Roberto Carlos também reina por aqui

DO TEXTO:

O Rei na escola de samba Beija-Flor


Sorocaba reivindica a primazia de ter produzido o primeiro programa radiofônico dedicado exclusivamente ao repertório de Roberto

Por José Antonio Rosa
Mais Cruzeiro

Roberto Carlos pode ser considerado o que os teóricos de comunicação chamam de "gerador de mídia espontânea". Dificilmente, alguém deixa de saber novidades a respeito da vida pessoal, da trajetória artística, de cantarolar ou de pensar em alguma das músicas do seu vasto repertório. Hoje, promete ser mais um desses dias. O "rei", como é chamado, chega aos 70 anos mantendo a mesma sintonia com a legião de fãs que, há muito tempo, ultrapassou à marca de um milhão de amigos que ele, nos idos de 70, desejou ter.

O próprio Roberto, no entanto, não deverá comemorar a data. Ainda abalado com a morte da enteada Ana Paula, cancelou o show que faria amanhã em Vitória e, conforme assessores, ficará longe das badalações e dos holofotes. O show será realizado no próximo dia 4 de junho, no mesmo local, o ginásio Álvares Cabral, informou a produção do cantor. Os ingressos continuam valendo para a nova data. Quem preferir a restituição do valor deve procurar, a partir de sábado, o mesmo ponto de venda onde adquiriu o bilhete. Para os ingressos comprados pela internet ou pelo telefone, o reembolso deve ser feito pelo SAC (4003-1212) ou pelo e-mail sac@ingressorapido.com br.

Em Sorocaba, onde realizou algo em torno de 10 apresentações ao longo da carreira, alguns de seus admiradores falaram, a pedido do Mais Cruzeiro, do ídolo. Cabe lembrar, de início, que a cidade reivindica a primazia de ter produzido o primeiro programa radiofônico dedicado exclusivamente ao repertório de Roberto. Coube ao comunicador Salomão Pavlovsky criar, na década de 70, na Rádio Vanguarda AM, o "Roberto Carlos Especial", atração que, durante anos, foi apresentada na hora do almoço. Hoje, a emissora dedica duas produções ao artista: "Alto Astral com o Rei", levada ao ar das 8h30 às 9h, e o especial transmitido aos sábados e domingos das 18h às 19h.

"Roberto é uma instituição, o maior artista popular do Brasil. Não bastassem esses dois programas, todos os dias tocamos canções dele na nossa grade. E o público sempre pede mais", comenta o coordenador artístico da emissora, Maurício Babu. Outra lenda (que muita gente garante ser verdadeira) que envolve a figura de Roberto Carlos e a história local, dá conta de que ele, ainda um aspirante ao estrelato, apresentou-se, aqui, no circo do Índio Ordep. Testemunha do episódio, o jornalista Alcir Guedes Ribeiro, já falecido, costumava compartilhá-lo com amigos. Roberto foi observado enquanto cantava no picadeiro pelo contratante da época que, em tom de profecia, sentenciou: "Esse rapaz ainda vai fazer muito sucesso na vida".

Alcir levou o cantor até a Rádio Cacique para uma entrevista e o diretor da emissora deu pela falta de público. Sugeriu que o repórter saísse à rua e chamasse "algumas moças" para criar a ideia de que se instalava, ali, um certo tumulto, ou algo parecido. Alcir Guedes lembrou que, em frente da Cacique, moravam duas moças solteiras e bateu à porta da casa. Nenhuma, entretanto, quis participar da encenação. Consta que, hoje, são duas das maiores fãs de Roberto Carlos. Artisticamente, Roberto assina, com certeza, uma das páginas da história da música popular. "A ele pode ser creditada a existência do pop brasileiro", lembra o cantor Eraldo Basso, referindo-se às gravações dos anos 60 e 70.

"Ninguém faz tanto sucesso impunemente. Ele flertou com a bossa-nova, como relata o Nelson Mota em "Noites Tropicais", mas, também, desenvolveu um estilo próprio, trouxe o rock, um pouco da soul music", ressalta Basso. "Vira e mexe a gente se surpreende assobiando coisas do Roberto. Eu já gostava dele antes, mas há 20 anos, quando soube que ele compôs "Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos", para Caetano, meu ídolo, passei a admirá-lo muito mais. Ele influenciou toda uma geração, tem regravações belíssimas. A ele, nossas homenagens", comentou o produtor Carlos Madia. Quem também acompanha e gosta de Roberto Carlos, é a cantora Marcia Mah. Ela destaca o trabalho de interpretação do artista. "Ele canta com sentimento, passa essa coisa verdadeira, especial mesmo, própria de quem vive o tal "momento lindo", de que tanto fala".

Sorocaba conta, ainda, com um dos muitos sósias de Roberto Carlos. Há mais de quinze anos, o empresário Guimarães encampou a missão de interpretar e se caracterizar como o ídolo. Já gravou até um DVD com as canções dele e, numa performance realizada na edição de 2007 da Expoliterária, chamou a atenção do jornalista Paulo César de Araújo, autor da polêmica biografia do cantor. "É incrível a semelhança entre eles", testemunho Paulo César na ocasião. Guimarães não gosta de ser chamado de "cover"; diz que é "muito parecido com o original". Da quase uma dezena de vezes em que aqui esteve, Roberto teve dois dos shows produzidos pelo empresário João Caramez. "É um artista até simples, apesar das manias, das superstições. É o único que vem com o camarim pronto. Traz tudo para o local onde vai se apresentar, até a água mineral".

Caramez lembra de passagens curiosas, mas cita uma que, particularmente, o comoveu. Ao final de um show, Roberto decidiu que não falaria com a imprensa. Estava tudo acertado para que fosse embora, quando o pedido de uma menina o fez pensar melhor. "Acho que ele ficou sensibilizado porque a garota ia fazer um trabalho para a escola, e demonstrou boa vontade. Eles conversaram durante uma hora sobre as músicas de que ele mais gostava e outros assuntos. Foi bonito." A última apresentação em Sorocaba já tem cinco anos, mas Caramez tem mantido contatos com a produtora do artista para trazê-lo novamente à cidade. "Roberto faz, hoje, mais shows institucionais. Mesmo assim, estamos negociando uma data. Pode ser que ele venha, sim".



















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