Descubra em 10 pontos como o envelhecimento pode afetar a saúde do coração

DO TEXTO: Cardiologista e geriatra Dr. Juliano Burckhardt explica o que pode acontecer com o coração em virtude do envelhecimento e como prevenir condições grav

O processo natural do envelhecimento provoca modificações internas e externas, e um dos órgãos que pode sofrer alterações é o coração (o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas. Conversamos com o Dr. Juliano Burckhardt*, médico geriatra, cardiologista e nutrólogo, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), para entender o que pode acontecer e como podemos evitar maiores danos – e doenças cardíacas:

Cardiologista e geriatra Dr. Juliano Burckhardt explica o que pode acontecer com o coração em virtude do envelhecimento e como prevenir condições graves que afetam o órgão

São Paulo – 30/11/2021 - O processo natural do envelhecimento provoca modificações internas e externas, e um dos órgãos que pode sofrer alterações é o coração (o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas. Conversamos com o Dr. Juliano Burckhardt*, médico geriatra, cardiologista e nutrólogo, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), para entender o que pode acontecer e como podemos evitar maiores danos – e doenças cardíacas:

Aumento do risco de ataque cardíaco: Conforme você envelhece, sua chance de ataque cardíaco aumenta. “A idade média em que os homens têm seu primeiro ataque cardíaco é de 65 anos. Para as mulheres, essa idade é de 72 anos, mas a menopausa - que as mulheres tendem a passar por volta dos 50 - diminui a quantidade de estrogênio no corpo. O estrogênio ajuda a manter as artérias flexíveis, de modo que o risco de ataque cardíaco aumenta quando o estrogênio começa a cair”, explica o cardiologista.

Maior risco de doenças metabólicas associadas ao peso: Quando você chega aos 50, seu metabolismo - o processo que seu corpo usa para decompor os alimentos para obter energia - diminui 30%. “Um metabolismo mais lento pode dificultar a manutenção de um peso saudável. Isso aumenta o risco de resistência à insulina, colesterol alto, pressão alta e obesidade - tudo isso aumenta suas chances de doença cardíaca”, destaca o Dr. Juliano.

Seu coração ‘endurece’: Conforme suas artérias envelhecem, elas ficam mais rígidas. “O músculo cardíaco também se enrijece. Isso torna mais difícil bombear bem o sangue, especialmente durante os exercícios”, destaca o médico.

Aumento da pressão arterial: Mesmo que você não tenha lidado com a hipertensão entre os 40 e 50 anos, o risco de contrair isso ainda é de 90%. “A pressão alta endurece e danifica o revestimento interno liso das paredes das artérias. Isso enrijece os vasos sanguíneos e aumenta a chance de você ter um ataque cardíaco.”

Mais sensível ao sal: Conforme você envelhece, seu corpo também não lida bem com a ingestão de sal. “Muito sal pode aumentar sua pressão arterial e causar inchaço”, explica o médico.

Alterações do ritmo cardíaco: Um batimento cardíaco irregular - também chamado de fibrilação atrial - é a principal causa de derrame em adultos mais velhos, segundo o geriatra. “Ele pode causar a formação de um coágulo sanguíneo no coração. Se o coágulo se soltar e for para o cérebro, você pode ter um derrame”, explica.

O sono ruim causa danos: Conforme a parte do cérebro que controla o ciclo do sono envelhece, você pode notar uma diferença entre quando se sente cansado e quando não se sente. “O envelhecimento também costuma causar problemas para dormir. A falta de sono pode aumentar a rigidez das artérias e endurecer a placa de colesterol, aumentando o risco de doenças cardíacas”, diz o médico.

Síndrome do coração partido: Essa é uma dor temporária no peito ou falta de ar que geralmente afeta as mulheres após um evento de alto estresse, como a morte de um ente querido, um divórcio ou um diagnóstico ou lesão traumática de saúde. “Ela pode ser muito parecida com um ataque cardíaco. A maioria das pessoas que enfrenta essa situação tem mais de 50 anos”, diz o geriatra.

Maior risco de diabetes para mulheres: À medida que o estrogênio despenca após a menopausa, seu corpo não usa a insulina tão bem como antes. Isso aumenta suas chances de contrair diabetes. “Com o tempo, o açúcar elevado no sangue pode danificar os vasos sanguíneos e os nervos que controlam o coração”, diz o Dr. Juliano.

Vasos sanguíneos se estreitam: O envelhecimento é um dos fatores de risco para aterosclerose, ou endurecimento e estreitamento das artérias. “Isso acontece quando o colesterol, as gorduras e outras substâncias gordurosas conhecidas como placas se acumulam nas paredes internas das artérias. Isso restringe o fluxo sanguíneo para o coração”, diz.

Infelizmente, muito do que acontece, não dá para prevenir, afinal, é a evolução natural do organismo humano. No entanto, os hábitos saudáveis que podem ser adotados ao longo da vida ajudarão a promover um envelhecimento mais saudável, prevenindo as doenças cardíacas. “É indispensável, por exemplo, que o indivíduo adote uma alimentação balanceada rica principalmente em fibras, frutas, vegetais, legumes e proteínas magras. Não se esqueça também de beber bastante água. Por sua vez, evite o consumo excessivo de sal, açúcar e gorduras saturadas, que podem aumentar a incidência de condições como câncer, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares”, aconselha o geriatra, cardiologista e nutrólogo.

A prática regular de exercícios físicos também é de extrema importância. E isso não quer dizer necessariamente ir à academia puxar peso. “Fazer alongamentos, dançar, pular corda, caminhar, correr, andar de bicicleta ou com o cachorro. Tudo isso conta como exercício físico, ajudando a prevenir a obesidade e melhorar a saúde cardiovascular, além de aumentar sua disposição e bom-humor e contribuir para o gerenciamento do estresse, que também pode prejudicar o organismo, principalmente o coração”, destaca o especialista. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é realizar pelo menos 150 minutos de algum tipo de atividade física leve ou moderada por semana.

Por fim, mas não menos importante, é fundamental que você se livre de hábitos ruins, como fumar ou consumir álcool em excesso. “Fumar aumenta sua frequência cardíaca e sua pressão arterial, obstrui suas artérias, danifica seus pulmões, favorece a inflamação e enfraquece seus ossos e sistema imunológico”, alerta o especialista. “Já o abuso de bebidas alcoólicas reduz o metabolismo, favorece o ganho de peso, promove desidratação e inflamação do organismo e aumenta o risco de problemas circulatórios cardiovasculares”, finaliza o Dr. Juliano.

*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Cardiologista, Geriatra e Nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Especialista também em Clínica Médica, Medicina de Urgência e Ergometria. É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal. Atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. É diretor médico do V'naia Institute. Diretor Científico Brasil da European Academy of Personalized Medicine. Membro do Corpo Clínico do Hospital Sírio Libanês. 


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