Embarque na gastronomia PORTUGUESA

DO TEXTO:



Delicie-se em cinco regiões de Portugal

Com atrações históricas e naturais, o país tem forte apelo culinário As opções vão do tradicional prato com bacalhau à ousada receita que leva uma cabeça de porco

Portugal recebe um contingente de estrangeiros equivalente à sua própria população -cerca de 11 milhões de pessoas. Isso torna o português um povo que sabe receber, a despeito da aparência marrenta.E se antes o turista buscava prioritariamente atrações históricas ou naturais, hoje o apelo gastronômico também virou cartão de visita: o país tem 12 restaurantes estrelados pelo "Guia Michelin", que é referência mundial.Viajar pelo país anda mais delicioso do que sempre. Nosso roteiro passa por cinco regiões: Algarve, Alentejo, Centro, Lisboa e Douro.


Para ajudar o viajante interessado nos sabores da culinária portuguesa a se localizar, o mapa ao lado mostra em que páginas do caderno de Turismo ele encontrará dicas de restaurantes em cada uma das regiões visitadas pela reportagem.São cinco viagens pelos sabores portugueses. De pratos já bastante conhecidos e apreciados pelos brasileiros, como o arroz de polvo e as receitas de bacalhau, a outros, talvez um tanto inusitados para o paladar, como o rabo de boi e a cabeça de porco, ambos da região do Alentejo.Em Lisboa, conheça o jovem chef José Avillez, de 30 anos, que comanda a cozinha do restaurante Tavares, o mais antigo de Portugal, com 226 anos de história.


No Algarve, descubra os segredos da cozinha de um dos cinco restaurantes da cidade de Faro estrelados pelo "Michelin": comandado pelo maranhense Henrique Leis, o endereço que leva seu nome coloca ingredientes brasileiros nos pratos de autor de base francesa.Esta edição do caderno de Turismo leva ainda a cidades do Douro e do Centro do país, com achadinhos deliciosos em localidades até então sem tradição gastronômica, como Fátima.


Região litorânea, Algarve concentra casas estreladas

Dos 12 restaurantes de Portugal que foram citados no "Guia Michelin", seis estão nessa região do sul do país Na cozinha do brasileiro Henrique Leis, produtos da culinária europeia se misturam à mandioca, à tapioca e até ao açaí Para competir com o mar, estrelas. Mas não as da noite. As do "Guia Michelin". Tida como dona das melhores praias da Europa, a região do Algarve -a ponta sul de Portugal- encontrou na culinária a única rival à altura de suas atrações naturais.São seis restaurantes com estrelas do mais famoso guia culinário do mundo, metade dos 12 endereços que o país ostenta na lista.E esse binômio natureza-culinária atrai turistas do continente todo.


Pela íntima ligação com a água, a cozinha da região se destaca pelos peixes e frutos do mar.Mas não deixe de provar também o que os portugueses chamam de "da terra", que são os pratos à base de carnes, do frango ao porco.Embutidos -mais comumente chamados de enchidos pelos portugueses- não podem faltar em sua viagem. A região de Monchique, famosa pela suinocultura, produz os melhores.A principal cidade da região, Faro, abriga cinco dos seis endereços com estrelas Michelin -Amadeus, Henrique Leis, São Gabriel, Willie's e Vila Joya (este, ostentando duas estrelas). O sexto, chamado The Ocean, fica em Armação de Pera.


O restaurante Henrique Leis leva o nome do dono, um maranhense de 54 anos. De auxiliar de barman e garçom no Rio de Janeiro, ele fez estágio na Europa com chefs como Paul Bocuse e Pierre Troisgros e hoje comanda a própria cozinha no Vale Formoso, dentro de Faro.Em férias por ali no começo dos anos 90, Leis conheceu uma portuguesa, se apaixonou e não voltou mais. Eles se casaram e abriram o restaurante que há dez anos tem uma estrela Michelin, misturando ingredientes brasucas à cozinha de bases francesas."Adoro usar mandioca , tapioca, castanha-do-pará, açaí e cupuaçu nos meus pratos", conta.


Centro tem influências do mar e da terra

Cidade de Coimbra é um mosaico de turistas, gastronomia e história Turista pode ir a restaurante em hotel que serviu de cenário do amor proibido entre Pedro e Inês de Castro Coimbra é uma espécie de encruzilhada. Está perto de todas as cidades interessantes do país. De carro, está a duas horas de Lisboa. Fica a pouco mais de uma hora do Porto, e em uma hora se vai a Viseu. Em 30 minutos, chega-se à agradável e solitária Mira, no Atlântico.Também é uma encruzilhada no perfil de turista. Tem o religioso (que busca Fátima, a uma hora, mas passa pelo Convento de Santa Clara, em Coimbra), o acadêmico (atraído pela magistral universidade -visite pelo menos a biblioteca) e o jovem (que lota bares e cafés).Por fim, e acima de tudo, é uma encruzilhada gastronômica. Sua cozinha, do Centro do país, traz influências do mar e da terra.Não se recomenda ficar num peixe sem se arriscar também nos indefectíveis coelho, pato e perdiz. Mergulhe nos doces, mas não despreze os queijos.


História de amor


Não importa o tipo de turista, o lugar-comum entre eles é comer bem. Vale tanto para um café, como no Santa Cruz, inaugurado em 1923 num prédio que remonta ao séc. 16, como para o espetacular restaurante Arcadas da Capela, dentro do hotel de luxo Quinta das Lágrimas.
No século 14, o Quinta das Lágrimas foi cenário do amor proibido entre o príncipe Pedro e Inês de Castro, que foi morta a mando do pai do príncipe. É difícil entrar ali e não sentir o peso da história.Mais difícil ainda é sair sem acreditar que fez uma das mais divinas refeições da vida. E o staff do Arcadas da Capela supera expectativas das mais exigentes.Com uma estrela Michelin, seu chef, Albano Lourenço, faz a chamada cozinha de mercado, sinônimo de preparar um cardápio a partir do que encontra na rua no dia. O resultado é uma ida à feira elevada à enésima potência.Se puder, peça o menu degustação (a partir de 80). Será possível provar uma entrada, um prato de peixe e um de carne e doces de fazer repensar qualquer dieta.


Saia do circuito de Lisboa e prove menu alentejano


Chef de 80 anos levou receitas de sua família para a capital portuguesa Restaurante O Galito é para os iniciados; no cardápio, pratos como cabeça de porco cozida, prensada e fatiada
Você sairá do restaurante O Galito agradecendo à dona Maria Gertrudes, 80. Graças a ela, terá provado o que há de melhor na culinária alentejana, mesmo que não vá àquela região. Nascida no Alentejo, ela levou a Lisboa as receitas da família.


Da cozinha de dona Maria Gertrudes só saem pratos autênticos. "Aqui em Lisboa quase não há igual a gente. Aqui é um ritual alentejano, não tem esse negócio de misturar sabores de outras regiões, não", diz.Aberto há oito anos, frequentado por portugueses e distante do circuito turístico O Galito faz parte dos endereços obrigatórios. Há pratos mais básicos, mas O Galito é lugar para iniciados.Comece com a cabeça de xara -cabeça do porco cozida, prensada e fatiada. O aspecto lembra o rosbife, mas o sabor (suave) e a textura (desmancha na língua) são incomparáveis. Entre os pratos, ela sugere o borrego."Sabe o que é uma ovelha? Pois o borrego é o filho dela." Por encomenda, dá para pedir a lebre com nabos de grão e o coelho bravo frito com arroz de coentros.

Em Fátima, Tia Alice é endereço certo para provar culinária local


Não pense que só vai a Fátima quem tem motivação religiosa. A cidade recebe cada vez mais portugueses, de diversas partes do país, para almoçar ou jantar num endereço certeiro para provar o tempero da boa culinária local: o restaurante Tia Alice .O ambiente é aconchegante, à meia-luz, e o atendimento é de primeira, com os dois filhos de dona Alice Marto, 75, que comanda a cozinha, circulando pelo restaurante, sempre atentos.Prove a bem temperada morcela de arroz (3), um embutido feito com sangue de porco, pedaços de miúdos e, como o nome denuncia, arroz.


A receita pode assustar, mas o resultado é delicioso.Tudo é servido em louças pintadas a mão, que podem ser compradas na loja que fica no mesmo endereço, no nível da rua -impossível, aliás, não cair na tentação de passar nela para levar uma lembrança, que, com toda certeza, fará a festa dos amigos e parentes na volta.Aberto há 22 anos, o restaurante Tia Alice é um achado em Fátima. Fica ao lado de um cemitério, próximo ao santuário de Fátima e em frente à igreja em que foram batizadas as três crianças que teriam visto Nossa Senhora em 1917. Dona Alice, aliás, tem parentesco com os irmãos Francisco e Jacinta. De sobrenome Marto, o pai de dona Alice era primo do pai dos meninos.(PPR)


Escondido, restaurante no sul do país surpreende viajante


Se tiver apenas um dia para conhecer um restaurante fora de Lisboa, ou se quiser conhecer a comida alentejana in loco, vá ao Tomba Lobos, em Portalegre.Depois de menos de três horas de carro, dificilmente o viajante encontrará o restaurante sem dar uma ligadinha perguntando as coordenadas.Mesmo ligando, quem procurar pela fachada de um restaurante continuará perdido.


O Tomba Lobos fica em uma casa. Branca, simples e com um ar interiorano que vai fazer com que o visitante sinta que está entrando para comer com a vovó.No lugar dela, no entanto, comanda a cozinha o chef José Júlio Vintém, 38, dono do restaurante. Para petiscar, peça a saborosa orelha de porco grelhada (6,90), preparada com alho e coentro.De prato principal, o rabo de boi -que leva três dias para ser preparado- ( 12,75) é imperdível. Outra boa opção é o bacalhau com aspargos gratinado ( 11,75). (PPR)

Cenário e sabor se unem nas margens do rio Douro


Chef de casa em Armamar divide seu tempo com novo endereço, no Porto Menu degustação do restaurante DOC tem creme de aspargos, polvo a lagareiro e sorvete de azeite
Uma viagem até Armamar rende um passeio não somente saboroso mas também relaxante. Observar as paisagens que se formam ao longo da margem do Douro rende uma sensação única, de paz.E fazer uma refeição neste cenário é impagável. Por isso, se estiver seguindo um roteiro gastronômico pelo país, não deixe de ir em busca da truta, do bacalhau e do cabrito assado nos arredores, típicos da gastronomia local.Para provar o que há de melhor na região, vá até Folgosa do Douro, em Armamar.


O restaurante DOC é jovem -tem apenas três anos-, mas faz trabalho de gente grande. Tanto nos pratos quanto no antedimento -ambos impecáveis.Quem pede o "menu degustação azeite" ( 60) prova o creme de aspargos com vieiras e ravióli de cogumelos em azeite trufado. E isso é só o começo de uma saga.Chegarão ainda o polvo a lagareiro, a carne vermelha salteada em azeite com batata gratinada e a torta de maçã com queijo de cabra e sorvete de azeite. O sucesso da casa é tanto que o chef, Rui Paula, acaba de abrir outra casa, chamada DOP, no Porto.

Em Lisboa, cliente vê prato ser feito no meio do restaurante


Em O Mercado de Peixe, é possível escolher mercadoria fresca.
Pastéis de bacalhau, sopa de camarão, ostra recheada, caldeirada, filete de porco fresco... Em matéria de sabores, Lisboa é um microcosmo de Portugal. E dificilmente você sairá de lá sem ter comido muito - e bem.No circuito turístico, dá para encontrar boas opções, mas quem sair dele aproveitará mais. Para não se perder no meio de tantos endereços, o melhor a fazer é comprar um guia de gastronomia.A partir daí, o segredo é se aventurar em lugares com propostas diferentes, como o restaurante O Mercado de Peixe, ou em outros, mais convencionais, mas sempre lotados de portugueses, como o Solar dos Nunes


No primeiro, como o nome sugere, você escolhe o peixe que quer comer como se estivesse em uma feira ou num mercado de peixes frescos.Depois de o cliente escolher o preferido ou o mais suculento, o peixe é pesado e segue para a grelha. Há uma cozinha, de onde saem porções de batata e saladas. Mas o peixe escolhido é preparado no meio do restaurante.Para começar, peça o presunto de pata negra ( 12,10). O peixe pregado, bastante consumido na região, é um dos mais caros do restaurante (58,30), mas dá para duas pessoas. Para quem gosta de um digestivo, a casa tem o licor Beirão ( 4,50, a dose).Já no Solar dos Nunes, a dica é ignorar a cara amarrada dos garçons.


No dia da visita da reportagem, o prato de bacalhau, recomendado no menu do dia, não estava espetacular. Mas o lugar é aclamado e frequentado por gente do futebol e amantes da bola.Aliás, basta começar a falar sobre o tema que os garçons -um deles brasileiro, palmeirense- e o pessoal da cozinha desamarram a cara e viram seus melhores amigos em dois segundos. "Benfica" e "Sporting" são as palavras mágicas. (PPR)


Cervejarias atraem com bons pratos e mariscos


Casa que serve cerveja há 170 anos alia a bebida a pratos saborosos Prédio já foi convento e hoje abriga a mais antiga cervejaria do país, atraindo turistas de toda parte do mundo
A Trindade é a mais antiga cervejaria de Portugal.O local passou de convento -o da Santíssima Trindade, fundado em 1294- a fábrica de cerveja no ano de 1834. Para servir a bebida pela primeira vez, há 170 anos foi aberto um balcão.Hoje, vale passar na Trindade não somente para bebericar, mas também para provar uma refeição completa.O ambiente é despretensioso. Os pratos, gostosos e bem servidos. Com tanta história, o lugar atrai tanto os locais quanto os turistas. E vale a visita. Experimente o bife à portuguesa ( 13,50).Os salões são bonitos, com decoração bem portuguesa, com alguns painéis de azulejos feitos pelo pintor Luís Ferreira no século 19.RamiroCompara à cervejaria Trindade, a Ramiro é muito jovem: tem 54 anos. A casa, que com os anos passou a focar seu negócio no conceito de "marisqueira", possui atualmente três pisos. No primeiro deles, dá para ver os mariscos no viveiro.Uma boa pedida para iniciar os trabalhos é a porção do presunto pata negra. (PPR)


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2 Comentários

Comentários

  1. Olá, maninha!

    Parabéns pelo post.

    Porém, deixa que te diga que para além de algo confuso, em minha opinião não faz jus ao título.

    Com efeito, do Norte de Portugal apenas foca um restaurante de Armamar.

    Fica a sensação que a autora, na sua viagem por terras lusas, apenas se ficou pelo centro e sul do país e que se calhar só por acaso é que foi parar a uma vila do Norte, neste caso, Armamar.

    Ora, quando se fala em gastronomia portuguesa nada fica completo se não se fizer referência à riqueza culinária do Minho, região do nosso Manel.

    Isto já para não falarmos no Douro Litoral, como por exemplo, nas famosas "Tripas à moda do Porto", carago!

    eheheheheh

    Abraçom, digo, abração

    :)

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  2. Olà querida Guta!estou completamente de acordo com o que disse o Mindo.No entanto este teu post so da mesmo vontade de pegar o avion e ir visitar esses restuarantes todos, se sentar à mesa e saboriar tados essas delicias da gastronomia Portuguesa.Beijinhos

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