Pacientes dizem adeus às cirurgias vasculares em hospitais e aderem aos tratamentos em consultórios

DO TEXTO: Nos últimos anos houve uma verdadeira revolução nos tratamentos de varizes ao longo do mundo, procedimentos novos que possibilitaram tratar os pacient

Pernas de mulher-


Dificuldade de marcar cirurgias em hospitais por conta da pandemia nos últimos anos acelerou mudança para o modelo americano e europeu de atendimento vascular

São Paulo — 26/11/2022 - Nem todo tratamento vascular precisa ser feito em hospital, com internação e necessidade de repouso duradouro. Isso acontece por conta da evolução das tecnologias e clínicas vasculares, que tornaram os procedimentos mais rápidos e seguros, e também por conta da dificuldade em marcar cirurgias hospitalares. “Esse é o modelo americano e europeu em atendimento e tratamento vascular. A pandemia acelerou essa mudança. Nos últimos anos houve uma verdadeira revolução nos tratamentos de varizes ao longo do mundo, procedimentos novos que possibilitaram tratar os pacientes nos consultórios, sem a necessidade de internação hospitalar. Aqui no Brasil, apesar dessa situação já ser realidade em alguns consultórios médicos, ainda existia uma grande resistência dos pacientes em abraçar essa nova modalidade de tratamento. Com as dificuldades em marcar cirurgias, a aceitação está sendo muito maior e o paciente percebe que há muito mais vantagens”, explica cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita*, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. “Primeiro, porque o tratamento é mais seguro e tranquilo no consultório; segundo que não há tempo de recuperação: ele sai do procedimento andando. Até mesmo em casos de uma cirurgia grande de safena e varizes, por exemplo, ela pode ser dividida entre algumas sessões de procedimentos não invasivos. Tratamos a safena, o paciente sai andando, e ele volta depois para tratarmos o restante”, completa a médica.

Apesar de ter excelentes resultados, barreiras como necessidade de altos investimentos em estrutura por parte dos médicos vasculares, e a falta de cobertura dos convênios médicos para a maioria desses tratamentos, acabou por postergar a aplicação em massa por aqui do que ficou conhecido como “desospitalização” dos tratamentos vasculares. “Hoje nos vemos com uma urgência em evitar internações hospitalares, e precisamos ainda mais de procedimentos sem ‘downtime’ (com rápida ou nenhuma recuperação) para nos mantermos ativos durante o processo. Mas o futuro já chegou e a cirurgia de varizes foi substituída por um plano de tratamento elaborado e um tratamento estadiado (feito em etapas), dentro do consultório vascular”, acrescenta a médica.

As clínicas vasculares aderiram ao conceito da Flebosuite, uma sala equipada para avaliação completa vascular: com equipamento de realidade aumentada, ultrassom doppler, laser transdérmico, resfriador de pele, material de escleroterapia e equipamento de laser endovenoso, além de documentação fotográfica adequada. “Nessa nova realidade, o paciente passa por uma avaliação minuciosa, desde a consulta, passando pelo exame físico, exames complementares, e assim elaboramos um flebograma, um desenho elaborado com detalhes de todo o sistema venoso do paciente”, diz a médica. A partir desse flebograma, um plano é traçado, com a combinação de um ou vários procedimentos combinados, com o objetivo de melhorar a circulação e o aspecto estético das pernas. “Afinal, veias diferentes pedem tratamentos diferentes, e isso vai determinar o que vai compor o seu plano de tratamento individualizado.”

Dentro desse universo, existem diversos procedimentos que fazem parte desse plano, segundo a Dra. Aline Lamaita. Ela explica abaixo:

 - Termoablação da veia safena: tratamento minimamente invasivo da veia safena, onde uma fibra óptica é introduzida na veia sem a necessidade de cortes, e a veia é então tratada por dentro, sendo após absorvida pelo próprio organismo. “Esse hoje é considerado o padrão ouro, ou seja, o melhor tratamento para a veia safena. Sem necessidade de repouso, apenas 2 a 4 dias sem atividade física”, enfatiza.

- Espuma densa: Injeção de produto em formato de mousse dentro das veias mais calibrosas, substituindo a microcirurgia. Sem necessidade de repouso.

- ClaCs (Cryolaser + cryoescleroterapia): “A técnica combina o laser transdérmico com escleroterapia com glicose, tratamento adequado para veias menos calibrosas e superficiais na pele. Também pode ser utilizada para vasinhos (as famosas telangiectasias)”, diz a médica. Sem necessidade de repouso, apenas se abster de tomar sol por um período de 10 dias após cada sessão.

- ATTA: Técnica utilizada para tratamento de veias varicosas através de punção e passagem de fibra óptica, sem cortes, sem repouso.

- ClaFs: Associação de laser transdérmico com espuma, que pode ser realizada em veias mais calibrosas e superficiais. Também não necessita de repouso.

Segundo a médica, um plano de tratamento será composto de um ou alguns desses procedimentos acima propostos. “A decisão por qual ou quais técnicas utilizar será feita pelas características das veias, mas o mais importante: os tratamentos são pouco invasivos, praticamente sem repouso e são feitos no consultório”, finaliza a médica.

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*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557. Instagram: @alinelamaita.vascular

 


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