Enxaqueca frequente reduz capacidade de trabalho, diz estudo

DO TEXTO: A enxaqueca é a principal causa de deficiência funcional entre as pessoas com menos de 50 anos.

Mulher com a mão na cabeça.


A capacidade de lembrar, tomar decisões rápidas e fazer trabalho físico árduo são as três principais áreas que sofrem por conta dos distúrbios de dor de cabeça, segundo estudo recente da Universidade de Copenhague. Novo método disponível no Brasil, cirurgia pode ajudar

São Paulo - Setembro 2022 – Imagine sua cabeça latejando. E quando você tenta se mover, ou quando uma porta bate ou as cortinas são fechadas, ela fica muito pior. É assim que as pessoas que sofrem de enxaqueca ou dores de cabeça tensionais frequentes se sentem. Uma crise de enxaqueca pode durar de 4 a 72 horas, e as dores de cabeça tensionais podem durar uma semana. Agora, pela primeira vez, um novo estudo da  Universidade de Copenhague, publicado no final de janeiro, mostra especificamente como a enxaqueca ou dores de cabeça tensionais frequentes afetam a capacidade de trabalhar. “O estudo mostrou que a enxaqueca frequente reduz a capacidade de trabalho em particularmente três áreas: a capacidade de lembrar, tomar decisões rápidas e fazer trabalho físico árduo”, explica o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez*, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e um dos poucos médicos que realizam o procedimento de Cirurgia de Enxaqueca no Brasil. “Vários estudos dão respaldo à cirurgia que, quando não cessa a dor em definitivo, é responsável por diminuir o uso de remédios e melhorar a intensidade da dor, o que reflete na melhora da qualidade de vida do paciente, também em âmbito profissional”, completa o médico.

A enxaqueca é a principal causa de deficiência funcional entre as pessoas com menos de 50 anos. E as dores de cabeça têm efeitos negativos nas licenças médicas e na produtividade. Segundo o estudo, há uma desigualdade observada com relação ao nível profissional dos trabalhadores: enquanto as pessoas com trabalhos acadêmicos muitas vezes podem ir para casa um pouco mais cedo, trabalhar em casa ou optar por adiar as tarefas que exigem maior concentração, outras pessoas, como pessoal de limpeza ou enfermagem, não têm as mesmas oportunidades para ajustar o horário de trabalho ou adiar as tarefas a serem resolvidas. Em vez disso, eles podem ter que ligar para dizer que estão doentes. O estudo chega a citar que distúrbios de dor de cabeça, como enxaqueca e dores de cabeça frequentes, são uma ‘epidemia negligenciada’. "Alguns estudos mostram que as dores de cabeça são a segunda causa mais comum de licença médica - superada apenas por doenças infecciosas. Portanto, os distúrbios da dor de cabeça carregam grandes custos pessoais e socioeconômicos", diz o médico.

Os pesquisadores usaram informações auto-relatadas de mais de 5.000 dinamarqueses ativos com diferentes formações educacionais – de pessoas com longa formação acadêmica a trabalhadores não qualificados. Os participantes também responderam perguntas sobre sua saúde, sintomas depressivos e dores nos músculos e articulações.

Além disso, o trabalho mostrou uma menor capacidade de trabalho tanto no grupo de pacientes com dor de cabeça que não usam analgésicos quanto no grupo que usa analgésicos diariamente. 

Cirurgia da enxaqueca

A Cirurgia da Enxaqueca, disponível no Brasil, é uma das formas mais eficientes de reduzir a intensidade, frequência e duração da enxaqueca, segundo revisão sistemática recente, publicada em fevereiro no Annals Of Surgery “Foram analisados 68 estudos que confirmaram os resultados e a segurança do procedimento, com baixíssimo índice de complicações e alto grau de satisfação dos pacientes”, explica o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez. “Apesar da disponibilidade de opções de tratamento conservador, como medicamentos, os pacientes sofrem de enxaquecas resistentes que estão associadas a uma má qualidade de vida. A cirurgia da enxaqueca, definida como a descompressão dos nervos periféricos, uma “desativação” nos locais do gatilho, é uma estratégia de tratamento relativamente nova, mas altamente respaldada pela ciência, para enxaquecas resistentes”, completa o médico.

Em junho do ano passado, um estudo da Harvard Medical School, publicado no Plastic and Reconstructive Surgery concluiu que a cirurgia de enxaqueca é associada a melhorias nos sintomas de dor de cabeça e também a uma redução significativa no uso de medicamentos. “Este estudo comparou o uso de medicamentos no pré e pós-operatório de pacientes submetidos ao procedimento e constatou que mais de 2/3 deles diminuíram o uso de medicamentos prescritos, sendo que do total de pacientes que passaram pelo procedimento, 23% não precisaram mais tomar medicamento algum”, explica o cirurgião plástico Dr. Paolo Rubez, membro da Sociedade de Cirurgia de Enxaqueca (EUA).       

Análises qualitativas também foram publicadas. Em 2019,artigo publicado na Plastic and Reconstructive Surgery , publicação da American Society of Plastic Surgery, mostrou que a cirurgia de enxaqueca impacta positivamente a vida dos pacientes. “Alguns pacientes chegaram a afirmar, nas entrevistas, que após a cirurgia voltaram a sentir-se uma ‘pessoa normal de novo’, tendo em vista as melhorias em um ou mais domínios da dor após a cirurgia e mudanças no uso e eficácia da medicação”, diz o Dr. Paolo.

Como funciona o procedimento

A cirurgia para enxaqueca garante segurança e eficácia ao agir na descompressão operatória dos nervos periféricos na face, cabeça e pescoço para aliviar os sintomas da enxaqueca. “A cirurgia é pouco invasiva e tem o objetivo de descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital envolvidos nos pontos de dor. Os ramos periféricos destes nervos, responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos, vasos, ossos e fáscias. Isto gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam uma cascata de eventos relacionados à enxaqueca”, diz o médico Dr. Paolo.

As Cirurgias para Enxaqueca podem ser de sete tipos principais nas seguintes regiões: Frontal, Rinogênico, Temporal e Occipital (nuca). “Em todos estes tipos, o princípio é o mesmo: descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo ou occipital, que são irritados pelas estruturas adjacentes ao longo de seu trajeto”. A cirurgia pode ser feita em qualquer paciente que tenha diagnóstico de Migrânea (Enxaqueca) feito por um neurologista, e que sofra com duas ou mais crises severas de dor por mês que não consigam ser controladas por medicações; ou em pacientes que sofram com efeitos colaterais das medicações para dor ou que tenham intolerância a elas; ou ainda em pacientes que desejam realizar o procedimento devido ao grande comprometimento que as dores causam em sua vida pessoal e profissional.

Por fim, o Dr. Paolo Rubez enfatiza que as cirurgias são realizadas em ambiente hospitalar e sob anestesia geral e em alguns casos sob anestesia local. “A duração da cirurgia, para cada nervo, é de cerca de uma a duas horas, e o paciente tem alta no mesmo dia para casa”, finaliza.

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*DR. PAOLO RUBEZ: Cirurgião plástico formado pela UNIFESP, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), Dr. Paolo Rubez é Mestre em Cirurgia Plástica pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. O médico tem 7 Observerships com o Dr. Bahman Guyuron em Cirurgias Plásticas Faciais, em Cleveland – EUA.. Instagram: @drpaolorubez

 

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