminino. Detalhe importante: todos os shows dos três artistas estão com ingressos esgotados.Pode-se dizer que nunca a cidade de São Paulo viu uma noite como essa.Se os nostálgicos fãs dos Beatles vão lotar o Morumbi para cantar "Hey Jude" e "Let It Be", "indies" e modernosos em geral vão se acotovelar no Sesc para chegar bem perto de Lou Reed. Enquanto isso, uma multidão de mulheres vai gritar e vibrar quando o Rei Roberto Carlos jogar as tradicionais flores na plateia. Mas está enganado quem acha que os shows de hoje à noite são a única coincidência entre as trajetórias desses três. Na verdade, a vida e carreira desses ídolos apresentam várias semelhanças. Para começar, são todos contemporâneos: menos de 15 meses separam o nascimento dos três. Roberto Carlos é o mais velho: nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES), em 19 de abril de 1941. Em 2 de março de 1942, em Nova York, nasceu Lou Reed e, em 18 de junho do mesmo ano, Paul McCartney nasceu em Liverpool. O rei, o sir e o alternativo Além de terem quase a mesma idade, Paul McCartney, LouReed e Roberto Carlos têm outras coisas em comum: quando jovens, eram fãs do rock'n'roll pioneiro de Elvis Presley, Little Richard e Jerry Lee Lewis. Todos tiveram parceiros musicais importantes, passaram por dramas na juventude e compuseram canções famosas inspiradas por paixões. Conheça outras semelhanças curiosas da vida e carreira dos três.
CIDADE NATAL Paul imortalizou sua amada Liverpool em músicas como "Penny Lane": "Penny Lane está em meus ouvidos e em meus olhos". Roberto imortalizou sua amada Cachoeiro de Itapemirim em músicas como "Meu Pequeno Cachoeiro": "Meu pequeno Cachoeiro / Vivo só pensando em ti". Lou imortalizou sua amada Nova York em músicas como "Take a Walk on the Wild Side": "Nova York é o lugar onde se diz: hey baby, ande pelo lado selvagem". UMA MÃE CHAMADA LADY Em 1968, Paul compôs "Lady Madonna" em homenagem às mães. Em 1976, Roberto compôs "Lady Laura" em homenagem à mãe, Laura Moreira Braga. Em 1968, Reed compos "Lady Godiva's Operation" sobre a nobre "mãe" do povo de Coventry que, no século ii, andou nua de cavalo em protesto contra os impostos que seu marido cobrava da população. O PARCEIRO Paul conheceu John Lennon em 1957 e logo se tornaram parceiros musicais Roberto conheceu Erasmo Carlos em 1957 e logo se tornaram parceiros musicais Lou Reed conheceu John Cale em 1964 e logo se tornaram parceiros musicais AS MUSAS Paul fez várias canções para Linda, como "Two of Us": "Você e eu temos lembranças / Maiores que a estrada à nossa frente" RC fez várias canções para Maria Rita, como "Eu Te Amo Tanto": "Aprendi que pouco tempo é muito / Se e estou longe de seus braços" Reed fez várias canções para suas musas, incluindo Rachel, a transexual com quem se envolveu nos anos 70, como "Coney Island Baby": "Lembre que pessoas diferentes têm gostos peculiares". O MENTOR Os Beatles conheceram o empresário Brian Epstein em 1961, e foi com a ajuda de Epstein que eles obtiveram seu primeiro sucesso. Roberto conheceu o apresentador de TV e empresário Carlos Imperial no fim dos anos 50, e foi com a ajuda dele que obteve seu primeiro sucesso. Lou Reed e o Velvet Underground conheceram Andy Warhol em meados dos anos 60, e com a ajuda dele obtiveram seu primeiro sucesso. ANALOGIAS ANIMAIS Uma das primeiras músicas que Paul compôs foi "Catcall" (o chamado do gato), faixa instrumental que os Beatles tocaram de 1958 a 1962. Uma das primeiras músicas que RC gravou foi "Um Leão Está Solto nas Ruas", que incluía o verso "Sei que ele está faminto / Não come desde ontem". Uma das primeiras músicas que Lou compôs foi "The Ostrich" (o avestruz), que incluía o verso "ponha a cabeça no chão e deixe alguém pisar". TRAGÉDIA NA JUVENTUDE A mãe de Paul, Mary McCartney, morreu em 1956. Ele cantou sobre a tragédia em "Let It Be": "Quando me vejo em momentos difíceis / a mãe Mary vem a mim". Aos seis anos, Roberto foi atropelado por uma locomotiva e teve a perna direita amputada. Ele cantou sobre a tragédia em "O Divã": "Relembro bem a festa, o apito / E na multidão um grito / O sangue no linho branco". O menino Lou foi submetido a tratamentos psiquiátricos para curar suposta "tendência homossexual". Cantou sobre isso em "Kill Your Sons": "Todos vocês psiquiatras de araque / Estão dando choques elétricos" GRAVAÇÕES LÚGUBRES
PM-Compôs "Blackbird" (pássaro negro): "Pássaro negro cantando na escuridão da noite / Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar". RC- Gravou "Negro Gato": "Um dia lá no morro, pobre de mim/ Queriam minha pele pra tamborim". LR- Gravou "The Raven" ("O Corvo"), poema de Edgar Allan Poe: "Ave ou demônio que negrejas / Profeta, ou o que quer que sejas!".
ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA

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1 Comentários

Comentários

  1. Olá Carmen!

    Puxa! Que reportagem legal!!!

    Não sabia de tantas coicidências na vida dos 3!

    São todos óptimos, cada um no seu estilo, mas desculpem-me os outros, Roberto bate assim de longe!

    Paul é um grande compositor e gosto de algumas das suas canções.

    Lou Reed conheço pouca coisa, mas sei que passou por Lisboa á pouco tempo.

    Roberto é tudo de bom: é bom compositor, bom intérprete, bom cantor, sua voz é inimitável, bom carácter, tem carisma .... é lindo, lindo lindo, nem o tempo acaba com a sua beleza!

    Não é à toa que gosto tanto dele!

    Beijos e mais uma vez parabéns pela matéria.

    Julia Panagiotopoulos
    Lisboa - Portugal

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