Marco Camargo conta sua história com Roberto CarlosFabian Chacur, do R7
Foto por Arquivo pessoal
Na foto, de 2006, temos Marco Camargo, Dudu Braga (o filho de Roberto Carlos) e o próprio Roberto. Marco segura e exibe orgulhoso em suas mãos o troféu Grammy que ganhou graças à produção que fez para o Rei em 2005.
Boa parte dos produtores musicais do Brasil tem um sonho. É produzir Roberto Carlos, que o país inteiro chama pelo apelido de Rei. E Marco Camargo, o jurado bravo do programa Ídolos, exibido pela Rede Record, também tinha esse sonho. Dá para acreditar que ele foi convidado a assumir essa função pelo próprio Robertão? Ele, que também é o diretor musical da Rede Record, nos conta tudo em entrevista exclusiva.
Todo produtor quer trabalhar com o Roberto Carlos e você foi convidado pelo próprio Rei. Uma honra! Como foi que isso aconteceu?Marco Camargo - Há uns dez anos eu estava em casa à noite e atendi o telefone. Era tarde, por volta das 23h. Falaram que era do escritório do Roberto Carlos e que o próprio queria falar comigo. Cheguei a pensar que era um trote, que poderia ser algum amigo meu querendo me sacanear (risos). Mas resolvi pagar o possível mico e fui adiante. Aí, o Roberto falou que estava acompanhando o meu trabalho, que admirava o fato de eu usar elementos modernos, mas sem perder a visão convencional, sem deixar a emoção de lado. E me convidou para a gente conversar após um show que ele faria no Olympia, em São Paulo.
Depois de desligar o telefone você tinha certeza de que tinha falado de verdade com o Rei ou ainda rolava uma dúvida?
M. C.- No começo sim mas aí pensei em tudo o que aconteceu comigo no caso do Dizzy Gillespie, dez anos antes e vi que eu não tinha o direito de duvidar de nada. Aí, alguns dias depois, chegaram as credenciais para o show e não dava mais para duvidar. Quando acabou o show fui para o camarim, conversei com ele e ele me convidou para ir ao Rio. Meu caro, não consegui dormir! (risos) Lembro que peguei a primeira ponte aérea e cheguei no estúdio dele bem cedo, umas oito da manhã. Lá, conheci o Mauro Motta, o cara que trabalha há anos com o Rei, que sabe tudo sobre ele. E aí começamos a trabalhar juntos.
O que você já fez até hoje com o Roberto e o que já saiu?
M. C. - Na coletânea 30 Grandes Sucessos saiu a música Todas as Nossas Senhoras, a primeira em que trabalhamos juntos. Ele tem desenvolvido, desde que a gente começou a trabalhar juntos, o projeto de um disco composto por repertório da música sertaneja moderna. Temos dez músicas prontas. Duas delas, Arrasta Uma Cadeira (com participação do Chitãozinho & Xororó) e Índia, acabaram entrando no disco que ele lançou em 2005 e graças a elas, ganhei o troféu Grammy como melhor produtor em 2006, um dos grandes momentos da minha carreira.
Como é o seu relacionamento com o Roberto?
M. C. - Ótimo. Vou te dar dois exemplos de como ele é bom comigo. Produzi uma versão de Nossa Senhora com os músicos do Roupa Nova fazendo a base instrumental e com a participação de grandes nomes da nossa música que queriam homenageá-lo, no momento em que a Maria Rita, a mulher dele, estava muito doente. Levei para ele, que ouviu, acabou participando e me autorizou a lançar pela minha gravadora, a Captain Music. Vendemos umas 500 mil cópias, e isso porque foi em tiragem limitada. Senão, teria vendido ainda mais.
Você também produziu o CD Paz do Padre Marcelo Rossi só com músicas do Roberto Carlos. Como surgiu a idéia para a gravação desse disco?
M. C. - Esse é o outro exemplo da generosidade do Roberto para comigo. Eu dei a ideia para o Padre Marcelo de que ele gravasse as músicas do Roberto e Erasmo Carlos. Como o Padre Marcelo doa os direitos dele para fins beneficentes, achei que poderia ser possível o Roberto liberar, algo que ele nem sempre faz. Conversei com ele, que me deu a autorização logo de cara. Esse disco vendeu mais de um milhão de cópias e graças a ele, ganhei meu primeiro Grammy como produtor.
R7 -------------------------------
Carmen AugustaColaboradora do Splish Splash
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