A comunicação educativa no processo de retomada social

DO TEXTO: Além disso, a estratégia de comunicação precisa envolver todos os territórios da cidade, pois eles são diferentes. As pessoas possuem hábitos e estruturas sociais distintas.






Por: Taiana Jung e Rui Marcos*

Alguns governos municipais e estaduais, a partir desse mês, começam a criar e implementar um plano de retorno às atividades comerciais, culturais, educacionais, entre outras. Além dos critérios sanitários já estabelecidos anteriormente, a novidade é a divisão do território municipal ou estadual em zonas de contágio e a criação de uma classificação de cores que indicará os locais autorizados ou não a funcionarem diariamente, mas seguindo restrições ou orientações.

As tomadas de decisões para manutenção ou alteração das zonas estarão vinculadas ao monitoramento dos indicadores de saúde pública. Cabe lembrar, ainda, que não existe um consenso entre os especialistas e o poder público em relação aos números absolutos e relativos de contaminados e mortes por COVID-19, ou seja, a definição do pico da pandemia acaba sendo volátil a depender da forma de análise e do contexto. 

Sendo assim, os entes municipais e estaduais devem criar mecanismos e ferramentas didáticas que possibilitem a transparência, o entendimento e o acompanhamento pela população da sua base de análise dos dados do Covid-19, o significado das zonas de contágio e das classificações e cores. 

A pandemia do Covid-19 colocou um desafio para os especialistas, acadêmicos, poder público e pessoas envolvidas com o monitoramento e avaliação de como levar informações técnicas, gráficos e números à população de uma forma simples e educativa - já que muitos cidadãos, de certa forma, ainda não sabem “ler” e “interpretar” corretamente um indicador. 

Aprimorar a estratégia de comunicação com a população por diferentes canais, como redes sociais, material impresso, televisivo e  rádios, por exemplo, são procedimentos mais comuns e de alta capacidade de cobertura. Devido a isso,  devem ser colocados em prática o mais breve possível, porém sempre atentando para as diferentes linguagens entre as gerações de idades e os públicos, pois uma mesma informação pode - e deve - ser traduzida para a compreensão de uma criança, um adulto e um idoso. 

Além disso, a estratégia de comunicação precisa envolver todos os territórios da cidade, pois eles são diferentes. As pessoas possuem hábitos e estruturas sociais distintas.  Uma estratégia de comunicação que se aplica em um bairro, não, necessariamente se aplica em outro. Cabe ao poder público estabelecer parcerias locais para que a comunicação seja assertiva, primando pelo respeito aos canais, linguagens e momentos mais adequados de cada público. Uma possibilidade é a inclusão do tema COVID -19 de forma transversal nos conteúdos das escolas públicas e privadas, das empresas, dos cursos e eventos on-line. 

Para que isso ocorra, é necessária uma ampla reflexão entre os diferentes setores sociais, de modo que criem estratégias não apenas conjuntas, mas integradas de resposta, visando para estimular uma mudança de atitude de maneira gradual na sociedade e que possibilite de forma rápida alterar os hábitos e atitudes do dia a dia - caso ocorra alteração da classificação das zonas de contágio. 

Por fim, esse processo do “novo normal” foi imposto pela circunstância de uma pandemia e, por isso, a comunicação precisa ser educativa, acompanhada e avaliada para que as medidas sejam adequadas e efetivas. Por isso, não só o acesso à informação salvará vidas, mas o quanto essa informação será transformada em conhecimentos e passará a fazer sentido para a sociedade. 

SOBRE OS AUTORES
*Taiana Jung
Gestora Técnica da Logos Consultoria
Atua há mais de 15 anos nas áreas de planejamento estratégico, pesquisa, formação e avaliação. Possui larga experiência em facilitação e mediação de eventos e formações. É Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisa Social (ENCE/IBGE), Personal Coach (Sociedade Brasileira de Coaching), Mediadora de conflitos (Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro), Especialista em Organização Espacial do Rio de Janeiro e Licenciada em Geografia (UFF). No setor público, foi chefe do Centro Social da Fundação Leão XIII. Na área acadêmica, já atuou como Professora no curso de graduação em Geografia (UERJ-FFP) e como Pesquisadora convidada do Departamento de Endemias (ENSP/Fiocruz). Compõe o grupo de orientadores do CIEDS. Atualmente, é gestora do Grupo de mulheres “Somos Empreendedoras”, com mais de 160 participantes em Niterói. Desde 2008, é sócia gerente da Logos Consultoria, na qual exerce a função de diretora técnica.
*Rui Marcos
Gestor Administrativo-Financeiro da Logos Consultoria
Possui 20 anos de experiência nas áreas de educação e ensino, planejamento com ênfase em ordenamento territorial urbano e ambiental. Conhecimentos sólidos em gestão e planejamento estratégico. É Mestre em Engenharia de Transportes (COPPE-UFRJ). Especialista em Gestão e Planejamento Ambiental (UVA). Graduado em Geografia (UFF) e Administração (UCAM). Na área de planejamento urbano foi chefe do departamento de urbanismo da Prefeitura de Niterói-RJ, sendo gestor de equipe e responsável por projetos de gestão ambiental e delimitação de áreas de preservação. No campo acadêmico foi professor da pós-graduação no Curso de Especialização em Gestão, Planejamento e Licenciamento Ambiental da Universidade Salgado de Oliveira/Niterói-RJ. Desde 2008, é sócio da Logos Consultoria, atua como diretor administrativo e implementou o modelo de gestão da empresa.

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