Saiba porque os desfiles de moda são tão importantes para comercializar as roupas da estação

DO TEXTO:
Desfile de moda.


A moda pegou e até as lojas começaram a promover seus desfiles



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O desfile de modas é o caminho mais perfeito para vender roupas. Vestidas por profissionais que têm a beleza e cancha de seduzir o consumidor, embalado por uma música contagiante em um espaço que devota à moda, é quase impossível não ser contaminado pelas novas tendências.

O começo de uma era

O comércio da roupa pronta se tornou uma atividade rentável a partir do século vinte com a popularização do prêt-à-porter.

A venda era feita por catálogos com os modelos desenhados em bico de pena ou em lojas que vendiam roupas importadas. Com a concorrência do comércio, os costureiros começaram a promover eventos filantrópicos onde as clientes mais fieis mostravam os vestidos confeccionados pelo estilista.

A partir da década de 1860, o inglês Charles Frederick Worth usou modelos ao vivo em vez de manequins para apresentar suas criações em Paris. Pouco tempo depois, o estilista Paul Poiret também passou a apresentar suas roupas em público.

A moda pegou e até as lojas começaram a promover seus desfiles.

Como não existiam manequins profissionais, quem desfilava eram as damas da sociedade gentilmente convidadas para se exibir na passarela.

A partir dos anos vinte a profissão de modelo começou a ser encarada a sério e muitas das garotas acabavam como artistas de cinema.

Mas não pense que a profissão de modelo tinha o glamour e status que tem hoje.

As primeiras profissionais eram confundidas com garotas de programa e nenhum pai desejava ter uma filha com a profissão de modelo.

Somente após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, que esses eventos passaram a ser abertos ao público, com o objetivo de fazer publicidade e alcançar mais clientes.

Foi a partir dos anos 1960 que as modelos se transformaram em queridinhas da mídia, substituindo as estrelas de cinema que nesta época estavam em baixa, pela concorrência da televisão.

Jeans Shrimpton, Veruschka, Penelope Tree, Twiggy e outras tantas pioneiras das passarelas se transformaram nos primeiros ídolos da moda, antes mesmo dos estilistas modernos.

A fama e o dinheiro da profissão de modelo incentivou muitas beldades a tentar a sorte. A partir desta época o marketing das empresas começou a investir pesado nos desfiles de moda.

Entre os anos 1980 e 1990, período das supermodelos chamadas de “top models” que os desfiles se transformaram em grandes produções, com efeitos de luz, som e elaborados cenários como estamos acostumados a ver atualmente tornando-se uma fonte de divulgação espontânea gerando notícias em todo o mundo.

Em busca de mais mídia, os shows foram se adaptando e mudando como a moda.

As passarelas testemunharam desfiles da alta costura com manequins carregando números, desfiles show, dançados, coreografados, com pivô (rodar o corpo em círculo para fazer rodar a saia na passarela (o auge era três pivôs sem parar), até o passo e a parada “catwalk” de Gisele Bündchen.  

Atualmente um desfile chega a cifras que ultrapassam dois milhões de dólares. O casting das manequins é o mais poderoso do planeta fashion e o resultado de toda esta ostentação se traduz em vendas e divulgação maciça da marca. Foram desfiles extravagantes e luxuosos de algumas marcas, como Dior e Chanel, que trouxeram de volta estas grifes para a órbita da moda.

Para que servem os desfiles

Os desfiles são o melhor veículo para vender e ver a moda em cena, assim como aprender a usar as roupas de uma maneira diferente.

Servem também para ilustrar os conceitos da proposta, às vezes de uma maneira até exagerada para que não passe despercebido.

A informação da moda é feita por imagens e o desfile não funciona apenas como uma ferramenta comercial, mas também como apoio didático para quem curte vestir as novidades da estação.  

Não há quem não se encante com um bom desfile. Com roupas impecáveis, em combinações e atitudes modernas e cores sempre inovadoras, os desfiles funcionam como um convite, um desafio para testar novas propostas.

E não pense que são a venda das roupas que sustentam tanta ostentação.

O percentual de consumidores que têm condições financeiras para comprar uma peça de grife é muito pequeno comparado com a venda de outros artigos assinados como perfume, óculos, bijuteria e acessórios (bolsas, sapatos e cintos) que realmente aumentam o faturamento das marcas de luxo.

E muitas vezes o que parece “impossível de usar” mostrado nas passarelas tem a motivação de apenas estampar as redes sociais e a imprensa de moda com fotos do desfile fazendo a marca ficar mais popular e chegar a outros públicos, se beneficiando da divulgação espontânea.

Como vestir para um desfile de moda


Não existem regras do que usar nos desfiles atuais, mas espaços de moda permitem ousadias e até uma boa oportunidade para testar novos estilos.

Nestes templos de adoração à moda o que mais importa é o que vai rolar na passarela, pois muitas pessoas saem do trabalho, direto para os desfiles, sem tempo de trocar o visual.

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*Xico Gonçalves, é de Porto Alegre, formado em jornalismo e desde os anos 1970 circula em todos os cenários do segmento moda. Quando foi entrevistado por Jô Soares em 2014, foi apresentado como “especialista em moda”. Leia Mais sobre o autor...

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