Clara Nunes - Uma das Maiores Cantoras de Samba do Brasil

DO TEXTO:
CLARA NUNES - Biografia
Clara Nunes nasceu em Paraopeba, MG, em 12 de agosto de 1943. O pai, Mané Serrador, era violeiro e cantador de folias-de-reis. Órfã desde pequena, aos 16 anos foi para Belo Horizonte, onde conseguiu empregar-se como operária numa fábrica de tecidos, onde trabalhou se pai.
Naquela época, Clara participava de aulas de
catecismo na matriz da Cruzada Eucarística. Lá também cantava ladainhas em latim no coro da igreja.
Na capital mineira, Clara trabalhou como tecelã durante o dia e fez o curso normal à noite. Aos finais de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava. Naquela época, conheceu o
violonista Jadir Ambrósio,
Segundo as suas próprias palavras, cresceu ouvindo
Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio. Em 1952, ainda menina, Clara venceu seu primeiro concurso de canto organizado em sua cidade, interpretando "Recuerdos de Ypacaraí". Como prêmio, ganhou um vestido azul.
Naquela época, conheceu o
violonista Jadir Ambrósio, conhecido por ter composto o hino do Cruzeiro). Admirado com a voz da jovem de 16 anos, Jadir levou Clara a vários programas de rádio, como "Degraus da Fama", no qual ela se apresentou com o nome de Clara Francisca.

A mundança de Nome
No início da
década de 1960, Clara conheceu também Aurino Araújo (irmão de Eduardo Araújo), que a levou para conhecer muitos artistas. Aurino também seria seu namorado durante dez anos. Por influência do produtor musical Cid Carvalho, mudou o nome para Clara Nunes, usando o sobrenome da mãe.
Em
1960, já com o nome de Clara Nunes e ainda como tecelã, ela venceu a etapa mineira do concurso "A Voz de Ouro ABC", com a música "Serenata do Adeus", composta por Vinicius de Moraes e gravada anteriormente por Elizeth Cardoso. Na final nacional do concurso realizada em São Paulo, Clara Nunes obteve o terceiro com a canção "Só Adeus" (de Jair Amorim e Evaldo Gouveia).
A partir daí, Clara Nunes começou a cantar na Rádio Inconfidência de
Belo Horizonte. Durante três anos seguidos foi considerada a melhor cantora de Minas Gerais. Ela também passou a se apresentar como crooner em clubes e boates na capital mineira e chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento - àquela altura conhecido como Bituca.
Naquela época, fez sua primeira apresentação na
televisão, no programa de Hebe Camargo em Belo Horizonte. Em 1963, Clara Nunes ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi, chamado "Clara Nunes Apresenta" e exibido por um ano e meio. No programa se apresentavam artistas de reconhecimento nacional, entre os quais Altemar Dutra e Ângela Maria.
Viveu em Belo Horizonte até
1965, quando se mudou para a cidade do Rio de Janeiro, mas especificamente para Copacabana.

Os Primeiros Discos
Já no Rio de Janeiro, Clara Nunes se apresentava em vários programas de televisão, como José Messias, Chacrinha, Almoço com as Estrelas e Programa de Jair do Taumaturgo. Antes de aderir ao samba, Clara cantava especialmente boleros. Além de emissoras de rádios e televisão, ela também percorreu escolas de samba, clubes e casas noturnas nos subúrbios cariocas.
Ainda em
1965, ela passou por um teste como cantora na gravadora Odeon, onde registrou pela primeira vez a sua voz em um LP. O disco foi lançado pela Rádio Inconfidência (onde Clara trabalhou quando morava em Belo Horizonte) e contava com a participação de outros artistas, todos da Odeon.
No
ano seguinte, Clara foi contratada por esta gravadora, a primeira e a única em toda a sua vida. Naquele mesmo ano, foi lançado o primeiro LP oficial da cantora, "A Voz Adorável de Clara Nunes". Por insistência da gravadora para que ela interpretasse músicas românticas, Clara apresentou neste álbum um repertório de boleros e sambas-canções, mas o LP foi um fracasso comercial. Em 1968, Clara Nunes gravou "Você Passa e Eu Acho Graça", seu segundo disco na carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título (de Ataulfo Alves e Carlos Imperial) foi seu primeiro grande sucesso radiofônico.
No
ano seguinte, a Odeon lançou "A Beleza Que Canta", LP no qual a cantora interpretou "Casinha Pequena", uma canção de domínio público. Ainda em 1969, Clara Nunes ganhou o primeiro lugar no "I Festival da Canção Jovem de Três Rios" com a música "Pra Que Obedecer" (de Paulinho da Viola e Luís Sérgio Bilheri) e ainda classificou a canção "Encontro" (de Elton Medeiros e Luís Sérgio Bilheri) na terceira colocação. Ficou em oitavo lugar "IV Festival Internacional da Canção Popular" com a música "Ave Maria do Retirante" (de Alcyvando Luz e Carlos Coqueijo), que foi lançada naquele mesmo ano em disco homônino.

A Afirmação no Samba
Em 1970, Clara Nunes se apresentou em Luanda, capital angolana, em convite de Ivon Curi. No ano seguinte, a cantora gravou seu quarto LP, no qual interpretou e "É Baiana" (de Fabrício da Silva, Baianinho, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), música que obteve considerável sucesso no carnaval de 1971, e "Ilu Ayê", samba-enredo da Portela (de autoria de Norival Reis e Silvestre Davi da Silva). Na capa do álbum, a cantora mineira fez um permanente nos cabelos pintados de vermelho e passou a partir daí a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras.

Em 1972, Clara se firmou como cantora de samba com o lançamento do álbum "Clara Clarice Clara". Com arranjos e orquestrações do maestro Lindolfo Gaya e com músicos como o violonista Jorge da Portela e Carlinhos do Cavaco, o disco teve como grandes destaques as canções "Seca do Nordeste" (um samba-enredo da escola de samba Tupi de Brás de Pina), "Morena do Mar" (de Dorival Caymmi), "Vendedor de Caranguejo" (de Gordurinha), "Tributo aos Orixás" (de Mauro Duarte, Noca e Rubem Tavares) e a faixa-título "Clara Clarice Clara" (de Caetano Veloso e Capinam.

Ainda naquele ano, Clara Nunes se apresentou no "Festival de Música de Juiz de Fora" e gravou um compacto simples da música "Tristeza, Pé no Chão" (de Armando Fernandes), que vendeu mais de 100 mil cópias.

A Odeon lançou em 1973 o disco "Clara Nunes". Naquele mesmo ano, a cantora estreou com Vinicius de Moraes e Toquinho o show "O poeta, a moça e o violão" no Teatro Castro Alves, em Salvador. Também em 1973, Clara foi convidada pela Rádio e Televisão Portuguesa para fazer uma temporada em Lisboa. Depois, percorreu alguns outros países da Europa, como a Suécia, onde gravou um especial ao lado da Orquestra Sinfônica de Estocolmo para a TV local.

Sucesso Comercial

Clara Nunes integrou a comissão que representou o Brasil no "Festival do Midem", em Cannes, em 1974. Por lá, a Odeon somente para o público europeu o disco "Brasília", que foi base para o LP "Alvorecer". Este álbum emplacou grandes sucessos.
O LP bateu recorde de vendagem para cantoras brasileiras, com mais de 300 mil cópias vendidas, um feito nunca antes registrado no Brasil.
Também em 1975, a Odeon lançaria ainda o LP "Claridade". Com grandes sucessos como "O Mar Serenou" (de Candeia) e "Juízo Final" .

Este álbum se tornou o maior sucesso da carreira da cantora, batendo o recorde de vendagem feminina e alavancando samba-enredo da Portela na avenida, "Macunaíma, Herói da Nossa Gente" (de autoria de Norival Reis e Davi Antônio Correia), com o qual a escola classificou-se em 5º lugar no Grupo 1. Ainda naquele ano, Clara se casou com o poeta, compositor e produtor Paulo César Pinheiro e percorreu vários países da Europa em turnê.

Clara Nunes gravou o LP "Canto das Três Raças" em 1976. Em 1977, a Odeon lançou o disco "As Forças da Natureza", um álbum mais dedicado ao partido alto.

Em 1978, foram lançados os álbuns "Guerreira", no qual Clara interpretou vários ritmos brasileiros além do samba - sua marca registrada -, e "Esperança", com destaque para a faixa "Feira de Mangaio" (de Sivuca e Glorinha Gadelha).

Em 1979, Clara participou do LP "Clementina", de Clementina de Jesus. Naquele mesmo ano, a cantora mineira se submetia a uma histerectomia (remoção do útero), após sofrer três abortos espontâneos. Por nutrir obsessão pela maternidade, a impossibilidade de ser mãe causou a Clara Nunes fortes abalos emocionais, superados pela entrega absoluta à carreira artística.


Os Últimos Anos de Vida

Em 1980, Clara Nunes gravou o álbum "Brasil Mestiço", que fez sucesso nas emissoras de rádio de todo o país com "Morena de Angola" (composta por Chico Buarque em sua homenagem), "Brasil Mestiço, Santuário da Fé" (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), "Peixe com Coco" (de Alberto Lonato, Josias e Maceió do Cavaco), "Última Morada" (de Noca da Portela e Natal) e "Viola de Penedo" (de Luiz Bandeira). Ainda naquele ano, a cantora participou dos LPs "Cabelo de Milho" (de Sivuca) e "Fala Meu Povo" (de Roberto Ribeiro), e viajou para Angola representando o Brasil ao lado de Elba Ramalho, Djavan, Dorival Caymmi e Chico Buarque, entre outros.

Gravou em 1981 o LP "Clara", com grande sucesso para a música "Portela na Avenida" (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), com a participação especial da Velha Guarda da Portela nesta faixa, e estreou o show "Clara Mestiça" (dirigido por Bibi Ferreira). Ainda naquele ano, a Odeon lançou uma coletânea intitulada "Sucesso de Ouro".

Em 1982, a Odeon lançaria "Nação", o último álbum de estúdio da cantora. O LP teve como destaques a faixa-título (de João Bosco, Aldir Blanc e Paulo Emílio), "Menino Velho" (de Romildo e Toninho), "Ijexá" (de Edil Pacheco), "Serrinha" (de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro) - uma homenagem dos compositores à escola de samba Prazer da Serrinha e ao Morro da Serrinha, reduto do jongo, situadas em Vaz Lobo, subúrbio carioca. Ainda naquele ano, Clara se apresentou na Alemanha ao lado de Sivuca e Elba Ramalho e participou do LP "Kasshoku", lançado no Japão pela gravadora Toshiba/EMI, gravando um especial para a emissora de TV NHK.


Morte Polêmica

Em 5 de Março de 1983, Clara Nunes se submeteu a uma aparentemente simples cirurgia de varizes, mas a cantora acabou tendo uma reação alérgica a um componente do anestésico. Clara sofreu uma parada cardíaca e permaneceu durante 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Neste interím, a cantora foi vítima de uma série de especulações que circulavam na mídia sobre sua internação, entre elas "inseminação artificial, aborto, tentativa de suicídio, surra de seu marido Paulo César Pinheiro", em episódio semelhante ao ocorrido na morte de Elis Regina, no ano anterior.

Na madrugada de 2 de abril de 1983 - um Sábado de Aleluia -, Clara Nunes entrou oficialmente em óbito aos 39 anos de idade, vítima de um choque anafilático. A sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro na época foi arquivada, o que geraria por muitos anos suspeitas sobre as causas da morte da cantora. O corpo da cantora foi velado por mais de 50 mil pessoas na quadra da escola de samba Portela. O sepultamento no Cemitério São João Batista foi acompanhado por uma multidão de fãs e amigos. Em sua homenagem, a rua em Oswaldo Cruz onde fica a sede da Portela, sua escola de coração, recebeu seu nome.


Fonte:

http://www.cliquemusic.com.br/artistas/clara-nunes.asp
http://images.quebarato.com.br/photos/big/1/7/332F17_2.jpg
http://www.claranunes25anos.blogspot.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Clara_Nunes




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3 Comentários

Comentários

  1. Olà Mazé! bonita biografia e triste ao mesmo tempo por terminar muito cedo e tràgicamente.Mazé eu nao conhecia mas parecia ser uma artista com muito talento mas o nosso destino nao o podemos dominar. Bons baisers de France pour toi et tous les Bresiliens.

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  2. Oi Mazé!

    Uma bela postagem sobre a querida Claras Nunes. Uma bela cantora em todos os sentidos.Senti muito sua morte, foi uma coisa estúpida.

    Parabéns amiga, duas vezes, pela postagem e pelo capricho.

    Beijos,
    Carmen Augusta

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  3. Melhor cantora de samba deste país...a amo muito...para sempre clara Nunes

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