Português António Zambujo canta a renovação do fado em show na Capital

DO TEXTO:


Expoente do novo fado, o cantor António Zambujo volta à Capital para mostrar sua música conectada com influências que extrapolam o tradicional gênero português. A base do show desta quarta-feira no Teatro do Bourbon Country é o sexto disco de estúdio do intérprete de 39 anos. No álbum Rua da Emenda, fados com letras e arranjos contemporâneos convivem com temas influenciados pela morna cabo-verdiana, pela canção típica alentejana — Zambujo nasceu na região sulista do Alentejo — e pela música popular brasileira.

 — Já apresentamos esse show em Portugal e na França, o Brasil será o terceiro lugar onde vamos mostrá-lo. Serão tocadas também canções dos discos anteriores e até algumas que não gravamos, coisas que eu gosto de recuperar de música tradicional, da África e do Brasil. Será uma mistura — resume Zambujo, falando a Zero Hora por telefone desde Lisboa.

 O artista lusitano vai subir ao palco acompanhado de um quinteto, integrado por guitarra portuguesa, clarinete, trompete, contrabaixo e violão. Em Rua da Emenda, o vocalista consolida o cosmopolitismo de seu trabalho, gravando pela primeira vez em outras línguas: o álbum inclui versões de Zamba del Olvido, do uruguaio Jorge Drexler, e La Chanson de Prévert, do francês Serge Gainsbourg.

 — O mais importante na formação de um músico é escutar muita música. Ouço música quase de uma forma obsessiva, e isto influencia o que vou cantar. O Gainsbourg foi porque nossa agente na França sugeriu que gravássemos alguma coisa em francês, já que sempre nos apresentamos por lá. Quanto ao Drexler, é um músico que já conheço há um tempo, que admiro muito e com quem um dia vou fazer um trabalho mais próximo — explica o fadista.

 A música brasileira perpassa o repertório de Zambujo desde sempre: seus discos incluem participações de nomes como Ivan Lins, Roberta Sá e Zé Renato, além de gravações de compositores tão diversos quanto o venerável Vinicius de Moraes e os jovens talentos Rodrigo Maranhão e Pedro Luís. Um dos destaques de Rua da Emenda é justamente o samba Último Desejo, de Noel Rosa, em uma linda versão em ritmo de fado.

 — Se você ouvir os fados dessa época, vai pensar que nasceram para ser choros. Há uma proximidade muito grande entre o fado e as composições de Noel Rosa, de Lupicínio Rodrigues, grande compositor da sua terra, de quem eu gosto de cantar algumas músicas. Eu sou um joãogilbertiano assumido e convicto. As músicas cantadas e tocadas por João Gilberto têm muita influência no que eu faço. Foi a partir daí que comecei a me apaixonar por música brasileira — revela o cantor de voz suave.

 Zambujo tem ligações artísticas com o Rio Grande do Sul: além de um espetáculo ao lado de Yamandu Costa, com melodias do violonista gaúcho e letras do carioca Paulo César Pinheiro, o português já gravou o músico e compositor Márcio Faraco, alegretense radicado em Paris ("É um gênio, é uma injustiça o Brasil não conhecê-lo")

. Da passagem por Porto Alegre em 2013, encerrando a série Lusamérica, Canções do projeto Unimúsica, Zambujo lembra que se surpreendeu com o Salão de Atos UFRGS lotado — e confessa o desejo de bisar na Capital uma experiência gastronômica marcante:

 — Que churrasco maravilhoso comi aí! Comer boa comida e beber bom vinho nunca é exagerado.

Show de António Zambujo

 Quarta-feira, às 21h.

 Teatro do Bourbon Country (Avenida Túlio de Rose, 80, segundo andar do Shopping Bourbon).

 Ingressos: R$ 50 (galerias), R$ 80 (mezanino), R$ 100 (plateias alta e baixa) e R$ 140 (camarotes). Descontos de 50% para sócios do Clube do Assinante nos primeiros cem ingressos e de 10% nos demais. À venda na bilheteria do teatro e em pontos de venda.

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