DO TEXTO:
Exposição "Nise da Silveira - A Revolução pelo Afeto" - O mote para a sua montagem foram os 22 anos da morte de Nise da Silveira (1905-1999) - e 22 é
Premiada recentemente por sua expografia, a exposição reúne obras que integram o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente são apresentadas ao lado de trabalhos assinados por nomes como Lygia Clark, Abraham Palatinik, Zé Carlos Garcia, Leon Hirzsman e Carlos Vergara.
Até o final de março, a exposição NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO pode ser conferida no CCBB Belo Horizonte. A mostra chegou a capital mineira depois de uma temporada de sucesso no CCBB Rio de Janeiro. O mote para a sua montagem foram os 22 anos da morte de Nise da Silveira (1905-1999) - e 22 é um número associado à loucura no imaginário popular, tema abordado de forma revolucionária pela psiquiatra.
Médica formada enquanto única mulher em uma turma com mais de 150 homens, ficou mundialmente conhecida pela ideia vanguardista de usar o afeto como metodologia científica no tratamento às pessoas com sofrimentos psíquicos. Ao buscar formas de acessar as camadas do inconsciente e criar um diálogo, através de ferramentas artísticas e com aplicações científicas, entre o inconsciente e a sua potente expressão em imagens, Nise reposicionou o entendimento de loucura na história da humanidade.
Com cerca de 100 obras surpreendentes, a mostra reunirá telas e esculturas de artistas do Museu de Imagens do Inconsciente ao lado de peças de Lygia Clark, Abraham Palatinik e Zé Carlos Garcia, retratos de Alice Brill, Rogério Reis e Rafael Bqueer, vídeos de Leon Hirzsman, reproduções de desenhos de Carl Gustav Jung, aquarelas e fotos de Carlos Vergara. A curadoria é do Estúdio M’Baraká, com consultoria do museólogo Eurípedes Júnior e do psiquiatra Vitor Pordeus.
Arte para revelar o universo interior
Localizado no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Museu de Imagens do Inconsciente foi criado por Nise em 1952 com a finalidade de reunir os trabalhos produzidos pelos seus clientes nos estúdios de modelagem e pintura – verdadeiros documentos para ajudar na compreensão mais profunda do que se passava no universo interior deles.
Dos clientes que se destacaram em um acervo com mais de 400 mil trabalhos, foram escolhidas para a mostra no CCBB telas de Carlos Pertuis (que deixou cerca de 21 mil pinturas), Fernando Diniz (por volta 35 mil), Adelina Gomes (na base dos 17 mil), Emygdio de Barros (em torno de 3.300) e Beta d'Rocha - ela encontrou um caminho de expressão também na escrita ("A história de Beta" e "Cadernos íntimos"), com relatos sobre as crises e as internações, facilitando o processo de autocura. Das artistas atuais, o público mineiro verá duas pinturas fortes de Renata Inocêncio.
Um mergulho libertário no inconsciente
A mostra “Nise da Silveira - A Revolução pelo afeto”, recebeu no último mês uma menção Honrosa durante a 59ª edição do Prêmio do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) por sua expografia, assinada pelo Estúdio M’Baraká, em parceria com a arquiteta Lilian Sampaio. O desenho expográfico e a curadoria de arte contemporânea foram desenvolvidos de forma a estabelecer uma perfeita sintonia com a pesquisa histórica, que reúne um retrato preciso e muito tocante da trajetória e da contribuição do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira.
A expografia de Diogo Rezende, designer e sócio do Estúdio M’Baraká, traz ambientes preenchidos de improviso e sobreposições que contrastam a frieza da instituição de clausura, sob constante vigilância, com o calor, a humanidade e a liberdade do trabalho que a doutora Nise realizou. Cada sala traz um clima único, com direito a um poço do inconsciente: um vídeo processa, em movimentos circulares, imagens da psiquê produzidas no ateliê e projetadas num espelho d'água em forma de poço.
O público vai passear pelos precursores da arteterapia em oposição aos tratamentos da época, a questão do afeto, depois verá a chegada da alagoana Nise ao Rio de Janeiro, a passagem pela prisão, as mulheres com quem conviveu, entre elas a sambista Dona Ivone Lara, até fazer um mergulho no inconsciente, explorando também a questão territorial do Engenho de Dentro enquanto espaço de exclusão e metáfora, na linha engenho interior versus engenho exterior.
Tour virtual 360 e uma Experiência Sonora Descritiva
A abordagem amorosa da psiquiatra ultrapassou os muros do hospital e ganhou o mundo. Da mesma forma, a mostra NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO também poderá ser vista de qualquer parte do planeta através do sites oficiais do CCBB (aqui) e da exposição (aqui). Além disso, é possível ouvir o que se vê através da Experiência Sonora Descritiva. Os áudios recriam os ambientes da mostra com dramaturgia. A equipe foi coordenada pela jornalista e dubladora Georgea Rodrigues, da Inclusive Acessibilidade.
A experiência de áudio foi idealizada para pessoas com deficiência visual, mas surpreende ao reconstituir com muita graça imagens do universo particular de Nise da Silveira e dar vida a personagens reais, como o seu pai, o marido, Lima Barreto, Mário Pedrosa e a faxineira do ateliê, além dela mesma. Fazem parte do elenco vocal atores e dubladores que já emprestaram as suas vozes a personagens famosos no cinema e nas séries de TV, como Capitão América, Rei Leão, Tocha Humana, Grey’s Anatomy e Billie Holiday.
NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO tem patrocínio do Banco do Brasil.
SERVIÇO: Exposição “Nise da Silveira - A Revolução pelo afeto” Até 28 de março de 2022 Centro Cultural Banco do Brasil - (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários) Dias e Horários de visitação: de quarta à segunda, das 10h às 22h Entrada Gratuita - mediante retirada de ingresso com agendamento prévio no site www.eventim.com.br
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Premiada recentemente por sua expografia, a exposição reúne obras que integram o acervo do Museu de Imagens do Inconsciente são apresentadas ao lado de trabalhos assinados por nomes como Lygia Clark, Abraham Palatinik, Zé Carlos Garcia, Leon Hirzsman e Carlos Vergara.
Até o final de março, a exposição NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO pode ser conferida no CCBB Belo Horizonte. A mostra chegou a capital mineira depois de uma temporada de sucesso no CCBB Rio de Janeiro. O mote para a sua montagem foram os 22 anos da morte de Nise da Silveira (1905-1999) - e 22 é um número associado à loucura no imaginário popular, tema abordado de forma revolucionária pela psiquiatra.
Médica formada enquanto única mulher em uma turma com mais de 150 homens, ficou mundialmente conhecida pela ideia vanguardista de usar o afeto como metodologia científica no tratamento às pessoas com sofrimentos psíquicos. Ao buscar formas de acessar as camadas do inconsciente e criar um diálogo, através de ferramentas artísticas e com aplicações científicas, entre o inconsciente e a sua potente expressão em imagens, Nise reposicionou o entendimento de loucura na história da humanidade.
Com cerca de 100 obras surpreendentes, a mostra reunirá telas e esculturas de artistas do Museu de Imagens do Inconsciente ao lado de peças de Lygia Clark, Abraham Palatinik e Zé Carlos Garcia, retratos de Alice Brill, Rogério Reis e Rafael Bqueer, vídeos de Leon Hirzsman, reproduções de desenhos de Carl Gustav Jung, aquarelas e fotos de Carlos Vergara. A curadoria é do Estúdio M’Baraká, com consultoria do museólogo Eurípedes Júnior e do psiquiatra Vitor Pordeus.
Arte para revelar o universo interior
Localizado no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Museu de Imagens do Inconsciente foi criado por Nise em 1952 com a finalidade de reunir os trabalhos produzidos pelos seus clientes nos estúdios de modelagem e pintura – verdadeiros documentos para ajudar na compreensão mais profunda do que se passava no universo interior deles.
Dos clientes que se destacaram em um acervo com mais de 400 mil trabalhos, foram escolhidas para a mostra no CCBB telas de Carlos Pertuis (que deixou cerca de 21 mil pinturas), Fernando Diniz (por volta 35 mil), Adelina Gomes (na base dos 17 mil), Emygdio de Barros (em torno de 3.300) e Beta d'Rocha - ela encontrou um caminho de expressão também na escrita ("A história de Beta" e "Cadernos íntimos"), com relatos sobre as crises e as internações, facilitando o processo de autocura. Das artistas atuais, o público mineiro verá duas pinturas fortes de Renata Inocêncio.
Um mergulho libertário no inconsciente
A mostra “Nise da Silveira - A Revolução pelo afeto”, recebeu no último mês uma menção Honrosa durante a 59ª edição do Prêmio do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) por sua expografia, assinada pelo Estúdio M’Baraká, em parceria com a arquiteta Lilian Sampaio. O desenho expográfico e a curadoria de arte contemporânea foram desenvolvidos de forma a estabelecer uma perfeita sintonia com a pesquisa histórica, que reúne um retrato preciso e muito tocante da trajetória e da contribuição do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira.
A expografia de Diogo Rezende, designer e sócio do Estúdio M’Baraká, traz ambientes preenchidos de improviso e sobreposições que contrastam a frieza da instituição de clausura, sob constante vigilância, com o calor, a humanidade e a liberdade do trabalho que a doutora Nise realizou. Cada sala traz um clima único, com direito a um poço do inconsciente: um vídeo processa, em movimentos circulares, imagens da psiquê produzidas no ateliê e projetadas num espelho d'água em forma de poço.
O público vai passear pelos precursores da arteterapia em oposição aos tratamentos da época, a questão do afeto, depois verá a chegada da alagoana Nise ao Rio de Janeiro, a passagem pela prisão, as mulheres com quem conviveu, entre elas a sambista Dona Ivone Lara, até fazer um mergulho no inconsciente, explorando também a questão territorial do Engenho de Dentro enquanto espaço de exclusão e metáfora, na linha engenho interior versus engenho exterior.
Tour virtual 360 e uma Experiência Sonora Descritiva
A abordagem amorosa da psiquiatra ultrapassou os muros do hospital e ganhou o mundo. Da mesma forma, a mostra NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO também poderá ser vista de qualquer parte do planeta através do sites oficiais do CCBB (aqui) e da exposição (aqui). Além disso, é possível ouvir o que se vê através da Experiência Sonora Descritiva. Os áudios recriam os ambientes da mostra com dramaturgia. A equipe foi coordenada pela jornalista e dubladora Georgea Rodrigues, da Inclusive Acessibilidade.
A experiência de áudio foi idealizada para pessoas com deficiência visual, mas surpreende ao reconstituir com muita graça imagens do universo particular de Nise da Silveira e dar vida a personagens reais, como o seu pai, o marido, Lima Barreto, Mário Pedrosa e a faxineira do ateliê, além dela mesma. Fazem parte do elenco vocal atores e dubladores que já emprestaram as suas vozes a personagens famosos no cinema e nas séries de TV, como Capitão América, Rei Leão, Tocha Humana, Grey’s Anatomy e Billie Holiday.
NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO tem patrocínio do Banco do Brasil.
Exposição “Nise da Silveira - A Revolução pelo afeto”
Até 28 de março de 2022
Centro Cultural Banco do Brasil - (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)
Dias e Horários de visitação: de quarta à segunda, das 10h às 22h
Entrada Gratuita - mediante retirada de ingresso com agendamento prévio no site www.eventim.com.br
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