Quando a doença de pele avança em direção ao coração: estudo desvenda o risco da psoríase grave

DO TEXTO: Estudos anteriores já haviam demonstrado que pacientes com psoríase grave apresentam aumento da mortalidade cardiovascular.
Mulher com psoríase.

Além do risco cardiovascular, a psoríase ainda é ligada a problema nas articulações


A doença é caracterizada pela presença de manchas róseas ou avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas (placas). Com grande dano inflamatório, pode atingir as articulações e aumentar o risco de doenças cardiovasculares e síndrome metabólica


Destaques:
* A psoríase é uma doença inflamatória sistêmica crônica imunomediada que afeta de 1 a 3% da população global.
* Como a inflamação é sistêmica, ela atinge também outros órgãos além da pele.
* Identificar e tratar precocemente alterações coronárias poderia reduzir eventos cardiovasculares adversos.

São Paulo – fevereiro 2024 - Por que uma doença inflamatória de pele pode aumentar o risco cardiovascular? Qual é, afinal, a relação da psoríase grave e a disfunção microvascular coronária, doença que afeta o coração? Um novo estudo publicado em outubro no Journal of Investigative Dermatology identifica um caminho para entender essa associação. “A psoríase é uma doença inflamatória sistêmica crônica imunomediada que afeta de 1 a 3% da população global. Neste estudo, um total de 503 pacientes com psoríase e sem doença cardiovascular clínica foram submetidos à ecodopplercardiografia transtorácica para avaliar a microcirculação coronariana. Os investigadores descobriram uma alta prevalência de disfunção microvascular coronariana em mais de 30% dos pacientes assintomáticos na população do estudo”, explica a dermatologista Dra. Ana Maria Pellegrini*, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A doença de pele não é contagiosa e se caracteriza pela presença de manchas róseas ou avermelhadas, recobertas por escamas esbranquiçadas (placas). “Além do risco cardiovascular, a psoríase ainda é ligada a problema nas articulações (artrite psoriática) e, também, a uma maior propensão de desenvolver síndrome metabólica, caracterizada por pelo menos três dos seguintes problemas: maior acúmulo de gordura abdominal, pressão arterial elevada, colesterol alterado, glicemia de jejum elevada e triglicerídeo elevado”, acrescenta a médica.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que pacientes com psoríase grave apresentam aumento da mortalidade cardiovascular. No entanto, os mecanismos específicos subjacentes a este risco aumentado ainda não haviam sido identificados. Por isso, os autores do estudo pretendiam investigar mais detalhadamente a prevalência de disfunção microvascular coronariana, avaliada pela reserva de fluxo coronariano (CFR), em uma grande coorte de pacientes com psoríase grave e sua associação com a gravidade e duração da psoríase, bem como outras características dos pacientes.

O estudo revelou que a gravidade da psoríase, avaliada pela pontuação do Psoriasis Area Severity Index (PASI), e a duração da doença foram independentemente associadas a uma reserva de fluxo coronariano mais baixa, juntamente com a presença de artrite psoriática. “Esses achados enfatizam a importância de considerar fatores relacionados à inflamação e à psoríase na avaliação do risco cardiovascular em pacientes com psoríase grave”, explica a médica. O estudo apoia o papel da inflamação sistêmica da psoríase no desenvolvimento da disfunção microvascular coronariana. “Devemos diagnosticar e procurar ativamente a disfunção microvascular em pacientes com psoríase, uma vez que esta população apresenta um risco particularmente elevado. Poderíamos levantar a hipótese de que um tratamento precoce e eficaz da psoríase restauraria a disfunção e, eventualmente, preveniria o risco futuro de complicações, como infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca associada”, diz a Dra. Ana. “Alguns estudos preliminares mostraram que a disfunção microvascular coronariana é restaurada após um tratamento com produtos biológicos. No entanto, estudos prospectivos são necessários para confirmar se esses achados se traduzem em reduções em eventos cardiovasculares", finaliza.

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Dra. Ana Maria Pellegrini
*DRA. ANA MARIA PELLEGRINI: Dermatologista especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com especialização também em Medicina Estética e Medicina do Trabalho. Membro da SBD e de diversas outras sociedades médicas nacionais e internacionais, foi presidente da distrital norte-fluminense da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Formada pela Faculdade de Medicina de Campos (RJ), a Dra. Ana Maria Pellegrini é responsável técnica da clínica PELLE e comanda o podcast Questão de Pelle. Embaixadora da Galderma Aesthetics, a médica foi pioneira em procedimentos injetáveis no Brasil. Ex-coordenadora das campanhas de câncer de pele na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), hoje faz MBA em Marketing, Empreendedorismo e Gestão, além de ser participação constante em congressos nacionais e internacionais.  CRM 5253066-0/RQE 18927 | Instagram: @dra.anapellegrini.dermato

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