Conhecer um pouco da interioridade

DO TEXTO:




Por: Carlos Alberto Alves
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Quando cheguei ao Brasil, parti do aeroporto Galeão com destino a Carmo, uma cidade com vinte mil habitantes. No hino da cidade, uma parte onde se canta "ó Carmo cidade bela, ó terra onde nasci". Para mim, óbvio, a cidade onde eu vivi. Em apenas quatro meses, prezo-me de ter sido "persona grata"

para a população que muito me acarinhou pelo facto de eu ser português. Mais tarde, foi a minha filha que, junto de mim, sentiu o perfume dessa mesma hospitalidade dos carmenses. Em Carmo, apenas me faltou o cheiro do mar, da praia, que tanto adoro. Mas valeu a pena, porque, a partir de Carmo, conheci outras cidades vizinhas, nomeadamente Além-Paraíba (já pertencente ao Estado de Minas Gerais), Prata, Floresta, Cantagalo, Cordeiro, Bom Jardim. Aqui, tudo tranqüilo. Aqui, a mesma hospitalidade, a mesma ternura dos brasileiros, muitos deles com raízes portuguesas. É sabido que, no Brasil, existem várias gerações de países europeus, africanos, asiáticos, sul-americanos, isto quando havia muito para explorar do filão que Deus colocou à disposição deste povo. Ainda hoje, parte do filão existe, mas a ser desviado pelos corruptos que abundam no país, maior incidência na classe política. Dizem (eu confirmo) que é aqui que estão os maiores ladrões. De resto, a instabilidade do Brasil também passa, claramente, pelo que já escrevemos diversas vezes: tristemente, muita gente inocente já foi assassinada, inclusive jovens na flor da idade. O mundo é pequeno, facto que fui constatando ao longo dos tempos, basicamente por ocasião das minhas viagens ao estrangeiro – maior incidência aos Estados Unidos e Canadá -, onde encontrei velhos amigos de infância e conhecidos das minhas lides jornalísticas, todos eles emigrados para os países do dólar em busca de melhores condições de vida. Em Carmo, esse estigma surgiu quando, um belo dia, deparei com a figura de Paulo César, que tive o privilégio de admirá-lo, em 2001, durante a minha passagem por Coimbra e o Paulo, nesse período, jogava na Associação Académica de Coimbra, então orientada por João Alves. Identificamos-nos com a versão "Coimbra, menina e moça, rouxinol de Bernardino", uma velha balada dos estudantes que por ali passaram nos tempos de outrora. É que, em Portugal, Coimbra abarca muitas universidades, daí que, na época de férias, a cidade fica deserta, mais parecendo uma vila. O futebol e os estudantes é que transmitem, na realidade, grande movimentação, o que até se compreende em função do elevado número de universidades. Acresce, pois, que Paulo César, menino bonito de Carmo pelo facto de ter ido jogar futebol para Portugal, esteve sempre presente durante a minha permanência na "cidade bela". Foram quatro inolvidáveis meses. Carmo ficou no meu coração. Terra de gente boa. Valeu a pena. Lá deixei muitas amizades. De Carmo, obviamente, guardo gratas recordações. Mudando um pouco a letra do seu hino, direi: "ó Carmo, cidade bela, ó terra, onde eu vivi". O hino diz, para os carmenses, "ó Carmo, cidade bela, ó terra, onde eu nasci".
 



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