Extremos de Alma

DO TEXTO:

Leonardo da Vinci

Quando corre desperadamente sem dar ao menos um passo, é quando mais se aprofunda em direção à superfície da alma. Quanto mais perto aproxima a sua visão, mais longe consegue enxergar o nada.


A sua hipermetropia sobrepõe-se à miopia de sua alma. Talvez, se um olhasse para o outro, pudessem contemplar a inefável clareza de si mesmos. Não há meio termo. No "meio", é onde as mais insólitas buscas se findam. O "meio" nada mais é que a ignorância em pessoa. Uma pessoa equilibrada, sensata e amena. Ou seja, apenas uma pessoa. As almas. Estas nunca ficam no "meio". São como (pessoa + X), com X tendendo ao infinito e ao "in"início. As almas são inquietas, perscrutadoras e caóticas. Nós, nada mais somos que almas disfarçadas de pessoas.

Um disfarce perfeito. Disfarce em padrões. Padrão de tempo, de espaço e de conceitos. O que seriam das almas sem as pessoas? Bem aventurados os despersonificados. Mais próximos estão de suas almas. Mais bem aventuradas ainda, as almas. Mais longe estão de suas pessoas. Mas o que seria das almas sem as "personas"? Como poderiam simular tão ampla gama de situações-conhecimento? A personificação é a oportunidade das almas de passearem pelo mundo-ilusão. O nosso mundo fictício de realidades forjadas e fruto de nossos limitados sentidos. Por outro lado, a alma é a oportunidade das pessoas de passearem pelo mundo-universo. O mundo fruto dele em si mesmo, onde as respostas não existem pois não há perguntas.
E não há sequer uma pessoa-alma. Não se trata de "meio" termo. A pessoa, nada mais é que a "persona" da alma. Os que estão em processo de despersonificação vislumbram uma veemente fusão progressiva com o mundo-universo. Os padrões, ligados umbilicalmente às pessoas, desintegram-se paulatinamente. As inquietudes diminuem, não por terem as almas encontrado respostas, mas por estas não serem mais necessárias. O padrão de dicotomia dúvida-resposta é substituído pelo conhecimento "unus" e "totus". Único, mas não uniforme ou equilibrado. Caótico sim. O caos é a inquietude e a resposta ao mesmo tempo.
Bem aventurados os extremos de alma, que ao serem alma, tornam-se extremos opostos de si mesmos. Nada buscam. Nada conseguem. Nada possuem. Simplesmente, não são "meio".

Roger Daglius Dias
Tácito Caos 




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9 Comentários

Comentários

  1. Excelente matéria sobre a alma e o invólucro que somos.

    E eu que desde que nasci até aos 23 anos morei na Travessa das Almas, era um delas, mas nunca tinha pensado no assunto nos termos que Roger Daglius Dias aqui apresentou.

    Maravilha!!!

    Grande abraço.

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  2. Bom dia.
    Sem problemas quanto à postagem do vídeo.
    Abraços!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Ilustres Navegantes,

    No meu entendimento, hoje, penso que ele quiz dizer em sua primeira frase do texto, que quando nos introjetamos ao imo do ser, estaremos adentrando a nós mesmos, em pensamentos ou talvez mesmo em nossa própria realidade. E aí, quanto mais nos aprofundamos de nós mesmos, não estamos conseguindo nos exergar, face a nossa dificuldade de conhecimento e, sobretudo, de não sabermos, ainda fazer nossa própria autoanálise.

    "Olhar um para o outro", seria, no meu entender, que eu com a minha experiência de vida-manifestada, devo conseguir ver-me com clareza e nitidez, para então auferir beneficios na busca verdadeira do "que sou eu mesmo?".

    Uma realidade então, se descobre, quando na medida em que ele coloca: " Nós, nada mais somos que almas disfarçadas de pessoas", entendendo aqui, eu, que ele explicitou aí o processo em que o Espírito necessita se "disfarçar" para sua manifestação, neste "mundo-ilusão", que ele acabou de citar.

    Entretanto, assim entendo, que é neste patamar em que se nos vislumbram agora, como almas personificadas num processo de despersonificação, que, como ele mesmo disse: " ...as inquietudes se diminuem, não por não terem elas(as almas) encontrado suas respostas, mas por estas não serem mais necessárias", que entendo, que é justamente o que se reflete em nós todos, neste
    atual processo evolutivo porque passamos.

    " Bem aventurados os extremos de alma, que ao serem almas, tornam-se extremos opostos de si mesmos", deixou-me entender que o caminho este, é que é o certo e necessário, qual seja, que eu(Espírito) tenha sempre o propósito de ao manifestar-me, possa conseguir olhar pra mim mesmo(alma), tornando-me um ser equilibrado, moral e intelectualmente, indo de encontro ao Infinito Perfeito, ou melhor, ao Grande Foco Luminiso, que se reflete de mim mesmo.

    Róger é meu afilhado, a quem muito comprazo!

    Um abraço à todos!

    Botari

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  5. Prezada Marília Bahr:
    Quando publicamos o vídeo foi mesmo sem problemas, pois que se não sabe, fica agora a saber que os vídeos que estão no Youtube são públicos, sejam da autoria desta ou daquela pessoa, não sendo preciso pedir autorização a ninguém para os publicar.
    Cordialmente,
    Armindo Guimarães

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  6. Sim, Armindo Guimarães eu sei.
    Deixo alguns p/ compartilharem.
    Apenas respondi porque recebi email, abri o site, senti vontade de acrescentar algo e acredito nas gentilezas que geram outras gentilezas.
    Gentilezas de Alma.
    Quando quiser ou puder aqui vai um blogspot que fiz para minha Mãe.
    Existe muita poesia nele.
    http://www.alzheimeruniversodememorias.blogspot.com.br/
    Abraços

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  7. Prezada Maria Bahr:
    Muito obrigado pelo seu comentário.
    Já fui dar uma olhada no blog. De facto, constatei que havia muita poesia (e boa) nele, mas a poesia que mais me tocou e que os meus olhos acusaram foi precisamente o facto de pela primeira ter visto um blog dedicado a uma mãe, no caso, à sua mãe.
    E não há poesia melhor do que essa!
    Sou Seguidor do
    http://www.alzheimeruniversodememorias.blogspot.com.br/

    e vou aconselhar outros a seguirem.
    Os meus parabéns e um grande abraço!

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  8. Agradeço Bottari e Guimarães.

    Armindo
    Coincidentemente escolhi o mesmo vídeo p/ descrever o meu perfil e de minha Mãe.

    Em tempo: Gostei muito do site Splish Splash.

    Abraços!!
    Marília Bahr

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  9. Amiga Marília:
    As almas boas sempre se encontram!
    :)
    Abraço

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