Pedro Sáfara e Vitorino celebram a língua portuguesa em tom de música e saudade
"Uma ponte cantada entre o “tu” e o “você”, onde a lusofonia ganha voz e coração"
Vimara Porto
Pedro Sáfara lança o single “Tanto Tu!”, apresentando, em conjunto com Vitorino, uma divertida reflexão musical sobre o encontro e a fusão das culturas de Portugal e do Brasil, tema particularmente pertinente dada a proximidade da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Um dos pilares centrais desta canção é a exploração da língua portuguesa nas suas diferentes variantes, capturada de forma poética na frase "Tanto tu tem no você". Esta expressão condensa a complexidade e a beleza da coexistência do "tu" português e do "você" brasileiro, e dos desafios linguísticos "de quem vem para aqui viver, que na língua não se escuta e não se lê". A saudade, sentimento universal das comunidades emigrantes, também encontra eco na canção, como na referência "Da Elis com saudades da Amália".
“Para quem, como eu, nasceu no Alentejo e já teve a ousadia de sambar no Rio de Janeiro, desfilando na Escola de Samba da Mangueira, “Tanto tu” é uma canção com sabor a tinto e a maracujá.
O Pedro Sáfara, que tem um coração do tamanho da língua portuguesa, teve também o romantismo suficiente para me desafiar a cantar com ele esta canção que é, no fundo, uma gramática lusófona da emoção e uma ponte invisível que une as nossas afinidades. Há verbos que só existem no tempo da saudade e pronomes que se encostam uns aos outros como se tivessem dormido juntos. O “Tu” é tão íntimo que parece que vive connosco e o “Tanto” vem em exagero, como tudo o que vale a pena.
É uma espécie de fado-samba cantado a meias num português suave a dois corações e dois sotaques.“
A colaboração entre Pedro Sáfara e Vitorino sublinha essa união, trazendo as sonoridades e sensibilidades de ambos os lados do Atlântico para uma celebração musical da lusofonia.
O lançamento de “Tanto Tu” é acompanhado pela edição física de Florilégio, o seu disco de estreia.
Esta é uma decisão que reafirma o compromisso de Pedro Sáfara com a valorização do trabalho musical como objeto artístico com identidade visual e material próprias que não se perca na fugacidade dos consumos digitais.
Assim, contrariando a lógica dominante do imediato e do streaming, a edição digital de Florilégio, fica agendada para o dia 3 de outubro sendo, até lá, lançados vários singles nas plataformas digitais. Nas palavras de Pedro Sáfara “Neste caminho proponho uma travessia entre o analógico e o digital, refletindo a minha intenção de sensibilizar para a importância da edição tradicional cada vez mais abandonada.”
Compositor em permanente atividade, selecionou 12 canções originais, das muitas que compôs, para este disco Florilégio, com edição pela JUGULAR EDIÇÕES (editora de Inês Vaz, Vitorino ou Janita Salomé).
De estrutura assumidamente simples e com recurso apenas ao seu violão e ao piano de Sérgio Costa, Pedro Sáfara apresenta no disco temas de uma biografia comuns a todos numa proposta musical de elevada qualidade de composição e poética de grande proximidade que nos é trazida pelo timbre suave com que Pedro Sáfara as interpreta.
Diogo Cabrita, autor e melómano, escreveu após a audição de FLORILÉGIO:
"Pedro Sáfara surge com uma persona musical dissonante, que cria uma sensação de instabilidade originada em notas que, aparentemente, não se encaixam harmoniosamente, produzindo tensão. A ideia dos acordes mais usados no balanço harmónico da bossa nova transporta para a mão do tocador uma gestualidade complexa. É uma aranha no braço dos travessões.
Pedro Sáfara é um poeta que se encontra com um músico, coincidentemente com o mesmo nome. Juntos desenrolam um discurso íntimo, por linhas inesperadas procurando uma entidade para o amor, tentando descrever a poesia dos beijos que dois corpos escrevem entre os lençóis. É nesta temática que se procura o convívio com libertação, com uma liberdade que se pratica nas malhas e grades do encontro. Afinal, o amor merece ser vivido, apesar do que ele amarra. O amor dói e soçobra na complexidade da paixão.
Pedro Sáfara é uma descoberta única, com grande originalidade, que brota destas contradições discursivas, cozinhada nestes ingredientes compostos entre tons e letras que fogem da simplicidade, apesar do tema banal das relações. “Nós que nos amamos às metades”.
Letras sem infinitivos, letras sem a obrigação do nexo, uma partitura de onde emerge a diversidade sonora das 7as e 9as diminutas. Ouvir isto num carro, onde se conduz sozinho, é uma conversa poderosa sobre os encontros.”
Pedro Sáfara e Vitorino celebram a língua portuguesa em tom de música e saudade
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