ROPA: entenda o método de fertilização que permite que duas mulheres participem da mesma gestação

O grande diferencial do método ROPA é justamente a participação das duas parceiras na gestação, o que não acontece nos outros procedimentos de reprodu

Criação IA representando 2 mulheres participando na mesma gestação.

 

Foi o método escolhido pela cantora Ludmilla e sua esposa, a bailarina Brunna Gonçalves


No método ROPA, muito buscado por casais homoafetivos femininos, uma das parceiras cede o óvulo e a outra cede o útero para gestar a criança, assim possibilitando que ambas façam parte da gestação

São Paulo – 25/11/2024 - Os tratamentos de reprodução assistida têm se destacado cada vez mais como um caminho para casais homoafetivos do sexo feminino que desejam iniciar uma família. Para esse público, existem algumas opções que podem ajudar a alcançar esse objetivo. Mas, entre elas, uma tem ganhado popularidade: o método ROPA, sigla para Reception of Oocytes from Partner ou, no português, recepção de óvulos da parceira. Inclusive, recentemente, esse foi o método escolhido pela cantora Ludmilla e sua esposa, a bailarina Brunna Gonçalves, para conceberem seu primeiro filho. “O método ROPA é muito procurado por casais homoafetivos femininos. Nele, nós coletamos os óvulos de uma das mulheres do casal, fertilizamos em laboratório com sêmen de um banco de doação e transferimos o embrião formado para o útero da outra parceira, que gestará a criança. Dessa forma, as duas mulheres podem participar desse processo: uma cederá os óvulos e a outra ficará grávida”, explica o especialista em Reprodução Humana Dr. Fernando Prado*, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

O grande diferencial do método ROPA é justamente a participação das duas parceiras na gestação, o que não acontece nos outros procedimentos de reprodução assistida, como a Inseminação Intrauterina (IU) e a Fertilização In Vitro (FIV) convencional. “Na inseminação intrauterina, o sêmen doado é colocado em um catéter (tubinho de plástico flexível) que, por sua vez, é introduzido no colo do útero da paciente para inserção dos espermatozoides diretamente na cavidade uterina, então não há participação da outra parceira”, diz o médico. “Já na FIV convencional, os óvulos são coletados de uma das parceiras e fertilizados com o sêmen doado em laboratório para formação do embrião, que é então transferido de volta para o útero da mulher que cedeu os óvulos, novamente sem participação da outra integrante do casal”.

O Dr. Fernando explica que a fertilização com método ROPA começa com a estimulação ovariana de uma das parceiras. “A paciente recebe hormônios que vão fazer os ovários produzirem mais óvulos do que em um ciclo normal. Então, em vez de produzir apenas um, ela pode produzir 10, 15, 20 ou até mais óvulos em um único ciclo. Esse processo dura cerca de 10 a 12 dias. Após esse período, os óvulos são coletados por meio de ultrassom transvaginal, um procedimento simples, realizado sob efeito de sedação, que dura mais ou menos 20 minutos”, detalha o médico. Em seguida, os óvulos coletados são fertilizados com o sêmen de um doador escolhido previamente pelo casal. “Com o embrião formado, aguardamos cerca de cinco dias até que os embriões atinjam o estado de blastocistos, que é um embrião maduro. Nesse ponto, selecionamos um ou dois embriões que são transferidos para o útero da outra parceira”, acrescenta.

Por fim, o Dr. Fernado Prado ressalta que, apesar de ser um tipo de gestação compartilhada, o bebê não vai ter o DNA das duas mães.  “O DNA predominante é da mulher que forneceu os óvulos. Porém, existe um processo chamado de epigenética, que é o efeito do meio ambiente sobre a expressão dos genes. Então, a mãe que está grávida causará alterações epigenéticas nesses óvulos e a criança nascida desse tratamento pode até possuir características da mãe que ficou grávida e não da mãe que forneceu os óvulos, justamente por causa da epigenética. Mas, em um teste de DNA, a criança vai ser 99.9% compatível com a mãe que forneceu os óvulos, porque a epigenética não aparece nesses exames. São mais características como personalidade, dom artístico, gosto por algum tipo de alimento e até traços físicos que podem ser herdadas da mãe que gestou”, finaliza.

*DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres - Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Instagram: @neovita.br
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