A vida após o tratamento oncológico exige novos cuidados e escolhas conscientes para o futuro
Cada sobrevivente carrega uma história de coragem e renascimento
São Paulo – outubro 2025 - O diagnóstico de câncer assusta, mas a evolução do rastreio e dos tratamentos dão maior sobrevida aos pacientes. Muitos deles são caracterizados como sobreviventes do câncer, um conceito que vai além da cura. “A Sociedade Americana do Câncer e o Instituto Nacional do Câncer adotam uma visão ampla para esse termo: um sobrevivente de câncer é qualquer pessoa que recebeu um diagnóstico de câncer, independentemente de sua fase de tratamento ou jornada de vida. Isso significa que um sobrevivente de câncer pode ter sido diagnosticado recentemente, estar em tratamento ativo e continuar recebendo cuidados que o ajudarão a viver melhor e por mais tempo, ou ter histórico de câncer e não estar mais recebendo tratamento”, explica o oncologista Dr. Ramon Andrade de Mello*, oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil (São Paulo).
De acordo com o médico, uma ampla gama de tratamentos, como cirurgias, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia, terapia hormonal, terapia direcionada e outros, pode erradicar a doença e/ou prolongar a vida das pessoas após um diagnóstico de câncer. “No entanto, o próprio câncer e esses tratamentos que salvam vidas podem ter efeitos duradouros no bem-estar mental, emocional, financeiro e físico”, pondera. “A vida após o câncer exige um conjunto de estratégias para ajudar o paciente a enfrentar quaisquer desafios. A recuperação do câncer é multifacetada, portanto, os cuidados de sobrevivência também devem ser. Buscar e receber cuidados de sobrevivência baseados em evidências pode ajudar o paciente a melhorar sua qualidade de vida diária e sua saúde geral”, comenta o médico.
O atendimento ideal de sobrevivência deve incluir alguns conceitos. “Primeiramente, são importantes as estratégias para prevenir o câncer e lidar com as consequências do tratamento do câncer, sejam elas físicas ou psicológicas. Um cronograma de testes e exames para detectar precocemente qualquer recorrência ou novos cânceres se faz necessário”, diz o médico. Além disso, o oncologista indica um plano pessoal para comportamentos saudáveis, que inclua encontrar maneiras de ter equilíbrio energético. “Nesse ponto, é importante que o paciente mantenha-se ativo, adote padrões alimentares saudáveis, busque uma faixa de peso saudável, evite substâncias que aumentam os riscos de câncer, como álcool e tabaco, tenha um sono reparador, pratique estratégias de alívio do estresse, como meditação, atenção plena e respiração profunda, e cuide das conexões e relacionamentos sociais que dão alegria e significado à vida”, comenta o especialista.
Além disso, o oncologista explica que é necessário tirar todas as dúvidas com o médico que conduzirá o tratamento. “Faça perguntas-chave à equipe de tratamento do câncer: Quem supervisionará os cuidados de sobrevivência? Se o paciente consultar mais de um médico ou clínico, como ajudar a garantir que o tratamento seja bem coordenado? Com que frequência exames, testes e tomografias são recomendados? Isso mudará com o tempo? Que tipos de exames são recomendados? Exames de imagem, testes de biomarcadores de câncer, exames de sangue ou biópsias de tecido ou sangue/líquido, por exemplo, e quais tipos de exames serão mais úteis?”, comenta o Dr. Ramon.
O oncologista também ressalta que os planos de cuidados de sobrevivência variam dependendo de muitos fatores, incluindo idade no momento do diagnóstico, tratamentos, estágio e tipo de câncer. “Por exemplo, sobreviventes de câncer infantil, sobreviventes de câncer de mama, sobreviventes de câncer de próstata e sobreviventes de câncer de pâncreas têm diferentes necessidades de saúde e bem-estar. Em alguns casos, são recomendados testes variados para triagem de câncer recorrente e novo, guiados por riscos relacionados a genes, histórico familiar, efeitos tardios de certos tratamentos e outros fatores. Em outros casos, devemos identificar se a paciente pretende ter filhos, pois alguns tratamentos podem prejudicar a fertilidade. Nesses casos, podemos indicar especialistas para realização de técnicas de preservação de gametas”, explica o Dr. Ramon. “E, em alguns casos, devemos atuar para prevenir ou aliviar os efeitos de longo prazo da experiência do câncer e/ou de certos tratamentos, como fadiga, perda auditiva, sistema imunológico mais fraco, problemas cardíacos ou alterações nas habilidades de pensamento e memória”, orienta o oncologista.
Por fim, o Dr. Ramon lembra que sobreviver ao câncer é muito mais do que vencer uma doença: é reconstruir-se em novos contornos, com novas prioridades e uma consciência renovada sobre o valor da vida. “O acompanhamento contínuo, os cuidados personalizados e as escolhas saudáveis são pilares que sustentam essa nova etapa, marcada por desafios, mas também por profundas transformações. Cada sobrevivente carrega em si uma história de coragem e superação que merece ser reconhecida, respeitada e apoiada. Afinal, a vida após o câncer não é apenas possível, mas pode ser plena, significativa e repleta de novos começos”, finaliza o Dr. Ramon.
*DR. RAMON ANDRADE DE MELLO: Médico oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil (São Paulo), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Pós-Doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra), pesquisador sênior do CNPQ (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico), Brasil, vice-líder do programa de Mestrado em Oncologia da Universidade de Buckingham (Inglaterra), Doutor (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal). Tem MBA em gestão de clínicas, hospitais e indústrias da saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), São Paulo. É pesquisador e professor do Doutorado da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), de São Paulo. Membro do Conselho Consultivo da European School of Oncology (ESO). O oncologista tem mais de 122 artigos científicos publicados, é editor de 4 livros de Oncologia, entre eles o Medical Oncology Compendium, Elsevier, de 2024. É membro do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP. Instagram: @dr.ramondemello
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A vida após o tratamento oncológico exige novos cuidados e escolhas conscientes para o futuro
Uma romântica que acredita no amor eterno. Redatora do Portal Splish Splash. VER PERFIL
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