Ah Roberto, Roberto… metem-te em cada uma!

DO TEXTO: a propósito da entrevista que Roberto Carlos concedeu ao programa “Fantástico” da Rede Globo, sobre a polémica das biografias.


Por: Armindo Guimarães

É sabido que antes de uma entrevista o repórter reúne o máximo de informações disponíveis sobre o assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada, de forma a que durante a entrevista formule perguntas que levem o entrevistado a fornecer informações novas e relevantes. O que muitos talvez desconheçam é que na bagagem que o jornalista leva com ele para a entrevista existe uma certa dose de perspicácia e de persistência que usa para com o entrevistado com vista a que este não fuja às perguntas e responda em concreto, muitas vezes indo além do que seria de esperar pelo entrevistador.

Tal como o entrevistador, é normal que também o entrevistado se prepare minimamente para a entrevista, porém, a não ser que seja um “habitué” neste campo, facilmente a sua preparação cai por terra face a um experiente entrevistador, em especial quando a entrevista é dialogal e na televisão em que o conteúdo emocional é mais preponderante.

Vem isto a propósito da entrevista que o cantor/compositor Roberto Carlos concedeu recentemente ao programa “Fantástico” da Rede Globo, sobre a polémica das biografias em consequência da acção judicial que em 2007 o cantor moveu contra Paulo César de Araújo, autor da biografia “Roberto Carlos em Detalhes” de que resultou a proibição da venda e a consequente retirada de milhares de exemplares em todo o Brasil, facto que desde então tem feito correr muita tinta que se alastrou quando recentemente uma consulta das editoras sobre o tema chegou ao Supremo e outros cantores, como Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso se manifestaram contra as biografias não autorizadas, indo ao encontro da posição de Roberto Carlos que sobre a matéria há muito já se havia largamente manifestado.

Daí que a entrevista foi, quanto a nós, um bater na mesma tecla, que o mesmo é dizer insistir num ponto mais que repisado que de novidade só teve o fato de Roberto Carlos, publicamente e pela primeira vez na versão falada, se ter referido ao acidente de trem de que foi vítima em criança e que resultou da perda de parte da sua perna direita. E dizemos “versão falada” porque já o havia feito na versão escrita e cantada, através de duas das suas mais comoventes canções, primeiro em 1971 com o tema Traumas: “Minha mulher em certa noite/ao ver meu sono estremecido/falou que os pesadelos são/algum problema adormecido/durante o dia a gente tenta/com sorrisos disfarçar/alguma coisa que na alma/conseguimos sufocar…” e em 1972 com o tema O Divâ: ”Relembro bem a festa, o apito/e na multidão um grito/o sangue no linho branco…”.

E se, para além disso, a entrevista trouxe alguma ilação ao público em geral, foi a de que, na verdade, o Rei não é casmurro. Disse ele, na sua flexibilidade, que é a falar que a gente se entende, quiçá esquecendo-se que muitos não querem ouvir.

Ah Roberto, Roberto… metem-te em cada uma do carago, pá!

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Vídeo da entrevista do Fantástico - Roberto Carlos fala sobre polêmica das biografias

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1 Comentários

Comentários

  1. Bravo maninho!
    Gostei de ver!
    Texto ótimo, escrito na hora certa!
    Parabéns!

    Realmente:"Ah Roberto, Roberto… metem-te em cada uma do carago, pá"!

    Beijos,
    Guta

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