O escritor Germano Almeida, de Cabo Verde - Leandro Müller / Wikipedia
Giuliana Miranda
O escritor cabo-verdiano Germano Almeida é o vencedor da 30ª edição do Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa.
O anúncio foi feito na tarde desta segunda (21), em Lisboa, pelo ministro da Cultura português Luís Fillipe Castro Mendes.
“É um escritor que sabe rir de si e rir do mundo. É um escritor que apresenta uma visão do mundo muito crítica, mas sem ser violenta”, diz.
Germano Almeida nasceu em 1945 na ilha da Boavista, em Cabo Verde. O romancista é também advogado, licenciado em Direito em Portugal.
As obras de ficção do autor são consideradas uma nova etapa na história literária de Cabo Verde. Seu livro mais famoso —e o único publicado no Brasil até agora— é “O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo”, que rendeu inclusive uma adaptação para os cinemas.
Presidente do júri do prêmio, o brasileiro José Luís Jobim, professor aposentado da UFF (Universidade Federal Fluminense) destacou a qualidade da obra do cabo-verdiano.
“A importância do prêmio é também chamar a atenção para o mundo da literatura em língua portuguesa”, disse.
Após o anúncio do vencedor, o ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, presente no evento, anunciou que Germano Almeida lançará um novo livro no dia 7 de junho.
“Ele considera que será um grande romance. E certamente vai ter grande repercussão sob o signo do prêmio Camões”, disse.
Segundo ele, a vitória do escritor cabo-verdeano ajudará a incentivar a literatura no país, que já havia conquistado o mérito em 2009, com o poeta Arménio Vieira.
Em entrevista no domingo (20), o ministro da cultura de Cabo Verde afirmou publicamente que torcia para que Germano Almeida levasse o troféu para casa.
Ao anunciar o vencedor, o ministro português aproveitou para afirmar que as declarações do homólogo português não representavam interferência no júri.
“É uma feliz coincidência, não teve nada que ver com esse fato [as declarações do ministro de Cabo Verde]”, garantiu.
Criado 1988 pelos governos de Portugal e Brasil, o prêmio Camões tem o objetivo de contemplar um escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum.
Em nota, o ministério da Cultura de Portugal afirmou: “com este prêmio pretende-se ainda estreitar e desenvolver os laços culturais entre toda a comunidade lusófona, pelo que a este evento se associam os outros Estados de língua oficial portuguesa”.
Veja lista de vencedores do Camões em outros anos:
1989 - Miguel Torga, Portugal
1990 - João Cabral de Melo Neto, Brasil
1991 - José Craveirinha, Moçambique
1992 - Vergílio Ferreira, Portugal
1993 - Rachel de Queiroz, Brasil
1994 - Jorge Amado, Brasil
1995 - José Saramago, Portugal
1996 - Eduardo Lourenço, Portugal
1997 - Artur Carlos M. Pestana dos Santos, o Pepetela, Angola
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