Espinhas internas: o risco de cutucar e espremer

Espinhas internas são lesões profundas da acne que, se manipuladas, podem deixar manchas, cicatrizes e agravar a inflamação. Saiba como tratar correta
Close de um homem pressionando dolorosamente o rosto com espinha interna inflamada.

Espinhas internas podem causar cicatrizes e inflamações mais graves na pele


Mexer na espinha interna só piora: pare antes que deixe marca!


São Paulo – junho 2025 - A acne é uma condição de pele que se manifesta de diversas formas. E uma delas é conhecida popularmente como espinha interna, apesar do nome correto ser acne nódulo-cística. “Essa é uma forma mais grave que acomete as camadas mais profundas da pele causando dor e desconforto”, explica o dermatologista Dr. Rômulo Malaquias, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo (SBD-RESP)*. “Essa inflamação profunda na pele está associada à infecção e à obstrução do folículo pilossebáceo. Elas aparecem como nódulos vermelhos, quentes, doloridos e que não costumam drenar espontaneamente, ao contrário das espinhas superficiais, que se tornam visíveis na forma de cravos ou pústulas (espinhas com cabeça ‘branca’)”, completa a Dra. Caroline Benevides Farkas, dermatologista e membro da SBD-RESP. “Assim como em todo caso de acne, não é indicado espremer nem cutucar as lesões, pois isso pode causar danos, como infecções, cicatrizes e manchas. No caso específico da espinha interna, isso pode causar uma inflamação descontrolada”, alerta a dermatologista Dra. Sylvia Ypiranga, membro da diretoria da SBD-RESP.

Segundo o Dr. Rômulo, a espinha interna começa a se formar quando restos de células da camada mais superficial da pele se acumulam como um tampão na saída do folículo piloso, impedindo a saída do sebo. “Esse desequilíbrio, aliado a alterações hormonais, proliferação de bactérias e predisposição genética leva ao rompimento do folículo e inflamação nas camadas mais profundas da pele, causando o nódulo característico da espinha interna”, diz o dermatologista. “Quando tentamos forçar a drenagem de uma espinha que não possui uma abertura natural, o conteúdo pode ser pressionado para camadas mais profundas da pele, espalhando as bactérias para áreas vizinhas. Isso aumenta o risco de infecção e inflamação, o que, por sua vez, intensifica a vermelhidão, o calor, a dor e a duração da lesão. Além disso, essa inflamação prolongada eleva a chance de formação de cicatrizes, deixando marcas permanentes na pele”, enfatiza a Dra. Caroline Benevides Farkas.

Para o tratamento, o primeiro e mais importante passo é não espremer a espinha. “Muitas pessoas que já tentaram essa abordagem perceberam que a lesão piora e causa mais dor após a manipulação. Para tratar a espinha interna, o ideal é associar compressas mornas e produtos secativos com ácido salicílico. Pomadas de corticoide tópico podem ser usadas por até 3 dias sobre as lesões para desobstruir o folículo e diminuir a inflamação, mas é muito importante não prolongar seu uso. Em casos mais resistentes, o dermatologista capacitado pode realizar a infiltração de medicamento na espinha para acelerar o seu desaparecimento”, destaca o Dr. Rômulo Malaquias.

Se o quadro de acne for grave ou constante, o dermatologista precisa ser consultado. “O mais eficaz é a prevenção e o tratamento adequado da acne com um dermatologista. A abordagem precoce reduz o risco de novas lesões e a formação de cicatrizes. Em casos leves, o uso de produtos adequados, como sabonetes antioleosidade, protetor solar específico e ácidos, pode controlar a acne. Já em quadros moderados a graves, pode haver indicação de antibióticos orais ou isotretinoína, conforme avaliação médica”, destaca a Dra. Caroline.

 No caso de manchas e cicatrizes presentes na pele, o tratamento dermatológico pode ajudar, segundo a diretora da SBD-RESP. “Medicamentos tópicos e orais podem ser indicados para controlar a acne e evitar cicatrizes e manchas, mas quando essas alterações já estão presentes, o tratamento precisa reorganizar o tecido para tratar as irregularidades da pele (no caso das cicatrizes) com o uso de tecnologias e injetáveis; e, para as manchas, é indicado o uso de produtos dermatológicos e lasers que atuem no controle da produção de melanina”, finaliza a Dra. Sylvia Ypiranga.

*SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA – REGIONAL SÃO PAULO (SBD-RESP): Fundada em 1970, a SBD-RESP é uma entidade médica criada para fomentar a pesquisa, o ensino e o aprimoramento científico da Dermatologia como especialidade médica. A SBD-RESP reúne todos os dermatologistas filiados e os serviços credenciados do Estado de São Paulo, que são constituídos por hospitais com cursos de especialização em Dermatologia (residência médica e/ou estágio) certificados pela SBD Nacional. Atualmente, a SBD-RESP reúne cerca de 4.000 associados e organiza uma série de eventos de ensino e de reciclagem. Entre eles: RESP em foco, Jornadas, COPID (Congresso Paulista de Interligas de Dermatologia), e a RADESP (Reunião Anual dos Dermatologistas do Estado de São Paulo). Instagram: @sbd_resp
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