Mortes por doenças cardíacas, principalmente em bairros pobres
São Paulo – 22/12/2022 - Recentemente, não só a amplitude térmica (com diferenças grandes entre a temperatura máxima e mínima) em um mesmo dia tem preocupado, como também as oscilações de uma semana para outra, ou de alguns dias para o final de semana. Além de alergias e problemas respiratórios, isso pode ser ruim também para a saúde do coração.Uma análise da Sociedade Europeia do Coração em quase 2,3 milhões de europeus encontrou associações prejudiciais entre clima frio e mortes por doenças cardíacas, principalmente em bairros pobres. O clima quente também foi associado ao excesso de mortes por doenças cardíacas e derrames em pacientes com problemas cardíacos. A pesquisa foi apresentada no ESC Congress 2022, que aconteceu no final de agosto. “Esses climas extremos prejudicam a saúde do coração e também dos rins. As variações bruscas de temperatura em um período muito curto também tornaram-se um ponto relevante e podem predispor a diversos problemas. Em um mesmo dia, temos observado ser cada vez mais comum a alta amplitude térmica. Isso é maléfico para o corpo, que não consegue se adaptar adequadamente, com piora na imunidade, e impactos principalmente na ingestão diária de água, predispondo a desidratação”, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada*, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Segundo a médica, a oscilação de temperatura do frio para o calor pode deixar o sangue menos espesso, fazendo com que a pressão caia e exigindo um esforço maior para bombear o sangue pelo corpo. “Quando a mudança é do quente para o frio, é comum que a pressão aumente, predispondo crise hipertensiva. Pacientes com problemas cardíacos são mais sensíveis a esse tipo de mudança”, explica a médica.
De acordo com a análise, as mudanças climáticas estão levando a um aumento na temperatura média global, mas também ao frio extremo em algumas regiões. O frio também é responsável pelo excesso de mortes e internações hospitalares. A análise incluiu 2,28 milhões de adultos de cinco estudos de coorte realizados na Itália, Alemanha, Reino Unido, Noruega e Suécia entre 1994 e 2010. A média de idade variou de 49,7 anos a 71,7 anos e a proporção de mulheres variou de 36,0% a 54,5%. Participantes com e sem doença cardiovascular no início do estudo foram incluídos. Dados sobre mortalidade e doença de início recente foram coletados por meio de registros de óbitos e doenças e pesquisas de acompanhamento. “A análise encontrou riscos aumentados de morte por doença cardiovascular em geral e doença cardíaca isquêmica em particular, bem como um risco elevado de doença cardíaca isquêmica de início recente, associada ao clima frio. Com uma queda de temperatura de aproximadamente 10°C, de 5°C para -5°C, houve um risco 19% maior de morte por doença cardiovascular. Houve um risco 4% maior de doença cardíaca isquêmica de início recente associado a uma queda de temperatura de aproximadamente 11°C, de 2°C para -9°C. As relações entre temperaturas frias e mortes foram mais pronunciadas em homens e pessoas que vivem em bairros com baixo nível socioeconômico. As ligações entre frio e doença cardíaca isquêmica de início recente foram mais fortes entre mulheres e pessoas com mais de 65 anos", diz a médica.
O calor não foi relacionado a efeitos prejudiciais na população geral (pessoas saudáveis e sem doença cardíaca prévia) do estudo. No entanto, aumentos de temperatura de 15°C para 24°C foram associados a riscos 25% maiores de morte por doença cardiovascular e acidente vascular cerebral, respectivamente, em pessoas com doença cardíaca no início do estudo.
Para se proteger, a médica orienta estar em dia com os medicamentos para controle de pressão, ingerir a quantidade ideal de água, manter uma boa dieta, com ingestão de frutas, verduras e legumes da estação, e praticar exercícios físicos. “Da mesma forma, é importante evitar vícios que podem predispor a mais problemas cardíacos, como o tabagismo e também o álcool, que é prejudicial ao nosso organismo, interferindo na nossa capacidade de hidratação e elevando a quantidade de açúcar no sangue”, finaliza.
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*DRA. CAROLINE REIGADA: Médica nefrologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e residência em Nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a médica participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro
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Uma romântica que acredita no amor eterno. Redatora do Portal Splish Splash. VER PERFIL
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