Startup usa bactérias na despoluição das águas de rios e lagos

DO TEXTO:

Tecnologia foi usada pelo O2eco depois do rompimento da barragem em Mariana e poderá ser disponibilizada para o desastre em Brumadinho

A tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho não só gerou uma onda de solidariedade em todo o país, mas também colocou a tecnologia a favor das vítimas. Como fez em 2015, no acidente semelhante ocorrido em Mariana, também em Minas Gerais, a  O2eco, uma startup de São Paulo, disponibilizou seu processo de limpeza de água, que usa bactérias na regeneração de áreas poluídas de rios, lagos, lagoas, entre outros, para ajudar na limpeza das águas próximas ao local do desastre. A empresa se enquadra no 14º dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). Desde 2015, a instituição é parceira do Sebrae no fomento aos negócios de impacto social e ambiental.

Segundo Luís Fernando Magalhães, um dos quatro sócios da O2eco, o processo utilizado pela startup veio da Austrália, país onde morou por 14 anos. Hoje, a empresa tem licenciamento para fabricar o produto no Brasil. “Usamos uma placa de cera com nanominerais dentro dela para estimular a criação de bactérias saudáveis que ajudam na limpeza de lagos, rios e lagoas”, explica Magalhães. Ele detalha que com o uso da tecnologia, a produção de bactérias pode crescer de oito mil vezes para 10 milhões de vezes a cada 10 horas. “Isso faz com que o consumo de materiais orgânicos e inorgânicos seja mais rápido e, depois, com a água sem sujeira, as bactérias morrem de inanição”.

A primeira experiência da startup em um desastre ocorreu em 2015, após o rompimento da barragem de minério em Mariana. A O2eco foi chamada para fazer o trabalho no Rio Doce, que ficou contaminado pela lama projetada na água. Segundo Magalhães, o processo de descontaminação foi positivo e conseguiu, por exemplo, abaixar o nível do alumínio derramado em torno de 57% em cinco semanas. As placas utilizadas nos rios podem ter uma vida útil de até nove meses.

De origem australiana, o processo utilizado por Magalhães e seus outros três sócios também já existe em 11 países do mundo, mas não apenas para a limpeza de ambientes hídricos, como também em outras áreas. Em estações de tratamento, os meios usados são os mesmos dos rios, que é por meio da bioestimulação de microrganismos que aceleram a despoluição. Além disso, a tecnologia pode ser utilizada no agronegócio, principalmente no descarte de material orgânico. Segundo o empresário, todo o processo é feito sem produtos químicos, assim como nos tanques utilizados na aquicultura, que possuem uma densidade muito grande de animais e carga orgânica.

Sediada em São José dos Campos, no interior de São Paulo, a O2eco também é considerada um negócio social, já que seus sócios doam tratamento de água para cidades, como fez no próprio município onde está instalada, No Rio de Janeiro, a startup disponibilizou um trabalho gratuito em uma área de até 10 mil metros quadrados. “Nós temos um propósito social e ambiental”, afirma Magalhães. Segundo ele, a tecnologia da despoluição da empresa também está à disposição de escolas.

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