Balé e batuque

DO TEXTO:

A Cia Vidança Estreou na terça feira , no Theatro José de Alencar, o espetáculo Ruas de Sonhos

Estreiou nesta terça-feira, às 20 horas, no Theatro José de Alencar, o espetáculo Ruas de Sonhos da Cia. Vidança, que traz no seu corpo de baile cerca de 180 jovens que trarão no palco representações artísticas que vão do balé clássico ao batuque da percussão popular. A Escola de Artes e Ofícios Vidança é uma escola de pesquisa, criação e ensino da dança que, ao longo de 29 anos vem trabalhando os dons artísticos de meninos e meninas da periferia, com idades que variam de 7 a 24 anos, residentes da Barra do Ceará. Todo o espetáculo é cuidadosamente feito por eles que, além de ensaiar diariamente, produzem ainda os figurinos, o cenário e os instrumentos. O espetáculo é dividido em três grandes momentos: Paquita, A Alma Afoita de Maria Amélia e Tambatuque.

Paquita é um balé de repertório que estreou no Teatro Royal de Música, em 1° de abril de 1846. A história, que se passa na Espanha na época em que o país enfrentava a invasão napoleônica, conta a história de Paquita, moça que foi raptada ainda na infância por ciganos que mataram seus pais e a criaram. Conhece Lucien, filho de um general francês que logo se apaixona por ela. O moço, porém, já é comprometido com a filha de um governador espanhol, compromisso feito por razões políticas que não agrada a nenhum dos dois envolvidos e nem muito menos ao pai da moça, que não deseja ver sua filha casada com um francês. Paquita, porém não aceita as investidas de Lucien por ser de um nível social inferior ao do rapaz. Na história ainda aparece Inigo, um cigano apaixonado por Paquita que, não contente de ver a amada suspirando por outro homem, trama com o governador para matar Lucien. Paquita, ciente da cilada que estão armando para o amado, alerta-o. O clímax acontece quando os apaixonados descobrem que Paquita é nobre, prima de Lucien e os dois enfim podem se casar.

A segunda parte do espetáculo será reservada para a dança contemporânea. A Alma Afoita de Maria Amélia foi montado em 2008, pelas coreógrafas Anália Timbó e Maria Paula Costa Rego (PE). O trabalho chama para uma reflexão profunda sobre desejo e dança, paixão e obstinação. Foi Maria Amélia quem trouxe a dança moderna para Fortaleza na década de 50.

O grupo de Percussão Tambatuque do Vidança é quem faz as honras no terceiro ato e entram no palco tamborilando as matrizes da cultura brasileira, trazendo um resultado de dedicação e arte. O grupo, formado em 2001, também fabrica os próprios instrumentos. Em uma breve entrevista por telefone, Anália Timbó, no meio do corre-corre, entre uma ordem e outra ``Traz o saco de fuxico para cá, leva o saco de fuxico para lá``, nos falou um pouco sobre a expectativa do grupo para este espetáculo. ``Na verdade é o sonho, é o desejo de ver tudo isso concretizado. Trabalhamos muito durante o ano todo, desde a montagem, os ensaios, a costura, enfim é poder ver o que foi feito ao longo do ano no palco, em cena``, adianta a coreógrafa. Ela conta ainda que a escolha de Paquita foi feita pelo próprio grupo que, constituído basicamente de meninas, cerca de 70%, viram na personagem uma semelhança com a realidade. ``Elas escolheram o tema e se identificaram, o abandono, as dificuldades. Paquita sofre, mas nunca para de dançar e no final de tudo ainda encontra seu príncipe encantado e vivem felizes para sempre``.

Jornal O Povo
Vida & Arte
27/10/2009


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Mazé Silva
Colaboradora do Splish Splash

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