Roberto Carlos em Las Vegas exatamente como os fãs queriam

DO TEXTO:


Roberto Carlos em Las Vegas (Sony Music), o décimo DVD o cantor capixaba, é o registro de um espetáculo para gringo ver, ou para compatriotas saudoso do País, do qual RC é uma das referências nos últimos 50 anos. Aconteceu em Las Vegas, a cidade onde pessoas de meia idade vão gastar dinheiro e se deslumbrar com o colorido das luzes artificiais, uma terra da fantasia em pleno deserto. Fantasia que implica também uma volta ao tempo em que eram todos jovens. E o Rei alimenta a nostalgia de gerações.

 Os palcos de Las Vegas são apropriados para o ocaso de grandes estrelas. Elvis Presley talvez seja o maior exemplo disto, quando estreou em Las Vegas, no International Hotel, em 1969, na sua volta aos palcos depois do sucesso do programa de TV, Elvis come back, de 1968. O insaciável coronel Tom Parker capitalizou as resenhas favoráveis, que incensavam o renascimento do Rei do Rock, para catapultá-­lo até os palcos de Vegas. Criativamente, foi um retrocesso, mas financeiramente, nunca os dois ganhariam tanto dinheiro.

 O Rei do Iê­iê­iê (foi daí que veio a coroa de RC) cantou no MGM Grand Garden Arena, um repertório, em parte, diferente do que tem apresentado nos últimos dez anos. Ciente de que o espanhol é um dos idiomas correntes em Las Vegas, logo depois que abre o concerto com a indefectível Emoções (Roberto Carlos/Erasmo Carlos) corteja o público hispânico com Que será de ti (Antonio e Mário Marcos), Detalles, Desahogo (Desabafo), e Mujer pequena (as três, da parceria Carlos/Carlos). Versões assinadas por Buddy & Mary McClueskey), que também verteram para o espanhol Um gatto nel blu (Giancarlo Bigazzi/Gaetano Savio). Esta com Canzone per te (Sergio Endrigo/Sergio Bartotti), que interpretou no festival de San Remo, são das poucas canções que ele volta a cantar num show. Acrescente­-se a elas, Aquarela do Brasil (Ary Barroso), El dia em que me quieras (Carlos Gardel/Alfredo la Pera) e In the mood for love (McHugh/Fields).

 Americanos devem estranhar a inclusão no repertório de uma canção esquecida de J.D. Loudermilk, cantor country, chamada Road hog, sucesso há 53 anos nas paradas dos EUA, e que se tornou símbolo da jovem guarda como O calhambeque.

  IMPECÁVEL

 O Frank Sinatra brasileiro, um dos epítetos do Rei, repete­se como vem acontecendo há décadas, felizmente, também nas interpretações impecáveis. "Ousadia" ­ assim como "inferno", "infelicidade" ­ , é uma palavra varrida do vocabulário de RC. Mas, conferindo­-se seus 56 anos de carreira (contando-se o primeiro 78 rotações), ousadia nunca foi a palavra preferida de RC. Uma de suas poucas transgressões, a agressiva Que tudo mais vá pro inferno, no fundo, é uma canção conformista e alienada. Em pleno alvorecer da ditadura militar, como faria até a volta à democracia, só lhe interessa seus questiúnculas pessoais, neste caso, a mulher amada lhe aquecendo no inverno de 1965, e o resto que fosse ao inferno.

 Roberto Carlos em Las Vegas é o mais do mesmo. Das tonalidades azul e branca da roupa às intervenções bem­humoradas, nenhum surpresa no repertório, exatamente o que o Rei acha que centenas de milhares de fãs queriam. O maestro Eduardo Lages rege a orquestra no tema de abertura, que emenda com Emoções. Ao cabo de mais 16 canções, RC arremata com o primeiro dos hinos de louvor ao Senhor, Jesus Cristo, de 1971 (o DVD é dedicado a Deus, Jesus e Maria)

in-http://jconline.ne10.uol.com.br
POSTS RELACIONADOS:
Enviar um comentário

Comentários