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DO TEXTO: Milhares de vereadores, secretários, prefeitos, deputados, senadores e ministros morrem misteriosamente...
Livro "Povo Heróico Mãe Gentil" de Victorino Aguiar - Milhares de vereadores, secretários, prefeitos, deputados, senadores e ministros morrem misteriosamente na ficção política do escritor Victorino Aguiar; confira entrevista com o autor


Milhares de vereadores, secretários, prefeitos, deputados, senadores e ministros morrem misteriosamente na ficção política do escritor Victorino Aguiar; confira entrevista com o autor


1 - Qual foi a sua inspiração para compor a obra?


V: A inspiração surgiu das grandes manifestações populares que tomaram conta do país entre 2013 e 2016, contra a falta de representatividade política, contra os políticos profissionais e contra a corrupção. A imagem dos políticos profissionais e seus partidos atingiu o fundo do poço. A presença deles e suas bandeiras eram repelidas nessas manifestações, inclusive com uso de violência física. As manifestações comprovaram o fracasso da dita democracia representativa, gravemente derrotada por sucessivos estelionatos eleitorais. A ideia inicial da obra era descrever uma distopia, nascida de uma epidemia de origem desconhecida, que atingisse e matasse todos os integrantes dos primeiro, segundo e terceiro escalões da estrutura de poder de um país imaginário. Provavelmente o sonho de consumo do somatório dos eleitores que se abstêm de comparecer às urnas, votam em branco e anulam o voto. Estamos falando talvez da maioria dos eleitores. Esta ideia permaneceu em banho maria na gaveta, até novembro de 2019.


2 - Qual foi o gatilho para colocar de fato a obra no papel?


V: Justamente a soltura de Lula e a ascensão política do Bolsonarismo, que, afinal, representou a perenização da falsa e eterna polarização entre as autoproclamadas esquerda e direita.


3 - Qual visão você espera que o público tenha da obra?


V: Primeiramente, uma visão bem-humorada; depois, que veja nela uma fonte de diversão e entretenimento; e, por último, que também veja nela uma oportunidade de reflexão bem-humorada e desapaixonada acerca do desastroso cenário nacional, edificado ao longo de mais de 500 anos. Adicionalmente, tenho a expectativa de que os leitores percebam que estão diante de uma obra experimental, uma distopia bem humorada e atípica. 


4 - No início da obra você diz que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. Isso é real? Houve uma inspiração dos personagens em figuras públicas/religiosas atuais?


V: A semelhança de obras artísticas com a realidade física, psicológica, moral, social é inevitável. Uma obra artística sempre será em certa medida um reflexo de aspectos da realidade; ela não surge do nada. Isto vale para todos os gêneros e formatos artísticos. A arte é subproduto do mundo real. Imitação da realidade, como querem alguns; combinação de alguns elementos que compõem a realidade, como querem outros. O romance, no meu entendimento, seguindo Aristóteles, é a arte de combinar ações; a pintura é a arte de combinar cores; a música, a arte de combinar sons; a dança, a arte de combinar movimentos, e por aí afora. Neste sentido, o escritor combina ações, seja lançando mão de metáforas, de parábolas; seja “criando” personagens - humanos, animais, seres inanimados, objetos, desenhos etc. Os personagens não são indivíduos, são classes de indivíduos. Não falo de um político, de uma liderança religiosa, artística; falo de uma classe, de um modelo de atuação social. As ações, os modelos não são coincidências, são reais, mas os personagens são fictícios. Eu me inspirei em modelos, padrões, paradigmas, não em pessoas. Por isto, a advertência - “qualquer semelhança com pessoas, contextos, situações ou eventos passados, presentes ou FUTUROS terá sido mera coincidência”. Biden repetiu partes da fala de um personagem de “Povo heroico”, personagem sem nome, futuro presidente, que morre durante a posse, quando está lendo o tradicional discurso. Trechos do discurso de Biden são praticamente cópias literais do discurso do personagem de “Povo heroico”. No entanto, a fala de Biden não é do personagem do livro, nem do personagem que Biden interpreta no cargo que assume. A fala é do modelo, do paradigma, que é, já sabemos, um fóssil, como de resto os atores profissionais que tentam mantê-lo de pé. Ao fim e ao cabo, ninguém representa ninguém, muitas vezes, nem a si próprio. Representam o modelo, o sistema, o paradigma. E ai deles, se esquecerem a fala e não seguirem o roteiro. Governarei a favor de todos é um engodo. Impossível tornar realidade esta afirmação, eleitoralmente, politicamente, eticamente, economicamente. O personagem é o modelo, o paradigma. E o paradigma é falso, mentiroso, oportunista. Não profetizei nada. Posso ser acusado de me basear na fala de Biden, que foi proferida depois da publicação de minha obra? Posso ser visto como capaz de profetizar a fala dele? Claro que não. 


Confira o release da obra aqui


SINOPSE: O romance descreve a trajetória de um país herdeiro de centenários paradigmas trazidos pelos colonizadores.  A Nação é extremamente apegada a estes paradigmas, que, aparentemente, funcionam bem e a elevaram a posição de destaque internacional.  Tudo funciona às mil maravilhas, mas, com o surgimento de um fenômeno que ceifa a vida de dezenas de milhares de políticos profissionais e detentores de cargos públicos de alto escalão, as coisas começam a mudar. Para piorar, o fenômeno estende seu raio de ação por outras camadas da sociedade. Líderes religiosos, intelectuais de alta estirpe, ícones do mundo artístico, globais de toda ordem começam a morrer das mais variadas causas. A classe dos políticos profissionais vai sendo levada gradativa e inexoravelmente para o túmulo. O País entra em colapso. O caos se instala. Neste ambiente, duas forças se digladiam e lutam pelo poder


Sobre o autor: Victorino Aguiar nasceu no Rio de Janeiro, capital. É formado em Letras pela UERJ e atuou como professor do Estado do Rio de Janeiro e professor do município de Saquarema (RJ). 


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