Música e dança de Portugal: Póvoa de Varzim

DO TEXTO:



Por Juliana Queiroz Flôres
*
Universidade Federal Do Rio de Janeiro



Introdução às Músicas do Mundo


Música e dança de Portugal: Póvoa de Varzim


Existem diversas maneiras de se reconhecer determinado lugar ou região ou país. Seja pela sua bandeira, idioma, moeda, pontos turísticos, entre outros. Mas talvez o que marque de fato a característica de cada lugar no mundo são suas manifestações populares.

Veremos a seguir no presente trabalho as manifestações culturais de Povoa de Varzim, uma cidade que se situa na região do Porto em Portugal. Analisaremos suas características por meio de sua dança folclórica e música.




Póvoa de Varzim é uma cidade portuguesa localizada no extremo noroeste da província do Douro Litoral no Distrito do Porto. Possui diversas fontes de renda tendo como destaque a pesca e a agricultura que permitiram o desenvolvimento da cidade e a inspiração para suas músicas e danças.

A Música de Póvoa de Varzim


O gênero mais conhecido no Douro Litoral é a Chula, é uma dança popular geralmente cantada em festas ou trabalhos coletivos. Os instrumentos mais conhecidos são a viola amarantina (de Amarante), o violão, o tambor, os ferrinhos e rabeca ou bandolim.

Algumas das músicas mais populares são:

- Torradinhas
- Vila Poveiro
- Poveirinha
- O mar enrola na areia

Uma das músicas mais tradicionais demonstrada nesta transcrição abaixo é O mar enrola na areia, na gravação apresentada possui uma guitarra portuguesa solando na introdução, tendo também a presença de uma sanfona e tambor fazendo a marcação rítmica que é ternária.

Os instrumentos acompanham uma voz feminina que canta a seguinte letra seguindo de sua transcrição:

O Mar Enrola Na Areia

O mar enrola na areia

Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

Até o mar é casado, ai
Até o mar tem mulher
É casado com a areia, ai
Pode vê-la quando quer.

Até o mar é casado, ai
Até o mar tem filhinhos
É casado com a areia, ai
E os filhos são os peixinhos.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

Ó mar tu és um leão, ai
A todos tu queres comer
Não sei como os homens podem, ai
As tuas ondas vencer.

Ó mar que te não derretes, ai
Navio que te não partes
Ó mar que não cumpristes, ai
O que comigo tratastes.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

Ouvi cantar a sereia, ai
No meio daquele mar
Tantos navios se perdem, ai
Ao som daquele cantar.

Até o peixe do mar, ai
Depenica na baleia
Nunca vi homem solteiro, ai
Procurar a mulher feia.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.

O mar enrola na areia
Ninguém sabe o que ele diz
Bate na areia e desmaia
Porque se sente infeliz.


A Dança: Grupos folclóricos

Os tipos de dança suas características e como são executadas diferem de cada região.

A dança do Minho, por exemplo, é o Vira e apresenta várias modalidades como: Gota (Penso), Vira Minhoto, Chula Minhota (Vira do Norte), Fandango.

Já no Douro Litoral são Viras e malhões de várias modalidades: Chula Rabela (Barqueiros), o Regadinho, a Cana-Verde, o Vira da Régua (que é uma chula), o Serra (nas terras da Maia), a Rolinha (Póvoa de Varzim).

Os aspectos da vida cotidiana são representados na forma de dançar e de se vestir, os povos da beira mar exibem danças mais vivas e seus trajes são típicos de um pescador poveiro com tecidos de lá que são mais resistentes à corrosão do sal na água e sempre de cor branca que indica a proximidade do mar e das areias, pois o trabalho da terra não permite o uso de tonalidades claras e o sal mancha as cores escuras.

Diversos grupos apresentam a dança tradicional portuguesa, a de Póvoa de Varzim é representado pelo Rancho da Casa dos Poveiros.

A advogada Kátia Regina Flores participou de dois grupos folclóricos, a da Casa dos Poveiros e do Ranho Folclórico Luiz de Camões esse já representando outra região do Minho e conta de sua experiência nesta entrevista:

Como surgiu a iniciativa de participar dos grupos de danças folclóricas portuguesas?

R - Surgiu quando eu tinha por volta dos meus 14 anos, durante apresentação de um grupo folclórico em Niterói, do qual eu gostei e pedi aos meus pais que me levassem aos ensaios. O meu primeiro contato foi com o Grupo Folclórico da Casa dos Poveiros, que fica na Tijuca – RJ. Lá aprendi não só dança, mas muito da cultura portuguesa, principalmente da região da Póvoa de Varzim. Fiz grandes amizades e comecei a conhecer a cultura de meus pais e avós.

Como eram os grupos? Conte sobre a formação?

R - Cada grupo folclórico tem suas próprias características, ou seja, sua formação varia muito em função da região que está representando. Nosso grupo, como representava a Póvoa de Varzim, que é uma cidade portuguesa do distrito do Porto, Região Norte e sub-região do Grande Porto, situada numa planície costeira arenosa, a sul do Cabo de Santo André, a meio caminho entre os rios Minho e Douro. Trata-se de uma localidade simples, que tem como fonte de renda a pesca e o pastoreio. Quem nasce em Póvoa de Varzim é chamado de Poveiro. Nossas festas eram as festas típicas da região, como por exemplo, a festa do milho rei, entre tantas outras que fazem parte da cultura portuguesa. O grupo é sempre formado por casais, geralmente com 10 ou mais pessoas, além de músicos e seus instrumentos (sanfona, acordeom, triângulo, guitarra portuguesa, bumbo) e a cantora.

Como a participação do grupo influenciou sua vida?

R - A participação influenciou muito minha vida pessoal. Passei a conhecer melhor a cultura de meus antepassados, que eu sempre gostei muito, e a vivenciar o dia-a-dia da cultura por meio das festas, dos ensaios do rancho folclórico e da troca de conhecimentos com outros ranchos, que me foram de grande valia. Eles me ensinaram que a raiz é tudo, mesmo distante de suas terras, os portugueses procuram manter seus hábitos, costumes e sua cultura, e, assim manter suas tradições, o que nós brasileiros raramente, ou em nenhum momento, fazemos.

Como estes grupos se mantêm?

R - Os grupos são patrocinados pelas Casas Portuguesas, que dão as roupas, comida e transporte para as apresentações.

Nas fotos abaixo se pode ver a diferença das regiões:

1. Kátia Regina Flôres, minha tia, com traje da região do Minho
2. Traje de poveirinha (roupa mais clara)
3. Grupo folclórico com Roberto Leal
4. Guitarra Portuguesa
5. Juliana Flôres com a guitarra portuguesa do seu bisavô Flôres








Rancho Poveiro – Póvoa de Varzim, cantando e dançando "O mar enrola na areia".





Grupo Raízes de Portugal da Casa dos Poveiros de São Paulo, cantando e dançando
"Cana verde" de Correlhã - Ponte de Lima.



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*Amiga do Splish Splash.
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7 Comentários

Comentários

  1. OLà Mindo! muito bom saber que no Brasil ainda existem grupos de rancho folcoloricos que praticam as dansas tradicionais do nosso pequeno grande Pais e sobre tudo de là pertinho da nossos terras.Abraços

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  2. É isso, pá!

    E a nossa amiga Juliana está de parabéns pelo excelente artigo que nos apresentou.

    Felizmente que ainda há muita malta que em Portugal e por esse mundo fora onde onde existem comunidades portuguesas, que entra para os ranchos fazendo da dança um passatempo. Aqui em Portugal vejo muita malta jovem nos ranchos o que é de louvar na medida em que assim se preserva a nossa cultura.

    No entanto, ao pesquisar na net verifiquei que raras são as fotos de ranchos e raros são os vídeos de jeito e então escritos sobre este e aquele rancho ou sobre este e aquele traje, conta-se pelos dedos de uma mão.

    Isso significa que já não existe um Pedro Homem de Melo como antigamente que era um gosto vê-lo na TV falando sobre a matéria.

    Olha, pá! Se eu não tivesse estado tantos anos na faculdade a queimar as pestanas para tirar o canudo de Robertologia Aplicada e Ciêcias Afins, quem se especializava no estudo sobre o Folclore Português e não só, era eu!

    Mesmo assim, ainda vou pensar no assunto, quem sabe fazendo parceria com a Ju. eheheheheh

    A propósito, não posso deixar de terminar este meu comentário sem felicitar o excelente trabalho da Juliana e de agradecer o facto de ter autorizado a publicação no Splish Splash.

    Grande abraço, pá!

    Ah! Ó Manel, gostaste do "Mar enrola na areia"? Já não ouvias essa música há quase 500 anos, não?

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  3. Ora, pois! Que artigo do carago, pá!

    Concordo com o Armindo, excelente o artigo apresentado pela Juliana. A união Brasil-Portugal traz cada vez mais coisas interessantes para nós aqui na história do "Splish Splash".

    Beijos pra ela e abraços aos demais amigos deste espaço virtual,

    Vinícius Faustini

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  4. Ola querido Armindo.

    Puxa meu trabalho ficou mais bonito ai no Splish Splash,que chique rsrsrs.

    Amei ficou muito bonito e que bom que gostou.Acho que foi mais que um trabalho mas uma forma de homenagear meu bisavô Antonio Ferreira Flôres que eu chamava carinhosamente de vovô Flôres.

    Um beijo grande Armindo e para todos os frequentadores do Splish Splash

    Juliana Flôres

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  5. Olá Juliana Flores!!!

    Faz tanto tempo que a gente não se fala não é?

    Vim aqui prestigiar o teu trabalho muito bem feito e com toda dedicação de uma menina inteligente e esforçada como você sempre foi em seus estudos.

    Bastante interessante o teu post, pois ele é muito abrangente, como fala de música mundial na parte introdutória e da dança e música de Portugal que ainda preservam essa tradição cultural que para muitos deixam ao esquecimento.

    Que coisa boa você ter parentes em Portugal, o seu avô não é? Tenho vontade de conhecer vários países da Europa, pois são pertinho uns dos outros como são os nossos Estados nordestinos.

    Mas tem aquele que muito adimiro que é Portugal, pois além de pertencermos as suas origens, tem muita coisa linda pra se ver e encontrar com os amigos que temos aí como o Armindo, a Dina, A Miriam do Mar, a Carla Sousa e outros que agora não estou lembrando e outros conhecidos do Brasil que moram aí e etc.

    Vou te parabenzar pelo excelente trabalho. Esqueci de falar das fotos e a sua em especial, está muito bonita com esse violão ou viola, e a montagem do Armindo também está fixe! Ele sempre faz o melhor que pode.

    Beijos grande!

    Mazé Silva.

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  6. Olá Juzinha!

    Mas a minha neta fez um trabalho e tanto!
    Excelente como disseram os amigos, e eu também digo o mesmo.
    Essa menina em si só já e excelente.É um exemplo a seguir.
    Estudiosa, trabalha muito, faz tanta coisa que nem sei como cabem todas dentro do dia...

    Parabéns minha neta.

    Beijos,
    Carmen Augusta

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  7. Ola Armindo!!!!

    To vindo aqui pra dar um oi pra duas meninas que eu adoro:

    Mazé:
    Que bom que gostou,saudades de você.Um beijo grande

    Vovóoooooooooo Carmem!!!!
    Um beijo grande pra senhora também sabe que aprovação de avó é muito importante né,que bom que gostou também.Bjs

    Armindo um beijo grande pra você e a todos desse espaço maravilhoso!!!

    Juliana Flôres

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