Como diferenciar um ataque cardíaco de um ataque de pânico?

DO TEXTO:

Homem com ataque de pánico.


Médica intensivista é clara: em caso de dúvida, é melhor errar por precaução e ser rapidamente avaliado em um pronto-socorro para ter certeza de que não foi um ataque cardíaco

São Paulo – dezembro 2022 - Dor no peito, palpitações cardíacas, falta de ar, tontura, náusea: você está tendo um ataque cardíaco ou um ataque de pânico? “Todos concordam que você não deve arriscar que não seja um ataque cardíaco. Isso porque os sintomas de um ataque cardíaco e de pânico são tão semelhantes que às vezes pode ser difícil dizer a diferença. Em caso de dúvida, é melhor errar por precaução e ser rapidamente avaliado em um pronto-socorro para ter certeza de que não foi um ataque cardíaco", explica a médica intensivista Dra. Caroline Reigada*, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.

Segundo a médica, os ataques cardíacos podem ser repentinos e intensos, mas a maioria começa lentamente, com dor ou desconforto leve que piora gradualmente ao longo de alguns minutos. “Esses episódios podem ir e vir várias vezes antes que o ataque cardíaco ocorra. Um ataque cardíaco acontece quando o fluxo sanguíneo que leva oxigênio ao músculo cardíaco é severamente reduzido ou cortado, geralmente pelo bloqueio das artérias coronárias. Ligar para a emergência e obter tratamento imediato é fundamental”, enfatiza a médica. “Mas se um exame médico mostrar que a saúde do seu coração está boa, você pode ter tido um ataque de pânico – especialmente se o medo intenso, o sintoma característico, acompanhou os sintomas físicos”, acrescenta.

O ataque de pânico, por outro lado, não é ‘bobagem’ nem ‘coisa pouca’. "Não está tudo na sua cabeça. É a resposta de luta ou fuga. O sistema de alarme está disparando. Mas com um ataque de pânico, é uma torrada queimada - não a casa em chamas", compara. O transtorno do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade que pode causar ataques de pânico repetidos. Segundo estimativas, a síndrome do pânico atinge cerca de 6 milhões de brasileiros. “A ansiedade tornou-se muito mais comum após o início da pandemia. Os ataques de pânico ocorrem rapidamente e geralmente atingem o pico de intensidade em cerca de 10 minutos. Eles podem ser desencadeados por um evento traumático ou grande estresse da vida, mas também podem ocorrer sem motivo aparente. Eles mexem com a sua cabeça e seu cérebro não consegue entender o que está acontecendo", explica a médica.

A médica intensivista lembra que, nesse caso, é fundamental buscar auxílio de um profissional de saúde mental, que pode indicar terapias para reduzir o medo de sensações ruins de pânico. O transtorno do pânico é muito incompreendido, mas muito tratável, segundo a médica. “E enquanto um ataque de pânico pode fazer você se sentir como se estivesse tendo um ataque cardíaco, um ataque cardíaco real é uma emergência médica. A dor no peito é o sintoma mais comum, mas as mulheres são um pouco mais propensas a ter outros sintomas, como falta de ar, náusea e dor nas costas ou na mandíbula. Uma declaração científica de 2016 da American Heart Association disse que as mulheres são subtratadas para ataques cardíacos”, explica a Dra. Caroline Reigada. "Apesar de décadas de esforço para aumentar a conscientização, os pacientes e médicos não apreciam que as doenças cardíacas sejam a principal causa de morte das mulheres", diz.

Especialistas dizem que mulheres e homens devem discutir seu risco de ataque cardíaco com um profissional de saúde, que pode ajudar a identificar e tratar fatores de risco como tabagismo, diabetes, pressão alta e colesterol alto. Mas, enfatiza a médica, mesmo pessoas sem fatores de risco podem ter doenças cardíacas. “Então, em caso de dúvida, um médico deve verificar”, finaliza.4

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*DRA. CAROLINE REIGADA: Médica nefrologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro, com residência médica na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e residência em Nefrologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a médica participa periodicamente de cursos e congressos, além de ter publicado uma série de trabalhos científicos premiados. Participou do curso “The Brigham Renal Board Review Course” em Harvard. Integra o corpo clínico de hospitais como São Luiz, Beneficência Portuguesa de São Paulo e Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Instagram: @dracaroline.reigada.nefro

 


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