Chico Buarque lança em agosto o seu 23.º álbum, 'Caravanas'

DO TEXTO:

Chico Buarque lança disco com sete músicas inéditas

"Tua Cantiga" será o primeiro tema a ser revelado até ao fim do mês. Álbum "Caravanas" está guardado num cofre para evitar "hackers" e será editado em agosto.

João Almeida Moreira 

Seis anos depois de Chico, o cantor brasileiro Chico Buarque de Holanda vai lançar o seu 23.º disco a solo, previsto para finais de agosto, sob o nome Caravanas, com sete temas inéditos e duas canções do músico já cantadas por outros intérpretes. Como habitualmente na carreira de Buarque, o lançamento da obra está envolvido em secretismo, com pequenas notas divulgadas estrategicamente a conta-gotas à imprensa e todos os registos guardados num cofre.

Tua Cantiga será a primeira das músicas inéditas a serem divulgadas ao público, em forma de single, ainda no final deste mês. Trata-se de uma parceria com o compositor, pianista e arranjador Cristóvão Bastos, de 70 anos, que é o autor da melodia, cabendo a Chico a letra. De outra inédita só se conhece o título, As Caravanas, que inspirou o nome do álbum.

As duas composições inéditas na voz de Chico mas celebrizadas por outros autores podem ser Samba para João (Chico Buarque e Wilson das Neves, 2002) e Fora de Hora (Dori Caymmi e Chico Buarque, 2013), de acordo com o colunista de O Globo Mauro Ferreira, se o autor optar por canções do século XXI.

Ao contrário do que aconteceu noutros trabalhos do artista, as gravações, que decorreram no Rio de Janeiro ao longo de dois anos em intervalos de três meses, foram sendo efetuadas à medida em que surgiam novas composições. Normalmente, Buarque ia para estúdio com parte dos temas compostos, aos quais acrescentava outros já durante as gravações. Os trabalhos foram guardados num cofre da editora Biscoito Fino para não cair nas mãos de hackers.

Os músicos que o acompanham são o habitual Luiz Cláudio Ramos, a quem compete a direção musical e os arranjos, além do produtor Vinícius França, do baixista Jorge Helder, do baterista João Rebouças e do baterista Jurim Moreira. Do projeto gráfico, sabe-se apenas o nome da autora Cássia D"Elia, brasileira radicada em Paris que já fez capas de trabalhos de Ney Matogrosso, entre outros artistas. A fotografia de capa, que incluirá o próprio Chico, será de Leo Aversa, que registou todo o processo de gravação. É possível que venha a ser divulgado um making of, como sucedeu nos seus discos anteriores Chico (2011) e Carioca (2006).

Além do interesse musical que uma produção de Chico Buarque, que completou 73 anos em junho, sempre desperta, aguarda-se com curiosidade um provável envolvimento político do autor nas composições.

Num momento de polarização aguda no Brasil entre esquerda e direita, principalmente depois do impeachment de Dilma Rousseff, as posições de Chico, que é apoiante declarado do PT, partido da ex-presidente e do também ex-presidente Lula da Silva, têm sido escrutinadas - o músico assistiu, ao lado de Lula, ao discurso de Dilma no Senado Federal nas galerias da casa em setembro de 2016.

Num recente controverso episódio, o autor de Construção e da Ópera do Malandro proibiu que a sua obra fizesse parte de um espetáculo teatral cujo autor criticou em palco Dilma e Lula. Noutro episódio, Chico foi confrontado por jovens favoráveis à deposição da ex-presidente à saída de um restaurante no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro, envolvendo-se numa ríspida discussão difundida nas redes sociais.

Considerado um dos maiores expoentes da música brasileira, Chico também é um aclamado escritor e autor teatral.

In 
http://www.dn.pt/artes/interior/chico-buarq 


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