O papel do ômega-3 nas doenças inflamatórias intestinais

DO TEXTO:


As doenças inflamatórias intestinais (DII) dividem-se entre doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa idiopática (RCUI); sofrem influências genéticas, ambientais e imunológicas, além de impactarem negativamente no estado nutricional do paciente.

A doença de Crohn diz respeito a uma inflamação que afeta todo ou parte do tubo digestivo, pode apresentar fístulas ou abscessos adjacentes e sua característica principal é a segmentação com regiões entrepostas, ou seja, partes do intestino encontram-se saudáveis e separam-se de trechos inflamados. Na retocolite ulcerativa, por sua vez, ocorre uma inflamação difusa da mucosa que se limita à região do colón e do reto. Em ambas as doenças, os indivíduos tendem a sofrer com uma resposta descontrolada do sistema imune, resultando em uma inflamação exacerbada da região.

Além de alterações na composição da microbiota intestinal, pacientes com doenças inflamatórias intestinais necessitam de cuidados nutricionais específicos a fim de evitar o desenvolvimento de carências nutricionais e da própria desnutrição. Nesse sentido, durante a vigência das DIIs, o manejo nutricional tem por objetivo controlar os sintomas, prevenir ou minimizar a perda acentuada de peso, corrigir carências de micronutrientes e diminuir os efeitos colaterais e sequelas. Mais especificamente, os suplementos nutricionais utilizados em pacientes com a doença e, cuja indicação seja estritamente realizada por um profissional especializado, podem surtir em efeitos positivos para o indivíduo.

A literatura aponta que o consumo de certos tipos de gorduras na alimentação, como ômega-6, gorduras trans e saturadas pode estimular vias inflamatórias específicas, cujo efeito pode ser prejudicial ao sistema imune. Contrariamente, a inclusão de ácidos graxos do tipo ômega-3, como EPA e DHA, por exemplo, tende a surtir efeito protetor na mucosa intestinal, dado que inibem a produção de mediadores pró-inflamatórios que podem lesionar a parede intestinal. Embora não haja um consenso na literatura acerca da suplementação com ômega-3 no tratamento das DIIs, estudos apontam para o papel imunomodulador do óleo de peixe em indivíduos com DC e RCUI.

Tendo em vista o papel relevante do ômega-3 como agente anti-inflamatório e imunomodulador, a suplementação na prática clínica com o nutriente abre perspectivas para futuros tratamentos para as DIIs (seja na forma de suplemento ou alimento); no entanto, até o presente momento, não há uniformidade nos estudos ou evidências científicas que justifiquem sua introdução na dietoterapia dos pacientes.

*Fonte: Renato Leça, Coordenador das Disciplinas de Medicina Integrativa e de Nutrologia com Prática Ortomolecular da Faculdade de Medicina do ABC.
CRM-SP 58.672

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