Pessoas mais altruístas e afetuosas tendem a ser mais empáticas, diz estudo

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São Paulo, 29 de agosto de 2018 – Certamente você deve ter ouvido falar muito em empatia, definida como a capacidade de se colocar no lugar do outro, de perceber o estado ou a condição de outra pessoa e, por meio dessa habilidade, conseguir sentir a mesma emoção.

Mas, nos últimos anos, a neurociência tem evidenciado que a empatia é na verdade uma combinação de atos conscientes e inconscientes do nosso cérebro e que depende do bom funcionamento de certas regiões cerebrais.

Um estudo, publicado na revista científica Plos One, mostrou que pessoas com traços específicos de personalidade, como altruísmo e afetuosidade, por exemplo, são mais bem habilitadas para reconhecerem os estados emocionais de outras pessoas, devido a uma maior atividade em regiões importantes do cérebro, como a junção temporoparietal e o córtex pré-frontal medial.

Outra pesquisa, publicada no Journal of Neuroscience, apontou que embora o egocentrismo seja uma característica considerada normal no ser humano, existe uma área do cérebro que ajuda a regular nosso egoísmo, chamada de giro supramarginal. Quando há pleno funcionamento dessa estrutura, por exemplo, a falta de empatia é identificada e corrigida. Por outro lado, danos nessa região reduzem de forma significativa a capacidade de se colocar no lugar do outro.

Empatia e tolerância andam juntas
Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, a empatia vai muito além da capacidade de se colocar no lugar do outro. “A primeira questão envolvida na empatia é entender que o outro é um ser independente de nós, como suas particularidades e diferenças. Assim, a empatia é quando imaginamos como seria estar no lugar do outro, compartilhamos seus sentimentos, mas permanecemos conscientes de que não é a nossa própria experiência”.

Isso quer dizer que ser empático não é imaginar o que você faria se estivesse no lugar do outro, mas sim entender e aceitar a decisão do outro para aquela questão.

“A empatia depende de uma outra habilidade, a tolerância. Aceitar as diferenças em todos os sentidos é ser empático. Precisamos levar em consideração o contexto de vida das outras pessoas, seus valores, suas crenças, sua personalidade, suas opiniões e saber interpretar corretamente cada situação e sem a tolerância isso não ocorre”, comenta Thaís.

Empatia pode ser aprendida?
Sabe-se que a empatia é multidimensional, ou seja, ela depende de conexões neuronais, assim como é influenciada pelo ambiente e pelas interações sociais. A infância é uma fase crucial para desenvolver habilidades empáticas.

“A criança deve ser ensinada a se importar com os sentimentos dos outros desde pequena. Por exemplo, se ela bate ou morde o amiguinho, é mais adequado dizer que o colega está triste porque doeu, porque lhe machucou, do que simplesmente obrigar a criança a pedir desculpas. Pedir desculpas apenas por pedir não ajuda a criança a reconhecer ou a se colocar no lugar do outro”, recomenda Thaís. 

Mas, mesmo depois da chamada “janela de oportunidade”, que se dá na infância e na adolescência, a empatia pode ser desenvolvida, segundo um estudo publicado no Journal Social Neuroscience. A pesquisa mostrou que os processos neurais podem ser modificados por meio da estimulação social e emocional, independente da idade.

“A empatia abre portas para nossos relacionamentos em todos os âmbitos, como o familiar, o amoroso, o profissional e o social. É uma característica bastante valorizada nas empresas, assim como é essencial para construir e para fortalecer nossos vínculos. E, felizmente, pode ser treinada com a ajuda da psicoterapia”, finaliza Thaís.

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